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quarta-feira, 11 de dezembro de 2024

Universidade Estadual de Goiás sofre com cortes no orçamento

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A Universidade Estadual de Goiás (UEG) já há alguns anos vem sofrendo com uma dura realidade social, política e, principalmente, orçamentária. Com muita precariedade e resistência por parte de estudantes, docentes e técnicos administrativos, a UEG atende hoje a 44 municípios do interior goiano e região metropolitana de Goiânia.

Júlio César Gomes e Letícia Scalabrini | Goiânia


EDUCAÇÃO – O desmonte e sucateamento da universidade pública encara sua face mais dura chegou a níveis alarmantes nas universidades estaduais em todo o país, reflexo das políticas neoliberais e da privatização da educação exercidas pelos Governos Estaduais, com aval das Assembleias Legislativas dos Estados. Mas apesar dessa situação, as universidades estaduais ainda são alternativa para pelo menos 30% dos estudantes matriculados no ensino público no país. 

A Universidade Estadual de Goiás (UEG) já há alguns anos vem sofrendo com uma dura realidade social, política e, principalmente, orçamentária. Com muita precariedade e resistência por parte de estudantes, docentes e técnicos administrativos, a UEG atende hoje a 44 municípios do interior goiano e região metropolitana de Goiânia.

Constantemente a UEG encara fortes desmontes vindos da política do poder executivo do Estado. Trata-se do fim do exercício financeiro anual que bloqueia o orçamento da universidade, congelando seus projetos, transportes, políticas de bolsas e licitações. Durante esse período do ano a universidade fica impedida de realizar novas contratações e/ou dívidas. 

Assim como consta em ofício circular disponibilizado pela reitoria da UEG ao Movimento Correnteza, o exercício financeiro de 2023 da universidade faz com que as datas para o processamento e pagamento de bolsas sejam adiantadas, as viagens da universidade sejam paralisadas, entre outras. Em resumo, o final do ano da UEG paralisa suas atividades e complica a sua participação em congressos e eventos, os prejuízos alcançam desde o corpo técnico administrativo, docente e até discentes. Como uma universidade com 44 unidades no interior de Goiás pode realizar suas atividades com o bloqueio orçamentário para utilizar a sua frota rodoviária?

Professoras e professores da UEG decidem por não encerrar o semestre letivo 2023/2

Além disso, há anos, a UEG denota uma realidade distorcida no regime de carreira dos seus servidores públicos. Como se não bastasse o corpo técnico-administrativo não ter um plano de carreira, os docentes da universidade sobrevivem a uma realidade insalubre com relação aos seus títulos. Enquanto a lei que institui o regime de servidores públicos da UEG coloca limite numérico para quantidade de doutores, bem como para professores em regime de dedicação exclusiva, alguns doutores que ministram aulas na universidade recebem salário como se fossem especialistas.

O plano de carreira da universidade apresenta, por si, um aumento irrisório e um número baixíssimo de classes e de níveis de professores. O que, à primeira vista, impacta num aumento irrisório dos salários dos professores com muito tempo de trabalho, ou que queira progredir na carreira. Contudo, ao limitar o número de doutores permitido dentro da universidade, há prejuízo irreparável à carreira docente na universidade, bem como um completo abandono da produção científica. Ao ponto de concursos públicos para docentes na UEG serem esvaziados e não suprirem a demanda por professores nas diversas áreas de ensino. 

Dessa maneira, a Associação de Docentes da Universidade Estadual de Goiás (ADUEG), lançou nota declarando que os docentes, em assembleia, decidiram não realizar o encerramento do semestre de 2023/2 enquanto não forem extintos o quadro de vagas que limita a quantidade de doutores na universidade e analisados todos os pedidos de progressão de carreira. Ainda convocam os discentes a denunciarem a precária infraestrutura das salas de aula e laboratórios, bem como o ínfimo número de bolsas disponibilizadas pela universidade prejudicando a permanência estudantil.

Sucateamento universitário e a aniquilação do povo

A UEG é porta de entrada para diversos estudantes de Goiás e do Brasil profundo para o ensino superior, a formação de pesquisa e extensão das mais diversas características no coração do cerrado. Por outro lado, a UEG também é uma potência para o governo do Estado retribuir ao povo o que é produzido na universidade paga com o dinheiro público as mais eficientes políticas assistencialista para a população do Estado. É urgente que os estudantes o povo pobre do interior do Estado tenham acesso a um Restaurante Universitário de qualidade, a um local de estudo adequado, a políticas de transferência direta de renda para a permanência universitária, acesso e conectividade à tecnologias e sustento da própria família. 

A UEG pode fornecer berçários às mães e filhos de todo o Estado. Na atual crise climática a universidade pode precisa fornecer ambiente climatizado e segurança climática a um número enorme de pessoas do Estado, enfim além da Casa do Estudante que é outro exemplo de política de assistência estudantil que a universidade tem capacidade de ofertar a incontáveis pessoas em todo o Estado. Atualmente a universidade tem capacidade de apenas oferecer só conta com um ambiente precário e estressante para a rotina de estudo.

Se levada a sério a universidade, imediatamente, pode transformar a realidade de milhares de pessoas, das mais diversas formas. Lamentavelmente, todas as políticas acima elencadas são meras potencialidades, não havendo sua consecução em nenhuma universidade. Ao contrário do que se espera, levar a universidade a sério não é a política do atual governo de Goiás, mas sim sucatear a universidade numa verdadeira forma de destruição da formação e divulgação científica, enfim na aniquilação da própria população.

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