A ameaça do ecofascismo na luta ambientalista

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Com o avanço das pautas ambientais e da preocupação com o futuro do planeta devido a questões globais, como as mudanças climáticas, houve também a ascensão de uma vertente fascista na qual tenta a todo modo tirar dos capitalistas toda a sua parcela de culpa no passo que destina o problema ao indivíduo comum, muitas vezes racializado.

Well Gomes | Paulista – PE


Com o avanço das pautas ambientais e da preocupação com o futuro do planeta devido a questões globais, como as mudanças climáticas, houve também a ascensão de uma vertente fascista na qual tenta a todo modo tirar dos capitalistas toda a sua parcela de culpa no passo que destina o problema ao indivíduo comum, muitas vezes racializado.

Essa vertente é o ecofascismo, uma farsa da extrema-direita que, além de racista e xenofóbica, busca isentar o modo de produção capitalista das suas culpas nos problemas ambientais e incentiva a limpeza étnico racial. Esse pensamento ignorante, insensato e condenável se sustenta na ideia de que “os fins justificam os meios”. Assim, por meio de uma retórica preocupada com a sustentabilidade e o meio ambiente, os adeptos ao ecofascismo defendem que a única solução é a drástica diminuição da população humana na Terra. Na prática, tal discurso não passa de uma justificativa para ataques racistas, eugenistas e xenofóbicos contra populações marginalizadas e vulneráveis.

O ecofascismo se apresenta em ideais liberais disfarçados de textos preocupados com a situação ambiental, como a de que a pandemia de uma doença mortal para a humanidade trouxe algo bom quando índices de poluição diminuíram ou que é louvável a diminuição no consumo de carne nos últimos anos porque famílias não tinham condições de sustentar essa alimentação. Mas, na verdade, louvar tais acontecimentos e desprezar completamente os pesares sociais que ocasionaram isso é defender uma visão eugenista de que para o avanço ecológico é necessário o extermínio da população mais vulnerável da sociedade.

Diversas faces do veganismo, quando levadas ao extremismo, apresentam características ecofascistas ao desprezar a população periférica de um país por uma causa que se torna vazia sem o pensamento crítico.

O conceito do ecofascismo traz muito de algumas teorias, como a malthusiana, que prega a superpopulação como causa do desequilíbrio ambiental. A ideia de que o crescimento populacional (em especial na população mais pobre e racializada) deve ser evitado para salvar o meio ambiente é burra e tendenciosa, culpando a parcela mais pobre da sociedade pela “falta de recursos”. 

Além disso, há a presença do darwinismo social. Com a ideia de que os “fortes” da sociedade devem se sobrepor aos “fracos”, uma ideia eugenista e uma desculpa esfarrapada para tentar justificar o subjugo das pessoas pobres e não brancas, defendendo a morte de pessoas com deficiências e a esterilização de mulheres que não se enquadram no padrão ariano étnico.

Ideias ecofascistas já foram implementados politicamente no Reino Unido durante o mandato da fascista e neoliberal Margaret Thatcher, na qual o imposto residencial dependia mais da quantidade de habitantes na casa do que do tamanho do terreno, com a premissa de que famílias despejam mais lixo do que pessoas sozinhas, causando mais custos ao Estado. Esse pensamento ganha cada vez mais força na Europa, inclusive tentando vincular, ainda hoje, a onda de imigração de refugiados com as mudanças climáticas e a degradação ambiental.

Não deveria ser necessário expressar o quão errado e falacioso esse conceito é. Não está faltando recursos, o fato é que os capitalistas exploram mais do que deveriam e, ao não conseguir lucrar com isso, preferem descartar a ajudar na luta contra a fome. Para um ecofascista, em vez de lutar por melhores condições para as famílias periféricas, vão defender que pobres não devem procriar.

Diminuir a população não vai magicamente salvar o planeta, pois não é o nível individual que causa os desequilíbrios ambientais. Um chuveiro ligado pelo mês inteiro não gasta sequer a quantidade de água equivalente a 1 milésimo do que o agronegócio gasta em um dia. E é necessário direcionar a culpa a quem realmente a tem: às grandes empresas e aos países imperialistas, que ainda buscam o controle das reservas florestais que ainda perduram nos países do hemisfério sul, como a Amazônia no Brasil.

Foi sob a premissa de defender essa ideia irracional do ecofascismo que terroristas cometeram massacres racistas nos últimos anos em El Paso, no Texas, em Christchurch, na Nova Zelândia, e em Buffalo, Nova Iorque. Com os dizeres de serem “ecofascistas etnonacionalistas” e prezarem pela “autonomia étnica e a ordem natural das coisas”, mais de 60 vidas racializadas e periféricas foram ceifadas nesses 3 massacres por causa desse extremismo ambiental.

É necessário combater essas ideias repugnantes e eugenistas e entender que os verdadeiros culpados pela degradação ambiental são o sistema capitalista e a burguesia. Por meio da organização operário nas organizações e movimentos marxistas-leninistas nos levará ao socialismo e, consequentemente, a um mundo que priorize a qualidade de vida na Terra e pare a exploração desenfreada dos recursos naturais. O capitalismo está acabando com o planeta e a solução é a implementação do socialismo.