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quinta-feira, 21 de novembro de 2024

Israel quer expulsar palestinos para anexar Gaza

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Igual a Hitler, os assassinos do povo palestino pensam que é possível exterminar um povo e destruir uma nação. O mesmo a Alemanha nazista achou que faria com a União Soviética. Não perdem por esperar. A violência que hoje cai sobre o povo palestino, a fome que mata crianças, as toneladas de bombas despejadas diariamente nas suas terras, tudo isso são os adubos de novas intifadas do povo palestino e de um amanhã sem opressão e exploração da burguesia israelense e mundial.

Luiz Falcão | Comitê Central do PCR e diretor de redação do JAV


EDITORIAL – Em cinco meses, o Exército de Israel lançou mais de 45 mil bombas, o equivalente a 65 mil toneladas de explosivos, sobre 2,3 milhões de palestinos que vivem na Faixa de Gaza, região com 41 km de comprimento e 10 km de largura. De acordo com especialistas ouvidos pela Agência Prensa Latina, essa quantidade de explosivos é quase a mesma das duas bombas nucleares lançadas pelos EUA sobre Hiroshina e Nagasaki, no Japão, em 1945. Em um único dia, 10 de março, véspera do Ramadã, mês sagrado para os muçulmanos, Israel realizou 60 bombardeios noturnos sobre as tendas dos deslocados na cidade de Rafah, sul de Gaza, matando 85 pessoas. No total, 32 mil palestinos já foram mortos e mais de 70 mil estão mutilados e feridos. 

Esta barbárie está retratada nas imagens de crateras, na destruição de prédios, hospitais, escolas e até instalações da ONU. De fato, a Organização Mundial de Saúde (OMS) calculou que 80% de toda a infraestrutura civil de Gaza foi destruída e o jornal britânico The Guardian divulgou, no dia 04 de março, que apenas num raio de 10 km contabilizou mais de mil crateras. 

Vale salientar que a maior parte dos bombardeios são em áreas civis, pois mais da metade das bombas lançadas por Israel não são guiadas, o que significa que têm pouca precisão e produz uma destruição massiva. 

Esse horror promovido por Israel foi denunciado por Volker Turk, Alto Comissário do Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU): “Pelo menos 17 mil crianças ficaram órfãs ou foram separadas de suas famílias e muitas outras carregarão cicatrizes do trauma físico ou emocional por toda a vida. Há dezenas de milhares de pessoas desaparecidas, muitas delas supostamente enterradas sob os escombros de suas casas. Isso é uma carnificina” (UOL, 29/02/2024).

Dois milhões ameaçados de morrer de fome 

Controlando mais de 2/3 do território e realizando ataques diários, Israel tem impedido o fornecimento de medicamentos, de combustível e a entrada de alimentos em Gaza. Sem comida, a ONU alertou que mais de dois milhões de pessoas estão ameaçadas de morrer de fome. Exames realizados por agências da ONU comprovaram que uma em cada seis crianças com menos de dois anos estava gravemente desnutrida. Apenas nos últimos dias, o Ministério da Saúde de Gaza comunicou a morte de 18 crianças em decorrência de desnutrição. No momento, nem leite ou qualquer fórmula para garantir alimento às crianças recém-nascidas é encontrado em Gaza, o que leva os bebês a rapidamente ficarem desidratados e desnutridos. 

A médica Samia Abdel Jalil, que trabalha na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Kamal Adwan, um dos poucos que ainda estão de pé, relatou em entrevista à Gaza Lifeline a morte de uma menina no hospital com poucos dias de diferença da irmã mais velha: “Ela morreu sem receber sua pequena dose de leite. Tivemos dificuldade de conseguir leite para todo o departamento”. 

Outro caso relatado foi o de Salah Samara, um bebê de quatro meses, que desidratado, sofre com retenção urinária e doença renal. Sua mãe chorou ao falar do filho à imprensa: “Meu coração sofre muito por causa do que está acontecendo com ele. É muito difícil você ver seu filho chorando todos os dias por não conseguir urinar e os médicos não serem capazes de ajudá-lo. Ele tem direito a receber tratamento e tem direito a todo o resto, em virtude de ser uma criança no início da vida”.

Já o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) informou que nove em cada dez crianças menores de cinco anos adoeceram nas últimas semanas e, caso a guerra continue, o número de crianças morrendo de fome ou por falta de medicamentos será desesperador. (BBC,7/03/24)

Não bastasse, 17 mil dos civis mortos pelas armas israelenses são crianças. Portanto, além de um genocídio, Israel promove na Palestina um verdadeiro infanticídio.

