Trabalhadores e trabalhadoras do Metrô, da CPTM e da SABESP decidiram cruzar os braços em greve unificada nesta terça-feira, 03/10, contra o plano de privatizações colocado em prática pelo governador Tarcísio Freitas (Republicanos).
Lucas Marcelino | Redação São Paulo
TRABALHADOR UNIDO – A gana das empresas privadas sobre os serviços públicos no Brasil é antiga, mas nunca teve um serviçal tão obediente como o atual governador de São Paulo, que definiu como objetivo principal do seu governo a privatização total dos serviços ferroviários, metroviários e de água, saneamento e meio-ambiente.
Frente a essa determinação de agradar banqueiros e empresários nacionais e estrangeiros em troca de apoio para sua candidatura ao governo federal, funcionários das categorias incluídas no plano decretaram uma greve unificada em defesa dos serviços públicos e contra a entrega desses patrimônios construídos pelo povo paulista e brasileiro.
Privatização é destruição
Um dos discursos utilizados pelo governador e pelos neoliberais é da maior eficiência da iniciativa privada, alegando inclusive que as linhas que não entrarão em greve serão aquelas que já foram entregues a empresas estrangeiras, principalmente chinesas, tentando dessa forma convencer a população a se posicionar contra a greve e a favor da privatização.
Mas o que eles não contam é que os trabalhadores das linhas que já foram privatizadas são os com maiores motivos para protestar e apenas não o fazem por terem seus direitos desrespeitados, ficando sujeitos a uma maior represália, correndo riscos de perder o emprego.
A greve é um direito dos trabalhadores, e a nossa principal arma contra a precarização do trabalho.
A falácia da “maior eficiência” cai por terra quando analisamos os exemplos das linhas 8 e 9 da CPTM, privatizadas em 2021 e que apresentam recordes de problemas como quebras, atrasos e até descarrilamento de trens, sem contar a morte de trabalhadores na manutenção das vias.
Também podemos citar as empresas privatizadas na terra de origem do governador, o Rio de Janeiro, onde o povo sofre com o péssimo serviço prestado nos trens pela Supervia e, mais recentemente, após a privatização da CEDAE, a água das torneiras chegou carregada de barro.
Em Belo Horizonte, após a privatização do serviço de metroviário, as passagens se tornaram as mais caras do Brasil (R$5,30) e centenas de trabalhadores foram demitidos.
Quando passamos a analisar nacionalmente não podemos esquecer da Vale, empresa privatizada no governo FHC que causou a destruição do meio-ambiente e de cidades inteiras em Minas Gerais além da morte de centenas de pessoas pelo descaso com a manutenção para reduzir custos e aumentar lucros.
Privatização é corrupção
Enquanto os políticos pró privatização alegam que a iniciativa privada vai ampliar investimento e baratear o serviço, o povo vê e vive outra realidade.
Os processos de privatização são produzidos para beneficiar grupos empresariais pré-definidos que compram as empresas públicas a preço de banana, com longos anos para pagamento, utilizando financiamento público e sem fiscalização das contrapartidas apontadas nos contratos.
No caso das linhas trens e metrôs de São Paulo, todas foram arrematadas pelo mesmo consórcio, com valores muito abaixo daqueles investidos pelo governo na construção e com benefícios nunca vistos como no caso da linha 4-Amarela, em que o governo é obrigado a pagar uma quantidade fixa de passagens a um valor atual de R$6,32 – superior ao valor da passagem.
E o pior, esse valor deve ser pago mesmo que a linha não funcione e com prioridade sobre as outras linhas. Ou seja, o dinheiro que entra deve ir primeiro para os milionários acionistas e o que sobrar vai para as linhas estatais.
Não bastasse a experiência fracassada das privatizações, Tarcísio quer privatizar mesmo tendo os números e os dados contra o argumento neoliberal de que empresas públicas dão prejuízo. A SABESP teve lucro de mais de R$700 milhões apenas no primeiro trimestre deste ano. O aumento em relação a 2022 foi de 76%. Tudo às custas da classe trabalhadora que paga altas tarifas.
Não existe um argumento a favor da privatização que se sustente frente aos fatos. O que resta é a vontade política do governador entregar esses serviços em troca de apoio financeiro e político para sua futura candidatura à presidência, onde poderia atacar ainda mais as riquezas do Brasil e os direitos do povo.
Em defesa dos serviços públicos e de empregos de qualidade
Privatizar significa entregar de graça um bem construído por décadas e até séculos pelo povo e receber em troca uma dívida permanente. No caso da SABESP, para manter a tarifa social para famílias de baixa renda, o governo terá que pagar um subsídio. Uma troca em que se entrega uma empresa lucrativa e se recebe uma conta para pagar.
É como vender a sua casa, emprestar o dinheiro para o comprador quitar a dívida e depois pagar aluguel para continuar morando nela. Quem, em sã consciência, faria um negócio desses?
Isso sem contar a queda da qualidade dos serviços prestados, como já ficou demonstrado na privatização da CPTM, em que o Ministério Público já pediu o cancelamento da privatização e a devolução da empresa ao governo – único capaz de prestar um serviço de qualidade, por um preço justo e com garantia de direitos aos trabalhadores.
Para garantir um serviço de qualidade para a população e empregos com salários dignos e boas condições de trabalho é preciso barrar a privatização e ampliar os investimentos nas empresas estatais.
Isso só acontecerá com uma firme e ampla greve unificada e, o quanto antes, uma greve geral que mostre aos patrões quem de fato é dono e manda nas riquezas do país – a classe trabalhadora.
O argumento anterior à greve anterior o governador Tarcísio alega que a greve tem conotação de viés politico. E dar prosseguimento ao seu projeto de privatização da CPTM. Tem todo indicio que esse governador quer favorecer algum grupo de empresário. E jogar s bomba pro futuro.