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quinta-feira, 2 de maio de 2024

Estudantes ocupam residência universitária abandonada pela UFBA há 10 anos

Movimento de Mulheres Olga Benario e Movimento Correnteza ocuparam a residência universitária abandonada pela UFBA no bairro do Canela há 10 anos para reivindicar a reforma e ampliação das residências estudantis e o fim da expulsão das estudantes mães das residências. 

Isabella Tanajura e Maria Soalheiro | Salvador


LUTA POPULAR – Na noite desta terça-feira (21) o Movimento de Mulheres Olga Benario e o Movimento Correnteza, junto ao Coletivo de Mães da UFBA, ocuparam o prédio da antiga Residência Universitária no bairro do Canela, conhecida como R3. O prédio localizado na Av. Araújo Pinho, em frente a Escola de Belas Artes (EBA) da UFBA, está  vazio há mais de 10 anos. O edifício foi abandonado pela universidade, sem cumprir função social, enquanto estudantes em situação de vulnerabilidade socioeconômica seguem sem condições de permanência na universidade. 

A ocupação tem como principais reivindicações melhorias e ampliação das residências universitárias e pauta o fim das expulsões de estudantes mães moradoras desses espaços. A política de residências universitárias desempenha um papel fundamental na promoção de uma universidade mais plural, democrática e acessível para o povo. Em uma instituição como a UFBA, que recebe todos os semestres uma grande quantidade de estudantes de diversas cidades da Bahia, do Brasil, e que os aluguéis próximos a universidade são exorbitantes, a política de moradia é ainda mais crucial. 

Atualmente, existem apenas quatro Residências Universitárias da UFBA em Salvador, atendendo cerca de 300 estudantes que necessitam de moradia. Entretanto, há alguns anos que as residências vem sendo intensamente sucateadas, com sérios problemas na infraestrutura, necessidade de manutenção e reforma imediata. “Parece existir pouco interesse por parte da reitoria da UFBA para solucionar os problemas da moradia estudantil na universidade. Existem muitos problemas na estrutura das residências com o teto chegando a cair na cabeça dos estudantes, mofo, obras que começam e não tem fim” declarou Adilah Brito, diretora de Assistência Estudantil da União de Estudantes da Bahia (UEB). 

Estudantes da UFBA e militantes do Movimento Correnteza e Movimento de Mulheres Olga Benario dão entrevista ao jornal A Verdade sobre as pautas da ocupação (Foto: Isabella Tanajura / JAV)

A expulsão de mães estudantes das residências

Além do sucateamento das estruturas e da diminuição de vagas, a pauta da ocupação destaca a questão de gênero na realidade das Residências Universitárias. Em caso de gravidez, a mulher moradora da residência é expulsa e passa a receber um auxílio-aluguel de cerca de R$ 300. 

Justamente no momento de maior vulnerabilidade a mulher se vê desamparada, sem condições de estudar e sem moradia. “Os homens que passam a ser pais não necessariamente têm o direito de morar na residência revogado. Isso escancara o machismo e a exclusão de mães nos espaços universitários” argumenta Stephanie Ouais, coordenadora do Movimento de Mulheres Olga Benario na UFBA e militante do Movimento Correnteza. 

Moradia perto da universidade tem um custo mais alto do que em outras partes da capital baiana, uma vez que a UFBA está localizada em bairros das classes mais ricas de Salvador. Um levantamento nacional dos preços de locação residencial realizado pelo Índice FipeZap aponta que o preço do metro quadrado para aluguel em Salvador está em torno de R$ 31,42/m². No Corredor da Vitória, bairro em que o aluguel tem o valor mais elevado e em que fica localizada a Residência Universitária R1 da UFBA, o preço chega a R$ 50,88/m². 

Diante dessa situação o Movimento Correnteza e Movimento Olga Benario decidiram pela ocupação da residência no Canela exigindo que a reitoria abra uma mesa de negociação com os estudantes. Os movimentos, que são compostos também por discentes da UFBA, acreditam que a reforma e ampliação das moradias deve ser uma prioridade do orçamento de permanência estudantil.

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  1. Fiquei emocionada com a reportagem. Lembrei da ocupação da UEFS enquanto fui estudante naquela instituição pública e acredito na defesa de espaços dignos onde os estudantes em situação de vulnerabilidade social e que venham de outras cidades tnham direito a morar com dignidade. Hoje sou servidora concurso da da UFBA há quase 30 anos e sempre me indaguei o porque daquele prédio fechado!!!

  2. Os estudantes estão certíssimo em reinvidicarem os seus direitos, para a manutenção das residências universitárias o governo federal manda verba..

  3. Gostaria de parabenizar a força, a resiliência e a coragem dos movimentos estudantis que mesmo com tantos ataques da imprensa, de grupos econômicos e sociais que insistem em marginalizar o movimento estudantil, de mulheres, de busca pela igualdade de gênero e de melhorias para a população pobre e periférica ainda resistem! Que a força e a vitalidade continuem em vocês!

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