A falta de comida e de medicamentos em Gaza levou vários países a jogarem cargas com alimentos por aviões. Assim, durante o dia, os palestinos veem no céu paraquedas abrirem com cargas de alimentos. Quando a noite chega, é hora de procurar um abrigo, pois os aviões de Israel vão despejar centenas de bombas. 

Os EUA são o maior exemplo dessa hipocrisia. No dia 1º de março, enviaram aviões para lançar kits de água e comida, porém, desde outubro já entregou mais de 5.400 bombas MK-84 a Israel. Daí a indignação dos palestinos com a falsidade de Joe Biden, presidente dos EUA, como expressou Hassan Masha, um refugiado na cidade de Rafah: “Todas essas armas estadunidenses estão matando os nossos filhos. Não necessitamos da ajuda deles. Necessitamos que deixem de nos matar” (La Jornada, 8/3/24).

As mentiras de Israel para anexar Gaza

Para enganar a humanidade, o ditador Benjamin Netanyahu diz que a guerra contra o povo palestino é para exterminar o Hamas e libertar 130 reféns. Os grandes meios de comunicação da burguesia exibem suas reportagens na TV tentando esconder as atrocidades de Israel e repetindo incansavelmente que o Hamas é um grupo terrorista que matou 1.130 civis. Já Israel, que invadiu Gaza com tanques e escavadeiras, despejou 45 mil bombas e assassinou 32 mil palestinos, essa imprensa diz que age em legítima defesa. Lembram a perseguição de Hitler aos judeus e o êxodo no Egito. Ora, o holocausto não pode ser licença para exterminar um povo e roubar suas terras. Mais: se o Hamas detém injustamente 130 israelenses, Israel, com base no que chama de “detenção administrativa”, tem 7.000 palestinos em suas prisões. 

Nenhuma mentira se sustenta em pé. O insuspeito jornal norte-americano The New York Times (NYT), em 1º de dezembro de 2023, informou que as autoridades israelenses sabiam que o Hamas realizaria um ataque a Israel, mas preferiram esconder a informação da opinião pública e não fazer qualquer ação preventiva. Entretanto, dez dias após o ataque do Hamas, Israel começou a pôr em prática uma operação de limpeza étnica em Gaza baseada no relatório “Plano de reassentamento e reabilitação final de toda a população de Gaza no Egito: aspectos econômicos”.  Este relatório, escrito em hebraico e elaborado pelo Instituto de Segurança Nacional e Estratégia Sionista (MISGAV), foi coordenado pelo Ministério da Inteligência Israelense e veio a público pela primeira vez em 17 de outubro.

O “Plano de reassentamento e reabilitação final”, como o próprio nome indica, tem como objetivo forçar o êxodo dos palestinos para o Egito, e estabelece três etapas: “Transferir, Expulsar e Reassentar”, que estão em total correspondência com as ações implementadas pelo Governo de Israel na guerra contra o povo palestino.

A primeira etapa é a transferência forçada de toda a população do norte de Gaza para o extremo sul em duas fases: a evacuação de um milhão de civis da região Norte de Gaza para Kham Younis, no sul. Em seguida, a transferência forçada de todos os palestinos que estavam em Khan Younis para o extremo sul da cidade de Rafah. No momento, mais de 2,3 milhões de palestinos estão vivendo em cidades-tendas que são designadas pelos jornalistas que lá estiveram de “abismo humanitário”. Pois bem, ambas as “transferências” já foram realizadas debaixo de bombardeios diários e avanços dos tanques israelenses.

A segunda etapa do plano é a expulsão dos palestinos de Gaza para o Egito. Esta segunda etapa já começou com os bombardeios no dia 10 de março sobre as cidades-tendas localizadas em Rafah, cidade que faz fronteira com o Egito.  No dia 15 de março, Netanyahu aprovou o plano do Exército de Israel para continuar com os bombardeios, invadir Rafah e manteve a proibição de qualquer ajuda humanitária aos palestinos, de forma a matá-los de fome e de sede. Com o nome de “corredor humanitário”, o plano estabelece que a transferência forçada de três milhões de palestinos para o Egito será feita sob a supervisão da ONU, a mesma que Israel diz ser um órgão a serviço do terrorismo. 

A terceira e última etapa do plano é a construção de “cidades-satélites” numa zona estéril localizada no norte do Egito. Este moderno campo de concentração seria cercado por um gigantesco muro para impedir que os palestinos retornem a sua pátria. Essa etapa seria financiada pelos Estados Unidos, Canadá, Israel e União Europeia.

Sem nenhum palestino na Faixa de Gaza e com as Forças de Defesa de Israel dominando inteiramente a região, Gaza seria anexada ao Estado de Israel, que ampliaria, mais uma vez, suas fronteiras. Pois bem, no dia 31 de outubro, o gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, “o carniceiro de Gaza”, reconheceu que o relatório foi elaborado por um Ministério do seu governo e que prevê a transferência de milhões de habitantes de Gaza. Ora, se 2,3 milhões de palestinos serão transferidos de Gaza, para onde irão? Para Israel? Para o Egito? Ou serão exterminados?

