Chapa Maria Felipa ganha eleições do DCE na UESB de Vitória da Conquista

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A oposição unificada através da Chapa 2 “Maria Felipa” se propôs a politizar o debate e mobilizar os estudantes em torno das contradições de ter um Restaurante Universitário inacessível, da necessidade de reformulação do Programa Mais Futuro, entre outras pautas. A disputa foi permeada por ataques antidemocráticos e enfrentamentos à política de contingenciamento por parte do governo do estado.

Jessica Fontes | Vitória da Conquista 


JUVENTUDE – Nos dias 20 e 21 de novembro aconteceram as eleições para a nova gestão do Diretório Central dos Estudantes da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB) de Vitória da Conquista. A Chapa 2 “Maria Felipa”, composta pelo Movimento Correnteza, UJC e MUP foi eleita com 848 votos contra 610 votos da chapa 1 “Um passo à frente”, composta pelo LPJ, UJS, JR. A UESB passou por 2 anos de gestão deste mesmo projeto político da chapa que fora derrotada, o que culminou na desmobilização do Movimento Estudantil, estagnação das lutas específicas e avanço das iniciativas neoliberais contra a universidade pública, a exemplo, o Restaurante Universitário com o valor mais caro da Bahia, R$ 39,90 o quilo.

Esta eleição foi ainda mais importante pelo contexto adverso enfrentado nas Universidades Estaduais Baianas (UEBA), que passam por um processo de precarização e sucateamento profundos. Desde 2015, o repasse orçamentário permanece abaixo dos 5% da Receita Líquida de Impostos (RLI), percentual estabelecido em lei. Um levantamento feito pelas Associações Docentes das UEBA, a partir dos dados do próprio governo, mostrou que o repasse vem caindo desde 2015. Os valores mostram uma tendência de queda, sendo de 4,85%, 4,87%, 4,48% 4,31% 4,04% e 3,28%, nos anos de 2016, 2017, 2018, 2019, 2020 e 2021, respectivamente. A reivindicação histórica é de 7%, mais 1% da RLI direcionado especificamente para assistência e permanência estudantil. Enfrentamos ainda uma grave defasagem nos valores e editais do Programa Mais Futuro, que garante assistência e permanência estudantil para estudantes de baixa renda que ingressam nas estaduais.

Para Lívia Arcanjo, secretária geral do DCE Maria Felipa, “Acho que primeiro mobilizar o corpo estudantil de maneira que haja uma participação que viabilize uma construção coletiva, porque um DCE sozinho, sem construção de outros indivíduos, não têm sentido.  E na mesma direção da mobilização, queremos trazer nossas pautas nacionais enquanto Movimento Correnteza e transformá-las em reivindicações e projetos políticos do DCE. No dia 28 de novembro foi aprovada a PL da autonomia universitária e fim da lista tríplice, já é um bom caminho que podemos trabalhar, defendendo a maior participação universitária no conselho universitário. Também pretendemos integrar Centros Acadêmicos e DCE de maneira que possam trabalhar de maneira autônoma, independente, mais harmoniosa. Nesta construção nos colocamos na posição de ser um DCE de diálogo, e, sobretudo, de luta”.

Desta forma, lutamos e conseguimos conquistar um DCE autônomo e independente que tensione o governo do estado e a reitoria em prol de melhorias em nosso campus e em defesa de uma educação pública, gratuita e socialmente referenciada.

Ataques antidemocráticos dentro da universidade pública

A eleição da UESB foi marcada por um forte tensionamento das forças políticas ligadas à diretoria majoritária da União Nacional dos Estudantes (UNE) desde a primeira assembleia puxada pela Comissão Eleitoral (CE). Esta que foi perseguida politicamente ao ponto de ter sido pressionada por advogado chamado para dentro da universidade para pressionar os membros da CE, ferindo a democracia interna do Movimento Estudantil.

Durante a campanha eleitoral, o debate político foi rebaixado por parte do LPJ, JR e UJS, com a desonestidade intelectual, a tática reacionária da disseminação de fake news e tentativas de confundir as/es/os estudantes, como a falácia de que a Chapa 2 é a favor de greve, que somos contra as cotas raciais e que a imagem de Maria Felipa usada pela chapa não seria legítima.

Após a contagem dos votos e publicação do resultado final pela CE, a página oficial do DCE no Instagram foi hackeada. Os invasores apagaram especificamente a imagem da apuração dos votos e posts da antiga gestão Kamayurá, entre 2018 e 2019, da UJC. Em seguida, a Comissão rapidamente recuperou o acesso à conta e publicou novamente os resultados e anunciou a recuperação das postagens referentes a chamadas para assembleias e para os Jogos Universitários da Uesb promovidos por aquela gestão.

Apesar de todos os percalços, a oposição mostrou sua força de mobilização e conquistou a esperança dos estudantes, que realmente notam a desonestidade no discurso daqueles que queriam continuar com o projeto político a reboque do governo do estado, numa relação de conciliação. Estes ataques e todo o contexto problemático enfrentados pelas Universidades Estaduais Baianas evidenciam a necessidade de termos um Movimento Estudantil orgânico, consequente, politizante, que honre seu legado de desgaste da ditadura militar fascista.

Os fascistas temem estudantes organizados lutando pelos seus direitos! Se inicia, assim, uma nova jornada de reconstrução real do movimento Estudantil combativo, em um DCE autônomo e independente e que evidencie que só a luta muda a vida!