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quinta-feira, 2 de maio de 2024

É na luta que a gente se encontra: a política de quadros no partido marxista-leninista

Na fase atual, desde a reorganização de nosso partido em 1995, é fato que se não tivéssemos construído uma organização de revolucionários profissionais, que estejam dispostos a por suas vidas a serviço dos interesses coletivos, seria impossível sermos um partido nacional, organizado em todas as regiões desse país continental e na grande maioria dos Estados.

Gregorio Motta Gould | Salvador


PARTIDO – Para realizar uma revolução, a classe operária de um país como o Brasil, precisa estar profundamente organizada, em nível nacional, em especial nos grandes centros urbanos, por um Partido Comunista Revolucionário, formado principalmente por revolucionários profissionais e que trabalhe para despertar toda a classe e as classes e setores sociais aliados para a necessidade de destruir o injusto sistema capitalista e construir o poder popular e o socialismo. 

Além de uma linha política correta, baseada nos princípios do Marxismo-Leninismo e construída a partir da experiência do movimento comunista internacional e da análise aprofundada da realidade brasileira, o partido precisa estar profundamente organizado e enraizado em setores estratégicos da classe trabalhadora, em particular entre a classe operária fabril, da juventude e da intelectualidade revolucionária brasileira.

A revolução se dá em caráter nacional, portanto, o partido precisa estar organizado nas diversas regiões do país, em especial nos grandes centros urbanos, que concentram a maior parte da classe operária, de maneira mais ou menos homogênea, ou seja, não adianta ter uma grande força em algumas das maiores capitais brasileiras e em outras não.

Nosso partido, quando organizado em 1966 e depois, quando refundado em 1995, contava com uma pequena, mas combativa, determinada e ideologicamente forte militância que logo tomou para si a tarefa de construir uma organização revolucionária, de caráter nacional, para estimular e dirigir a revolução brasileira. 

Em 1966, quando fundou o PCR, Manoel Lisboa, alagoano, que tinha sido estudante de medicina da UFAL, de onde foi expulso com a instauração da Ditadura Militar Fascista Brasileira, havia se mudado para Recife, por se tratar de um centro político estratégico para a organização revolucionária da Classe Operária. Essa tradição de transferência entre diferentes estados para alocar estrategicamente os quadros, porém, não foi inventada por nosso Partido, mas faz parte das melhores tradições comunistas.

Carlos Marighella, na época membro do PCB, após sua primeira prisão, em 1934, desistiu do curso de engenharia e foi transferido para o Rio de Janeiro onde passou a ser revolucionário profissional. Os próprios Marx e Engels, enquanto estudavam as contradições do sistema capitalista e trabalhavam para fundir a teoria revolucionária e o movimento operário da época, se mudaram mais de uma vez de pais, seja para despistar a repressão ou para se aproximar de revolucionários, organizações operárias ou acompanhar movimentos reivindicatórios ou insurrecionais da classe operária. 

Na fase atual, desde a reorganização de nosso partido em 1995, é fato que se não tivéssemos construído uma organização de revolucionários profissionais, que estejam dispostos a por suas vidas a serviço dos interesses coletivos de nossa classe e da construção de nosso partido, inclusive decidindo coletivamente seu lugar de moradia e atuação segundo os interesses da revolução brasileira, seria impossível sermos um partido nacional, organizado em todas as regiões desse país continental e na grande maioria dos Estados. Além das transferências de Estados, foram importantes também transferências para outras cidades do mesmo estado ou troca de instituição em que estuda ou trabalha, e até o bairro de moradia, de acordo com os planos coletivos de implantação do partido.

A verdade é que não se pode relegar a organização da classe operária ao espontaneísmo e esperar que aos poucos, o partido vá se implementando e desenvolvendo nos mais diferentes Estados de maneira mais ou menos parecida e na velocidade necessária, sem uma ação consciente, organizada e planejada pelo Comitê Central do Partido. Um partido que não planeja nacionalmente sua organização e que seus militantes não colocam suas aspirações individuais a serviço dos interesses coletivos, onde a militância, local de moradia e atuação de seus quadros é determinada apenas por aspirações acadêmicas ou laborais, não é um partido capaz de exercer o papel de vanguarda na revolução brasileira.

Além de resolver um problema prático imediato de implantar ou fortalecer o partido em determinada região, as transferências cumprem também um importante papel no sentido de desenvolver a consciência coletiva dos militantes do partido sobre a importância da construção partidária, já que tanto no Estado que recebe o quadro como no que transfere, é preciso fazer um debate de como deve se dar a partir dessa mudança o trabalho do partido, no caso do estado que recebe, quais devem ser as tarefas do novo camarada, como utilizar essa transferência para impulsionar o trabalho dos outros camaradas, etc.

Já o Estado que envia um quadro precisa se planejar para que essa transferência contribua nacionalmente na construção partidária, mas não desorganize o trabalho local, pelo contrário, precisamos aumentar a consciência coletiva sobre a necessidade de fortalecer o partido no Estado, com um assumimento maior dos outros quadros partidários para que a transferência não diminua o ritmo do crescimento do partido, ao contrário, intensifique avançando a consciência sobre o caráter nacional de nosso partido. Essa política também fortalece a formação de quadros dirigentes, o militante que milita em uma região diferente da de onde é originário passa a ter maior experiência e percebe a importância da flexibilidade tática.

Quando o partido decide transferir um quadro de nosso Estado, devemos nos orgulhar dessa decisão pois ela é fruto de um trabalho coletivo, demonstra que estamos avançando em nossa situação orgânica local e é uma contribuição efetiva para o trabalho nacional do partido e, consequentemente, a construção da revolução brasileira.  

O espírito que nossa militância deve assumir com a saída de um quadro do Estado em que militamos é o do camarada Manoel Aleixo, que após a prisão do nosso dirigente Amaro Luiz de Carvalho decidiu “Agora eu tenho que recrutar por dois, por mim e pelo companheiro Capivara que continua preso”. 

Não podemos sentir saudade do que não perdemos!

Se é verdade que a presença quotidiana do militante transferido, em nossas reuniões, fará falta, é verdade também que estaremos agora mais juntos do que nunca, irmanados na causa de ajudar a nossa classe a cumprir seu papel histórico de realizar a revolução brasileira contribuir com a construção do comunismo no mundo. A transferência de um militante para fazer avançar a luta revolucionária no país é um compromisso, individual e coletivo, firmado na direção da construção do poder popular e o socialismo.

Dizemos agora aos nossos heróis, você estava certo Emmanuel Bezerra, seus soldados não se rendem! Trabalhamos pela chegada do grande dia! Pois como nos ensinou você, Manoel Lisboa “Sem a construção de um Partido Comunista Revolucionário a revolta do povo será sempre cega e inconsequente”. Estamos até o fim comprometidos com a construção desse partido, do partido de vocês, nossos heróis.

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