Pai de 3 filhos, trabalhava como porteiro e estava indo ao seu trabalho. O caso só foi divulgado mais de 10 dias depois do ocorrido, apenas quando a mídia obteve acesso ao vídeo das câmeras de segurança do local. A família apenas soube de sua morte quando o patrão de Edmar Santos Costa lhes avisou que ele não tinha comparecido ao trabalho.
Elis Eloah | Salvador
SALVADOR – Na manhã do dia 6 de janeiro, na estação Acesso Norte de Salvador, Edmar Santos Costa, 38, foi morto após ser imobilizado e sufocado por seguranças do CCR Metrô. O caso começou após o trabalhador pegar um “cooler” que fora deixado na estação e entrado em um ônibus, algumas pessoas que estavam no local o agrediram e entregaram-no aos seguranças. Os agentes do CCR Metrô o algemaram e um deles o imobilizou com os dois joelhos nas costas até a vítima desacordar e, posteriormente, falecer por parada respiratória.
Santos era pai de 3 filhos, trabalhava como porteiro e estava a caminho do trabalho. Mais um homem negro assassinado na Bahia, estado que também lidera o ranking de mortes praticadas por operações oficiais da Polícia Militar da Bahia (PM-BA), sendo que a grande maioria das vítimas são negras.
O caso só foi divulgado mais de 10 dias depois do ocorrido, apenas quando a mídia obteve acesso ao vídeo das câmeras de segurança do local. A família apenas soube de sua morte quando o patrão de Edmar lhes avisou que ele não tinha comparecido ao trabalho. Apenas 12 horas depois de sua morte às 18h, o pai e a irmã da vítima identificaram o corpo no IML. As autoridades policiais e a CCR Metrô não comunicaram aos familiares da vítima sobre a morte ainda que ele portasse todos os documentos, o que configura um grande descaso pela vida do trabalhador morto e desrespeito à família. O tratamento de corpos negros como indigente comprova a crueldade racial que existe no país.
Exigir justiça por Edmar é urgente
A morte de Edmar Santos se assemelha com o caso de George Floyd no Estados Unidos, homem negro que foi assassinado por um policial que o sufocou com o joelho no pescoço por 11 minutos enquanto Floyd gritava que não conseguia respirar. O caso indignou tanto as pessoas que se gerou diversos atos antirracistas pelo mundo com a onda de protestos “Vidas Negras Importam”. Precisamos nos incendiar de indignação quando um caso desse acontece e espalhar essa indignação, não deixar esse caso ser abafado e tornar Edmar apenas mais um número na “estatística”.
A Unidade Popular convocou um ato para acontecer na próxima quarta-feira (24) às 9h da manhã na Estação Acesso Norte, local em que Santos foi morto, para exigir justiça para o caso de Edmar e um basta no genocídio do povo preto no estado da Bahia.
Edmar Santos Costa, presente!