A população da capital do país vive um verdadeiro caos na saúde pública. É comum presenciar Unidades Básicas de Saúde (UBS) e Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) superlotadas, algumas só atendendo casos de urgência, fazendo com que pacientes doentes precisem bater de porta em porta nas UPAs para acharem alguma vaga.
Alexandre Ferreira | Redação
BRASIL – Para se ter uma ideia desta situação dramática, segundo o Mapa Social da Saúde, a fila de espera de pacientes para realizar exames e consultas é de 867.176 pessoas, que esperam, em média, 557 dias, ou seja, mais de um ano e meio. Nos casos de maior prioridade, o tempo é de 463 dias.
Para piorar, quando o paciente, após a consulta e exames, tem necessidade de realizar alguma operação, o tempo de espera médio é de 498 dias e hoje a fila de espera conta com 38.980 pacientes. Mesmo em casos de prioridade 1, o tempo de espera não muda muito, ficando em 463 dias.
Esse drama foi vivido por Ivone Mineiro, mãe de três filhos, 48 anos, moradora da Região Administrativa de Sobradinho. Ivone vem tratando o hipertireoidismo desde 2020, quando, em janeiro de 2023, descobriu dois nódulos no pescoço. Após um exame, foi constatado que era maligno, ou seja, que estava com câncer. Entrou na fila de espera no dia 23 de maio de 2023. “Foi dito que, por meu caso ser urgente, em menos de um mês, faria a operação. Só que esperei mais de cinco meses e nenhum retorno”, relata Ivone.
A cada dia de espera por uma operação bate um desespero, desabafa Ivone. “Fiquei muito ansiosa, com medo da doença se espalhar. Foram muito ruins esses meses de espera. No final, estava batendo até um desespero, achando que não ia conseguir mais fazer”.
Apesar da urgência, haviam 800 pessoas na sua frente. Foi necessário entrar com uma ação judicial, por meio da Defensoria Pública do Distrito Federal, para conseguir ser operada. Dada a gravidade e a urgência, uma juíza expediu uma decisão liminar exigindo que o Governo do Distrito Federal (GDF) realizasse a operação no prazo de 15 dias. Mesmo assim, demorou mais três meses para Ivone ser operada, conseguindo, enfim, no último dia 11 de janeiro.
É um absurdo que as famílias tenham que passar por esta humilhação e desespero para serem operadas ou até mesmo fazerem uma simples consulta e exames. Quantas pessoas morrem por falta de atendimento no Distrito Federal? No caso de Ivone, se não tivesse entrado na Justiça, ainda teriam centenas de pessoas na sua frente, podendo o câncer evoluir para uma situação irreversível.
Faltam mais de 11 mil profissionais da saúde
O Distrito Federal tem um grande déficit de trabalhadores da saúde, superando a marca de 11 mil. Faltam mais de 4.800 médicos, 1.600 enfermeiros e 5.000 técnicos de enfermagem. Mesmo com esta situação dramática, o milionário governador Ibaneis Rocha resiste a realizar concursos e convocações dos aprovados para reduzir com este déficit.
Aumentar o investimento na saúde pública e, junto com isso, acabar com todo o processo de terceirização e privatização na saúde é necessário.
Matéria publicada na edição nº287 do Jornal A Verdade.