Resultado de julgamento do PM que assassinou o jovem negro Johnatha de Oliveira causou revolta e indignação à família e aos que lutam contra a violência do Estado. Assassino agora será julgado pela Justiça Militar, conhecida por acobertar crimes de policiais. “Eu estou aqui com a dor de ter meu filho assassinado. Meu filho foi assassinado com um tiro nas costas”, afirmou indignada Ana Paula Oliveira, mãe do jovem assassinado.
Redação RJ
LUTA POPULAR – O resultado do julgamento do PM assassino do jovem Johnatha de Oliveira Lima causou revolta e indignação no Rio de Janeiro. Na última terça-feira (05), o júri popular, reunido no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, condenou o policial militar Alessandro Marcelino de Souza a homicídio culposo (quando não há intenção de matar) e encaminhou o caso à Justiça Militar.
O julgamento pelo Tribunal Militar passará por nova investigação e processo. A Justiça Militar possui um grande histórico de proteger militares e policiais militares criminosos. É o casa dos assassinos do músico Evaldo Rosa e do catador de latinhas Luciano Macedo, assassinados com 257 tiros por dois militares do exército. Hoje, o caso está no Superior Tribunal Militar, onde o ministro relator Tenente Brigadeiro Carlos Augusto Amaral defendeu a mudança da condenação de homicídio doloso para homicídio culposo, assim como o Tribunal do Júri do RJ.
“Essa luta não pode ser só minha. Por que fizeram isso com o meu filho?”
Johnatha foi morto com um tiro nas costas durante operação policial da UPP de Manguinhos em maio de 2014. A defesa do policial alegou, durante o julgamento, que o réu teria agido em legítima defesa. A promotoria – responsável pela acusação do réu – irá pedir recurso da decisão, alegando que o júri popular foi contrário às provas do processo.
Durante o julgamento, a acusação apresentou um farto conjunto de provas. Entre elas, estava um vídeo em 3D de reconstituição baseado em todas as provas e perícias em que mostrava que o PM atirou pelas costas de propósito e com intenção de matar o jovem negro morador de Manguinhos.
A morte de Johnata e de diversos outros jovens vítimas da violência do Estado nas favelas da cidade do Rio de Janeiro levaram à população a se organizar na luta por Memória, Verdade e Justiça. Movimentos como o Mães de Manguinhos representam a luta das famílias pela punição exemplar dos assassinos e por reparação do Estado.
Mãe de Johnata e uma das lideranças do movimento, Ana Paula, esperou por 10 anos o julgamento do assassino de seu filho. Revoltada com a não condenação por homicídio doloso e com o extermínio da juventude pobre declarou “É culpa da sociedade esses vermes continuarem matando nossos filhos. Eu estou aqui com a dor de ter meu filho assassinado. Meu filho foi assassinado com um tiro nas costas”. Ana Paula ainda questiona: “Essa luta não pode ser só minha. Por que fizeram isso com o meu filho?”.
A luta de diversas mães por Memória, Verdade, Justiça e Reparação é fundamental na luta contra a política de morte de um Estado policial fascista que reprime milhões de trabalhadores nas favelas e periferias do país.