A Bahia é o estado mais negro do país e é também um dos campeões em índices de morte por arma letal principalmente pela Polícia Militar que tem como principal alvo a população periférica, pobre e negra. Juliana Alves* | Salvador
LUTA POPULAR – No início da noite de hoje, exatamente às 17h50, o trabalhador da construção civil Antonio Serato de Assis, 54, foi atingido a queima roupa por três balas da PM quando subia as escadarias à caminho de sua casa no bairro de São Gonçalo, em Salvador (BA). Moradores do bairro encontraram Antônio ensanguentado no chão. Familiares e amigos relataram que não foi prestado nenhum socorro e que a própria família fez o transporte de Antônio até o hospital.
A população indignada com mais um episódio de violência contra os seus decidiu atear fogo em dois locais da rua principal do bairro, impedindo de veículos passarem pelo caminho em protesto contra a violência.
Ao sair de casa para ir ao mercado, logo percebi uma movimentação diferente na rua, com o ônibus parado e quase cem pessoas gritando de indignação pedindo justiça pela vida do trabalhador. Logo conversei com duas pessoas que estavam desde o início da covardia, e me solidarizei construindo a manifestação confeccionando os cartazes para apoiar a manifestação.
A Bahia é o estado mais negro do país, e é também um dos campeões em índices de morte por arma letal, principalmente quando vem da Polícia Militar. No início do ano o Jornal A Verdade também denunciou mais uma das dezenas de assassinatos covardes cometidos pela PM-BA ao matar dois jovens negros às vésperas da comemoração de Natal em outro bairro periférico de Salvador.
Estamos cansados de viver uma vida de medo, de insegurança, sem saber se chegaremos em casa após nosso trabalho.
Parem de nos matar! Povo Pobre e de Favela quer viver!
*Juliana Alves é militante de Unidade Popular (UP) em Salvador e moradora do bairro São Gonçalo do Retiro