Rodoviários iniciam greve por tempo indeterminado na Grande Ilha de São Luís, no Maranhão, cobrando reajuste salarial e melhores condições de trabalho. População e rodoviários sofrem com más condições oferecidas pelos donos das empresas de ônibus.
Afonso Sodré | São Luís
TRABALHADORES – No início da manhã desta terça-feira (06/02), a grande ilha de São Luís amanheceu com o transporte público paralisado. Os Rodoviários que prestam serviços aos municípios da Grande Ilha (São Luís, Raposa, São José de Ribamar e Paço do Lumiar), iniciaram greve geral no transporte público por tempo indeterminado. A greve é fruto da atual situação em que se encontra a categoria.
Na semana passada o Sindicato das Empresas de Transporte (SET), enviou uma contraproposta aos trabalhadores rodoviários. Nela, o SET propõe uma redução do ticket alimentação dos trabalhadores e rejeita a proposta de reajuste salarial, a categoria pede um aumento de 10% aos motoristas que trabalham com cobradores e 20% aos motoristas que trabalham sozinhos, realizando a dupla função (motorista e cobrador).
Em assembleia no último dia 01/02 os trabalhadores decidiram por entrarem em greve no dia 06 de fevereiro. Essa é a segunda paralisação em São luís nas últimas duas semanas, no dia 22 de janeiro o motorista Francisco Vale Silva, foi assassinado enquanto trabalhava. Francisco foi baleado após o ônibus onde trabalhava ser assaltado, no dia 23 de janeiro. Os rodoviários, então, fizeram uma paralisação durante todo o dia para cobrar novas medidas de segurança por parte da prefeitura e do sindicato patronal, que se comprometeram em aumentar o policiamento em áreas de risco da capital.
O prefeito de São luis, Eduardo Braide (PSD) chegou a publicar um vídeo em suas redes sociais, garantindo que não haveria greve e que a prefeitura iria assumir o pagamento do reajuste negociado entre as empresas e os rodoviários. Porém, a greve segue por tempo indeterminado porque a prefeitura não enviou uma proposta formal ao sindicato.
A Câmara Municipal de São Luís aprovou na tarde de hoje (06/02) que só iriam receber subsídios da prefeitura as empresas que cumprissem com alguns requisitos, como a manutenção dos veículos, novos veículos na frota e garantia de funcionamento do ar-condicionado nos coletivos. A prefeitura repassa por mês 4 milhões de reais as empresas de transporte, mas ainda sim as empresas pressionam para reajustar o valor da passagem sob alegação de prejuízos financeiros para as empresas.
População refém de transporte sem qualidade
Em São Luís, 70% da população faz uso diário do transporte público coletivo, que é composto apenas por ônibus. A cidade vive uma enorme dificuldade pela ineficiente do transporte público, sem qualidade, insuficiente para atender a demanda da população e com uma tarifa cara, nós últimos 10 anos a população convive anual com inúmeros greves da categoria dos rodoviários. Greves essas que são fruto de uma administração voltada ao lucro, que além de não oferecer um serviço de qualidade à população, não oferece um salário digno e boas condições de trabalho aos trabalhadores.
O resultado disso é um caos urbano na capital, com a população diariamente sofrendo com as dificuldades do sistema público de transporte e de trabalhadores mal remunerados, que trabalham em condições insalubres e convivem diariamente com a insegurança.