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domingo, 22 de dezembro de 2024

Filme curitibano retrata os horrores do período da Ditadura Militar no país

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O filme nos lembra que a ditadura militar não foi apenas uma página sombria na história do Brasil; ela teve repercussões duradouras em nossa sociedade e política até os dias de hoje. Famílias foram divididas, sonhos foram esmagados e vidas foram perdidas. E mesmo após o retorno à democracia, muitos familiares de mortos e desaparecidos políticos continuam em busca por memória, verdade e justiça sobre os entes queridos desaparecidos ou mortos durante aquele período obscuro.

João Pedro Souza | Redação PE


CULTURA – Entre os dias 4 a 9 de setembro, o Cine PE, apresentou o Festival do Audiovisual na sua 27ª edição no Cineteatro do Parque, em Recife, no qual exibiu uma seleção de filmes que reuniu tanto produções de ficção quanto documentários que integraram as mostras competitivas das categorias de Longas-Metragens e Curtas-Metragens Nacionais. Dentre essas, destacou-se o filme curitibano intitulado “Entrelinhas”.

“Entrelinhas” é um filme de longa-metragem dirigido pelo cineasta Guto Pasko, e estreou no CINE PE, sendo bastante premiado em sua categoria, com a missão de não apenas entreter, mas também de lançar luz sobre um dos períodos mais terríveis da história do Brasil: a ditadura militar de 1964. 

O filme é uma adaptação da história real de duas irmãs curitibanas, Ana Beatriz Fortes e Elisabeth Franco Fortes. O enredo busca apresentar Beatriz, uma jovem que tem 18 anos de idade e se vê envolvida, juntamente com sua irmã Elisabeth, no contexto da repressão política em meados dos anos de 1970, nas cidades de Curitiba e Foz do Iguaçu, no qual a história se desenvolve. Ambas engajadas em movimentos estudantis de resistência, são capturadas e brutalmente torturadas por dez dias seguidos, sob a alegação de ainda participarem do grupo de guerrilha VPR-Palmares.

A direção da obra é muito interessante, e tanto a fotografia quanto a trilha sonora são utilizadas de forma eficaz para ampliar a atmosfera de tensão em várias cenas. O uso da cinematografia, com destaque para as cenas de flashback que revelam o passado das irmãs, enriquece ainda mais a narrativa. 

É importante destacar que o longa-metragem não poupa detalhes ao retratar os horrores do período militar, destacando a situação política e social do país, a crueldade dos torturadores  e os desafios cotidianos enfrentados pelas irmãs para sobreviver.

A direção de Guto Pasko utiliza uma abordagem visual sensível para retratar as profundas ligações entre as irmãs, mesmo quando estão fisicamente separadas. O elenco também merece reconhecimento, com atuações emocionalmente carregadas que capturam a essência das personagens.

Capa do filme Entrelinhas Foto: Reprodução

O filme nos lembra que a ditadura militar não foi apenas uma página sombria na história do Brasil; ela teve repercussões duradouras em nossa sociedade e política até os dias de hoje. Famílias foram divididas, sonhos foram esmagados e vidas foram perdidas. E mesmo após o retorno à democracia, muitos familiares de mortos e desaparecidos políticos continuam em busca por memória, verdade e justiça sobre os entes queridos desaparecidos ou mortos durante aquele período obscuro.

A obra cinematográfica, organizada pela Elo Studios, informou que a estreia em todo o país será em maio de 2024. No entanto, uma estreia internacional já está programada para ocorrer até o final do ano em local ainda indefinido.

A estreia de “Entrelinhas” no CINE PE foi um marco importante para o cinema brasileiro, destacando a produção nacional e a necessidade de lembrarmos de que devemos estar vigilantes para que nunca mais permitamos que nossa sociedade seja dominada pelo medo e pela repressão. É um chamado à ação para defender os valores da democracia popular e a garantia da liberdade, justiça e o respeito pelos direitos humanos.

De fato, a obra cinematográfica produzida pode nos auxiliar na elevação de um futuro mais justo, inclusivo e livre para todos. Ela aponta para a elevação de uma maior solidariedade e à participação ativa na construção de um mundo melhor, onde as entrelinhas da nossa história revelem uma narrativa de esperança, democracia e progresso coletivo. 

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