De fato, até 2023, existiam 700 mil colonos israelenses vivendo em mais de 300 assentamentos no território palestino da Cisjordânia. Em 2024, o Governo de Israel aprovou a construção de 18.515 novas unidades habitacionais para novos colonos em terras roubadas dos palestinos, como comemorou o ministro das Finanças, Bezalel Smotrich no Twitter: “Continuaremos a construir o país: 18.515 aprovações este ano!” (CNN, 6/03/2024).

Em entrevista ao jornal O Globo, Francesca Albanese, relatora especial da ONU para os Direitos Humanos nos Territórios Palestinos Ocupados, denunciou assim o que está ocorrendo na Faixa de Gaza: “Agora essas pessoas (os palestinos) não têm nenhum lugar para onde ir, a não ser o Sinai. Por que Israel não permite que elas voltem para o norte, para suas casas? Por que elas têm que ser empurradas para a fronteira de Rafah? Está muito claro que Israel está empurrando os palestinos cada vez mais para o sul, para que eles possam se tornar refugiados no Egito, o que é um absurdo. A História dos palestinos é a de um povo deslocado à força desde 1947. Mas o fato de isso acontecer em 2023, sob vigilância de todos, é chocante” (O Globo, 10/12/2023).

A palestina derrotará a tirania

Mas se enganam os que pensam que a selvageria de Israel contra o povo palestino terá êxito ou ficará impune.  Embora haja uma enorme desproporção de forças, o avanço do Exército de Israel por terra tem encontrado dura resistência dos palestinos. Em Tel Aviv e em várias cidades israelenses, milhares de pessoas têm ido às ruas exigir o fim do massacre, a retirada das tropas de Gaza e a libertação dos reféns. Na manifestação do dia 02 de março, além das bandeiras do país, os manifestantes carregavam faixas com a frase “Acordo é a única solução”; “Judeus e Árabes se recusam a ser inimigos” e gritavam “Eleições já!” e “Que vergonha para o Governo”. 

Até agora, cerca de 50 nações se manifestaram contra o plano de Israel de anexar Gaza e expulsar os palestinos de suas terras. Também a Corte Internacional de Justiça (CIJ) e a Corte de Haia vêm realizando, há dois meses, audiências para apurar a denúncia feita pelo Governo da África do Sul e apoiada por vários países (Turquia, Brasil, Colômbia, Paquistão, Liga Árabe (bloco com 22 nações), de que Israel está descumprindo a Convenção Internacional contra o Genocídio e planeja colonizar as terras palestinas. 

Mas isso não é tudo. Os covardes e criminosos bombardeios e a invasão de Gaza pelas tropas de Israel, o assassinato de mais de 32 mil pessoas e, em particular, de 17 mil crianças, são mais uma comprovação de que o desenvolvimento do capitalismo e a dominação da economia mundial pelos monopólios e pelo capital financeiro não acabou com as guerras nem tornou o mundo menos violento. Tampouco pôs fim ao colonialismo, à opressão e à escravização de povos e nações. Muito pelo contrário, o que Israel realiza na Palestina é o que a França, o Reino Unido, a Espanha, Portugal, os Estados Unidos, o Japão, a China e a Rússia promoveram e implementaram na África, na América Latina e na Ásia: reprimir violentamente um povo para depois escravizá-lo e saquear suas riquezas. A guerra na Ucrânia, a invasão do Afeganistão, do Iraque, e, agora, a matança do povo palestino revelam que o objetivo dos países imperialistas continua sendo estabelecer governos títeres e fantoches nos países menos desenvolvidos para que as grandes companhias capitalistas obtenham lucros extraordinários à custa do sangue de inocentes.  

Igual a Hitler, os assassinos do povo palestino pensam que é possível exterminar um povo e destruir uma nação. O mesmo a Alemanha nazista achou que faria com a União Soviética. Não perdem por esperar. A violência que hoje cai sobre o povo palestino, a fome que mata crianças, as toneladas de bombas despejadas diariamente nas suas terras, tudo isso são os adubos de novas intifadas do povo palestino e de um amanhã sem opressão e exploração da burguesia israelense e mundial.

Editorial publicado na edição nº 288 do Jornal A Verdade.

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2 COMENTÁRIOS

  1. Análise excelente! Expõe que quais são os verdadeiros objetivos do governo israelense, que vão muito além do combate ao Hamas. É um projeto de genocídio,

  2. Matéria excelente! Expõe os verdadeiros propósitos do governo israelense que vão muito além do combate ao Hamas!

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