Estudantes da UnB sofreram com descaso para participar do ENEARTE, evento que reúne estudantes de artes de todo o Brasil.
Pedro Gheventer | Brasília
EDUCAÇÃO – Há 35 anos ocorre em nosso país o Encontro Nacional dos Estudantes de Artes – ENEARTE. O evento, que é itinerante, visa fortalecer as produções artísticas, culturais e científicas de estudantes artistas do Brasil todo, possibilitando-os apresentar oficinas, pesquisas, diálogos, obras artísticas, etc.
A arte é um componente fundamental da experiência humana, que constantemente pode expandir os horizontes da nossa vida. Um evento desse porte, portanto, é essencial para fortalecer movimentos artísticos no país. A partir das trocas proporcionadas pelo encontro, os jovens participantes podem ter um forte amadurecimento, seja em suas criações artísticas, seja em sua vivência enquanto seres humanos.
Infelizmente, a experiência da delegação brasiliense ao 24º ENEARTE, ocorrido em Belo Horizonte dos dias 16 a 21 de Outubro deste ano, demonstrou que os administradores da UnB e da UFMG não se importam com os estudantes que participaram do encontro.
A organização da delegação brasiliense ao encontro, proveniente da UnB, foi feita principalmente pelos estudantes do Centro Acadêmico de Artes Visuais (CAVIS). Já no mês de Julho, o CAVIS solicitou para a UnB que fosse concedido um ônibus aos estudantes que participariam do evento, que ao todo somavam 46, sendo estudantes principalmente de Artes Visuais e de Artes Cênicas.
Em setembro, o departamento de Artes Visuais já havia liberado o dinheiro para ser usado no aluguel do ônibus pela empresa licitada da UnB, a Transmonici. No entanto, a Coordenadoria de Transportes da UnB fez o pedido para a empresa somente com menos de uma semana de antecedência para o início do evento, no dia 11 de Outubro, quando já não haviam ônibus disponíveis para levar a delegação ao ENEARTE. A prefeitura da UnB, então, cruzou os braços, e alguns dias depois informou que simplesmente não havia o que fazer.
Os estudantes da delegação tiveram que correr para ir atrás de uma solução. O CAVIS teve que por si próprio contatar a empresa Transmonici para tentar descobrir se havia algo a ser feito. Nessa conversa conseguiram uma brecha, em que a Transmonici contratou uma outra empresa, a Voebrasilia, e arranjaram um ônibus para sair no dia 17, pela manhã. Infelizmente, alguns estudantes acabaram desistindo de participar do encontro, enquanto outros decidiram arcar por si próprios com passagens de ônibus.
A delegação então, que perdeu a abertura do evento, chegou para descobrir um alojamento precário e completamente lotado. Por isso, foram enviados para um local ainda pior, um terreno baldio próximo, que ficava aberto, e tinha entulhos e matagais. Para tentar remediar, o organizador arranjou uma pousada, que disponibilizou um salão, e pagou uma parte, tendo os alunos que arcarem com o resto da estadia. Além disso, as outras delegações, que estavam no alojamento, no dia seguinte sofreram com a chuva, por conta do teto do alojamento não estar completo, tendo uma abertura de algumas telhas, havendo um alagamento, com alguns estudantes chegando a perder materiais que usariam nas apresentações.
Os estudantes foram acolhidos apenas pelo diretor da Faculdade de Belas Artes, que permitiu que eles dormissem lá. No entanto, a reitoria queria expulsá-los, forçando o diretor a colocar seu nome na frente para que eles tivessem um local para ficar. E, além de todos esses problemas, ainda foi relatado que houve problemas com a alimentação dos participantes do evento e que as oficinas do próprio ENEARTE sofreram com atrasos e má organização.
Frente a todos esses acontecimentos, os estudantes não tiveram escolha a não ser denunciar todo o descaso sofrido. O ENEARTE, que deveria ser um espaço de crescimento e de trocas produtivas, se tornou um local de ansiedade e incerteza para aqueles que participaram.
Gente que horror, realmente um descaso total!