UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

domingo, 22 de dezembro de 2024

Censo do IBGE aponta descaso com a titulação de terras quilombolas

Outros Artigos

IBGE divulga pela 1° vez censo referente à população quilombola. Apenas 12% vive em territórios reconhecidos pelo Estado. Titulação é principal pauta de luta do povo quilombola.

Gabriel GB | Redação RJ


BRASIL – Pela primeira vez em sua história, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE registrou dados específicos referentes à população quilombola. Segundo o Censo Demográfico 2022, o Brasil conta, atualmente, com 1.327.802 quilombolas em todo território nacional, a maioria (68,19%) vive na região nordeste do país. 

A divulgação do Censo representa uma importante vitória para o movimento quilombola, visto que historicamente o povo que vive nessas comunidades trava uma luta incessante pelo direito à terra e contra a invisibilidade promovida pelo estado brasileiro.

Remoções se intensificaram durante Governo Bolsonaro

Apesar do avanço, os números apresentados não são nada positivos. De quase 2 milhões de pessoas quilombolas, somente 167.202 residem em território oficialmente reconhecido, isso representa apenas 12% do número total. Mais grave ainda: atualmente apenas 167 territórios são, além de reconhecidos, oficialmente delimitados e titulados. Ou seja, dos 1.327.802 quilombolas, apenas 62.859 possuem o pleno direito humano à sua terra ancestral e a moradia digna assegurados pelo Estado.

As perseguições e remoções acompanham toda a história combativa dos quilombos. Mas desde 1988, ano em que a Constituinte reconheceu, ao menos pela lei, sua existência e direitos, essas comunidades nunca foram tão ameaçadas quanto no governo do fascista e racista Jair Bolsonaro. 

Além de dizer que “quilombola não serve nem pra procriar”, Bolsonaro entregou a base de Alcântara, no Maranhão, para empresas dos Estados Unidos. O resultado desta política entreguista foi a remoção de cerca de 800 famílias no estado que possui a segunda maior população quilombola do país (269.074 pessoas). A ação contou também com o apoio do então governador e hoje ministro Flávio Dino (PSB).

O latifúndio também é inimigo do povo quilombola 

Quase 1/3 dessa população vive na Amazônia Legal, como é chamada a área que engloba nove estados do Brasil pertencentes à bacia Amazônica. Nestes locais, a desigualdade, o racismo e a luta pela terra são escancaradas. 

Ao passo que perseguia e dizimava os quilombos, o Estado brasileiro garantiu terra aos grandes latifundiários, descendentes dos donos de escravizados, que hoje são dominadores do agronegócio. Ao passo que o agro avança, a população negra e indígena do campo luta pela terra e pela vida, contra a ocupação ilegal de garimpeiros e dos senhores de terra “modernos”.

Apesar do importante passo dado pela mobilização do povo quilombola, o que se apresenta é uma luta que se intensifica cada dia mais. É fundamental que esta seja uma luta de todo povo brasileiro, por memória, defesa de nossas terras e garantia de vida digna do povo que é parte fundamental da construção de um Brasil livre.

Conheça os livros das edições Manoel Lisboa

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Matérias recentes