CAs do IFSP organizam saídas de campo não realizadas por falta de verbas

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Após cortes na educação no governo Bolsonaro, estudantes do IFSP organizam atividades de campo para suprir o corte das viagens de campo e visitas técnicas.

CAGEO IFSP e CATTC IFSP | São Paulo


EDUCAÇÃO – Durante o governo Bolsonaro os cortes sobre as verbas da educação foram intensificados, tendo inúmeras consequências. Uma delas foi o corte das viagens de campo e das visitas técnicas, que não puderam ser realizadas pela falta de orçamento nos campis espalhados pelo Brasil.

Sem ter como pagar as diárias aos motoristas e o combustível, os ônibus ficaram destinados ao acúmulo de poeira nas garagens. Os funcionários se mantiveram executando apenas questões administrativas e os Projeto Pedagógico de Curso (PPC) não eram cumpridos em sua totalidade.

Uma das alternativas que foi encontrada de forma paliativa foi as saídas de campo realizadas na cidade de São Paulo e nos municípios limítrofes no segundo semestre de 2022 e que se mantém para este ano de 2023. Isso, entretanto, é insuficiente para a formação de futuros profissionais.

O Centro Acadêmico da Licenciatura em Geografia (CAGEO) em parceria com o Centro Acadêmico do Turismo (CATTC) do Instituto Federal de São Paulo realizaram uma visita técnica em Paranapiacaba para mostrar como estas atividades são essenciais para a formação dos estudantes.

A atividade prática na formação acadêmica

A atividade foi organizada pelos próprios alunos promovendo um roteiro com uma visita pela Vila, passando pela igreja do Bom Jesus de Paranapiacaba, pelo Museu Ferroviário e pela Cachoeira. Os estudantes realizaram uma atividade de análise do relevo da Vila e uma vivência mediada pela Associação Brasileira de Bruxaria.

“Na visita foi possível ver na prática o que é estudado em sala de aula, com o conhecimento sendo compartilhado entre os alunos, num espaço onde cada um teve a oportunidade de adquirir um pouco do conhecimento trazido pelos colegas. Não apenas do próprio curso, mas o conhecimento do outro curso, levando ainda mais repertório para a atividade e, dessa forma, acrescentando na formação de cada um”, disse Pedro Oliveira, organizador pelo CATTC.

E continua: “Paranapiacaba foi o primeiro lugar que resolvi ‘turistar’ por conta própria. Moro na periferia do Extremo Sul de São Paulo, em Parelheiros, e lá temos pouco acesso a atividades turísticas e culturais. Quando descobri a existência de Paranapiacaba chamei duas primas, pegamos três horas e meia de transporte público e passamos o dia na Vila.”

“Foi uma experiência única e que abriu muito a minha mente de como eu, mesmo nascendo na periferia, tenho direito de acessar esses espaços”, complementa.

“Quando o CAGEO disse que estava com um projeto com o CATTC para visitar a vila eu senti que precisava me envolver e levar o máximo de moradores da periferia possível, para que eles sintam o mesmo que senti quando visitei pela primeira vez. O primeiro campo foi um sucesso e pretendo fazer outros ao longo do ano!”, disse Marcelo Lima, organizador pelo CAGEO.

A visita com duração de 7 horas reuniu cerca de 25 participantes, dentre eles estudantes dos cursos de Geografia, Turismo e Análise e Desenvolvimento de Sistemas, além de amigos e familiares dos estudantes de diversas regiões de São Paulo.