Violência contra a mulher aumenta pelo descaso da prefeitura em SBC

575

No final de 2022 as prefeituras de São Bernardo do Campo e São Caetano abandonaram as principais políticas de enfrentamento a violência contra as mulheres.

Núcleos do Movimento de Mulheres Olga Benário de São Bernardo do Campo | São Paulo


MULHERES – Em dezembro de 2022 as prefeituras de São Bernardo do Campo e São Caetano decidiram sair do Consórcio Intermunicipal, responsável por financiar as principais políticas de enfrentamento a violência contra mulher no ABCDMRR.

Ou seja, a saída dessas duas cidades, sem justificativa, representa um grande desfalque no investimento e manutenção de importantes políticas para as mulheres na região e os efeitos disso já demonstram.

No dia 16 de junho, após dois casos de feminicídios seguidos, o Movimento de Mulheres Olga Benário, a Frente Regional de Mulheres e outras forças políticas na cidade de São Bernardo organizaram um ato exigindo justiça por Valéria Delfino e Isnaia Araújo, assassinadas pelos seus cônjuges na mesma semana, além de Kethy Souza, também assassinada em janeiro deste ano. Duas dessas três vítimas eram moradoras e tiveram suas vidas tiradas na cidade de São Bernardo.

Além disso, o prefeito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB), que é conhecido por sua política anti-povo, inclusive sendo denunciado recentemente por Racismo Institucional na ONU, já deixou claro que não se importa com a vida das mulheres.

Com falas e comportamento machistas, xingamento público a uma mulher em uma de suas lives, Orlando é responsável hoje por uma prefeitura em que o Conselho de Mulheres não funciona, não foi eleito e ninguém sabe quem compõe.

Fora isso, ele aplica ao longo de sua gestão uma política higienista sistemática, concretizando planos de habitação de alto padrão para os ricos da cidade de fora dela, e ignorando a necessidade de criar moradias populares. Ao contrário, sua prática são os despejos sem diálogo ou alternativa, que afetam redondamente uma grande parte de mulheres, mães e pretas.

Aumento da violência contra as mulheres

O Brasil é um dos países que mais matam mulheres no mundo, ocupando hoje o 5° lugar em um ranking de 84 países. Entre 1980 e 2010, foram assassinadas mais de 92 mil mulheres no país e, hoje, a cada 6 horas, uma mulher é assassinada e a cada 1 minuto uma mulher é estuprada.

No Estado de São Paulo houve um grande aumento da violência contra as mulheres no primeiro semestre de 2023, os casos de feminicídios cresceram 36% comparado ao ano anterior. Entre janeiro e junho deste ano foram registrados 113 casos de feminicídio em todo Estado. Esses números não são só alarmantes, como também são dolorosos.

Quando recortamos esses dados para o ABC Paulista, a realidade não é diferente. No primeiro semestre os municípios do Grande ABC registraram o maior número de estupros desde 2001, sendo o maior registro em 23 anos, de acordo com dados da SSP (Secretaria de Segurança Pública do Estado). De janeiro a junho deste ano foram registrados 308 casos de violência sexual e um aumento de 13% da violência contra as mulheres.

Diante desse cenário terrível em relação a vida das mulheres, pouco é feito por parte do poder público para reverter essa situação absurda!

Sabemos que os bairros periféricos são os que mais sofrem em relação às desvantagens sociais, consequentemente são os bairros em que mais acontecem os feminicídios e muitas vezes as mulheres se mantêm em uma situação de violência pela falta de uma moradia digna para viver com suas crianças.

Precisamos com urgência de uma casa abrigo, delegacia da Mulher 24horas e mais euquipamentos públicos que façam frente ao enfrentamento da violência contra as mulheres. Não há mais o que esperar!

Infelizmente o que se demonstra é que nada será nos dado. Desse modo, nós mulheres, precisamos com luta, garra e organização tomar a frente dessa luta, continuar nas ruas enfrentando o fascismo, fazendo reuniões, atos e organizando as mulheres para cobrar que o Estado cumpra o seu papel. Não aceitaremos mais a morte de nenhuma de nós!