UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

terça-feira, 30 de abril de 2024

Amelinha Teles, lutadora do povo brasileiro

Amelinha Teles recebeu o Título de Doutora Honoris Causa em reconhecimento às suas lutas históricas contra a Ditadura Militar Fascista e pelo povo trabalhador

Leidiane de Souza | São Paulo


SOCIEDADE – Maria Amélia de Almeida Teles, Amelinha Teles, nasceu no dia 6 de outubro de 1944 em Minas Gerais. Filha de Lúcia Schmidt de Almeida e Joffre de Almeida, e que, por influência familiar, iniciou desde muito jovem na militância política.

Amelinha e Criméia, sua irmã mais nova, passaram a viver na clandestinidade em 1965 e em 1968 se filiaram ao Partido Comunista do Brasil (PCdoB). Mesmo na clandestinidade, continuava as atividades políticas ao lado de seu marido César Augusto Teles, onde ajudava na produção do Jornal do Partido.

Em 1972 Amelinha é presa ao lado de seu marido, seus dois filhos, Janaína e Edson Teles, de 5 e 4 anos, sua irmã e seu companheiro de luta, Carlos Nicolau Danielli, em São Paulo, pela Operação Bandeirantes (Oban). Nas dependências da Oban são submetidos a tortura, na presença de seus dois filhos. E no dia 30 de dezembro de 1972, Amelinha testemunha o assassinato de Carlos nas mãos dos órgãos de repressão.

Amelinha passou a dedicar seu trabalho às denúncias dos diversos crimes cometidos pela Ditadura Militar e a luta pela liberdade do povo. Fez parte da Comissão de Familiares de Presos Políticos, testemunhando o assassinato e o desaparecimento de seus companheiros de luta. Prestou depoimento à Comissão Nacional da Verdade das diversas torturas e violências sexuais, físicas e psicológicas a que foi submetida.

Em 2005, a família Teles foi responsável de mover uma ação contra o repressor Carlos Alberto Brilhante Ustra e o tornando reconhecido como torturador na primeira instância em 2008.

Título de Doutora Honoris Causa

Amelinha Teles tem uma história de luta incontestável contra a Ditadura Militar no nosso país, é uma grande lutadora pelos direitos humanos e pelo direito das mulheres. Empenha um papel fundamental pela legalização do aborto e em defesa da vida das mulheres.

Em março de 2023, o Movimento Correnteza, enquanto gestão do DCE UNIFESP, apresentou a moção no Conselho Universitário (CONSU), que colocava em pauta a concessão do Título de Doutora Honoris Causa. A moção foi lida pelos estudantes em homenagem ao Dia Internacional da Mulher e em apoio à concessão de Título Honorífico à Amelinha, que foi aprovada em abril, em sessão do Consu.

A moção reconhecia o papel histórico de luta desempenhado por Amelinha e a importância de uma Universidade como a Unifesp, que desempenha um papel fundamental na luta pela memória por meio do Centro de Antropologia e Arqueologia Forense (CAAF), que desenvolve um trabalho de identificação dos corpos ocultados na Vala de Perus, ser responsável da entrega do Título.

A sessão solene aconteceu na Reitoria da Universidade Federal de São Paulo, no dia 06 de outubro de 2023, dia em que completará 79 anos, nela Amelinha Teles recebeu o Título de Doutora Honoris Causa na presença de sua irmã Criméia, de Janaína e Edson Teles, demais familiares, professores, estudantes e todos aqueles que compreendem a importância daqueles que lutaram contra a ditadura e pela justiça daqueles que tombaram vítimas dos órgãos repressores.

Reconhecendo nossos Heróis

A entrega do Título possui uma importância histórica no reconhecimento daqueles que, assim como Amelinha, lutaram contra o Estado fascista e em defesa dos direitos humanos.

É honrar os mortos e desaparecidos que sofreram grandes violações pelos órgãos de repressão e tiveram seus corpos ocultados em locais que talvez nunca sejam achados ou suas ossadas não sejam reconhecidas. Heróis e heroínas do povo brasileiro na busca por uma sociedade igualitária, livre da fome e das injustiças sociais, assim como Amaro Félix, Helenira Rezende, Isis Dias, Manoel Aleixo e tantos outros lutadores e lutadoras.

Por Memória, Verdade e Justiça, pela garantia de que violações como as que ocorreram durante a ditadura militar nunca mais aconteçam. A luta de Amelinha nos coloca um chamado a nunca nos calar diante de toda e qualquer injustiça social e inspira as gerações futuras.

Devemos ocupar as ruas, as universidades, as escolas, fábricas e bairros para lutar em defesa de um mundo livre de toda opressão e violência e construir uma nova sociedade.

Outros Artigos

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Matérias recentes