A chapa eleita com votos de 160 estudantes aposta na mobilização e na democracia como principais ferramentas da gestão do maior Centro Acadêmico da Universidade Federal da Bahia (UFBA).
Danilo Boa Morte e Guilherme Gonçalves* | Salvador
JUVENTUDE – Nos dias 28 e 29 de Novembro ocorreram na Universidade Federal da Bahia (UFBA) as eleições para o Centro Acadêmico do Bacharelado Interdisciplinar em Humanidades – CABIH, graduação que possui o maior número de estudantes da instituição com mais de 1300 alunos.
O CABIH é uma entidade que há muitos anos tem sido aparelhada pelos setores majoritários do movimento estudantil (UJS/PCdoB e JPT). As antigas gestões se caracterizaram pela falta de mobilização estudantil, e por decisões tomadas sem assembleias, causando assim um imobilismo da entidade. O resultado desse imobilismo e conciliação com as autoridades da Universidade é a aprovação no 2° semestre de 2022 no Conselho Acadêmico de Ensino de uma resolução que elitiza o curso, colocando critérios como nota do ENEM e atividades complementares de maior peso no momento de transição do bacharelado interdisciplinar para outro curso da UFBA ao fim da graduação . Essa aprovação gerou indignação entre os estudantes diante das representações estudantis imobilistas e preocupação com seus futuros dentro da Universidade.
No mesmo ano o Movimento Correnteza passou a denunciar esses absurdos nas passagens em salas e disputou as eleições para o Centro Acadêmico da entidade, porém o resultado foi negativo. Com apenas 30 votos de diferença, a mesma gestão que aprovou resoluções contra os interesses dos estudantes permaneceu na gestão. Entretanto, em 2023 o Movimento Correnteza montou novamente uma chapa para disputa do processo eleitoral do CA e finalmente saiu vitoriosa, trazendo o maior centro Acadêmico da UFBA, enfim, para a luta.
O processo eleitoral
Para que esse resultado vitorioso fosse possível foram necessárias muitas passagens em sala, uma luta presente no curso com um abaixo-assinado com mais de 600 assinaturas, e bastante mobilização. Os estudantes do Movimento Correnteza realizaram agitação nos restaurantes universitários sobre as pautas do curso, colagem de lambes e confecção de faixas. Junto com a juventude Pajeú (APS/PSOL), o Correnteza construiu a “Chapa 2 – Oposição: Aos que ousam sonhar” para as eleições do CABIH.
Um fator que marca esse processo é a dedicação dos militantes do Correnteza e da União da Juventude Rebelião (UJR) em construírem materialmente a sua política e propagandear a imprensa revolucionária. Nos dias das eleições foi montada uma banquinha da Rebelião com vendas de alimentos, café e Jornal A Verdade.
Na boca de urna, os militantes junto a apresentação do projeto político para o curso, apresentavam também o Jornal A Verdade. Ao colocar a linha política do Jornal foi possível mostrar a comunidade acadêmica que as lutas de um centro acadêmico não estão desassociadas dos movimentos sociais e as jornadas contra arcabouço fiscal, reformas trabalhistas, o genocídio do povo palestino e etc.
O resultado disso foi a venda de mais de 50 jornais nos dois dias, o levantamento de recurso financeiro para o autofinanciamento político, e a vitória das eleições com 160 votos dos estudantes. Portanto, como um grande saldo político desse processo, é a comprovação que as lutas não são desassociadas. Ao mesmo tempo que é possível realizar um trabalho de Agitação e Propaganda também é possível fazer finanças e o trabalho de base.
*Militantes da União da Juventude Rebelião (UJR) e da gestão do CABIH.