Monopólio e falta de planejamento da produção de plástico pelos monopólios capitalistas é uma das causas do aumento da poluição no mundo. Apenas 20 empresas controlam 55% da produção do material em todo planeta.
Caio Bessa | Macaé (RJ)
MEIO AMBIENTE – Um estudo alarmante, divulgado pela The Plastic Waste Makers Index, nos mostra a verdadeira face da crise do excesso de produção de plástico que assola o mundo: 20 empresas são responsáveis por 55% de todo o plástico produzido globalmente. Essa concentração de recursos naturais e meios de produção nas mãos de uma minoria de bilionários escancara a irracionalidade do sistema capitalista, onde o lucro é colocado acima do bem-estar dos povos do mundo.
Agravando ainda mais a situação, não é surpresa que apenas 100 empresas controlam 90% dos resíduos plásticos do mundo. Essas multinacionais, sedentas por lucro rápido, inundam o mercado com produtos de plástico de uso único, contribuindo para a crescente montanha de lixo que sufoca nosso planeta.
Enquanto isso, a reciclagem, uma solução óbvia, representa uma mera fração dos esforços, com apenas 2% dos plásticos descartáveis sendo reciclados. Além disso, os trabalhadores da reciclagem são submetidos à informalidade, falta de condições de trabalho e a jornada excessiva de trabalho, dificultando ainda mais o cenário.
O financiamento desenfreado dessas operações destrutivas é apoiado por 20 bancos globais, evidenciando a cumplicidade do sistema financeiro no agravamento da crise ambiental. No Brasil, o quarto maior produtor de lixo plástico do mundo, as políticas de gestão de resíduos são insuficientes, refletindo o quanto as autoridades se vendem para atender aos interesses dos monopólios do plástico.
No mesmo estudo há a previsão sombria de que até 2025 serão gerados três trilhões de itens descartáveis. Este dado é um fato assustador do colapso do capitalismo, que prioriza a produção incessante em vez da proteção do meio ambiente. Disseminando assim microplásticos em todos os cantos do globo, incluindo os ecossistemas mais remotos, sendo encontrados dissolvidos até no sangue humano e na placenta de gestantes, apontado como um fator de risco para o desenvolvimento embrionário.
Não geração ou redução da produção plástica é uma das saídas
O Plano Nacional de Recursos Sólidos Brasileiro aponta que a primeira e mais importante medida a ser adotada é a substituição da composição das principais embalagens e sacolas de uso único freando a produção de plástico, no entanto essa medida não é adotada por conta de conflito de interesses corporativos.
Outro recente estudo do banco Credit Suisse revela números chocantes: mais de 400 milhões de toneladas de plástico são produzidas anualmente, resultando em uma média de 57 quilos por habitante que nunca pediram por essa produção. Ou seja, até um dos maiores bancos do mundo, controlado por bilionários, sabe da extensão do problema.
O plástico já foi encontrado desde o topo do Monte Everest até as profundezas inexploradas da Fossa das Marianas (na Oceania), demonstrando a onipresença e o quão irreparáveis são os danos causados pela sua produção.
Uma análise da indústria de embalagens no Brasil, feita pela Fundação Getúlio Vargas, mostra que esse mercado movimentou 93 bilhões de reais em 2020, aumentando para 118,4 bilhões em 2021 e alcançando 123,2 bilhões em 2022. Esse aumento exponencial no valor bruto da produção de embalagens no Brasil é apenas mais um indicador do crescimento descontrolado da indústria do plástico, alimentado pela ganância da burguesia e pela ausência do Estado no controle desta atividade econômica.
O único modo de frear essa crise, é derrubando o capitalismo e responsabilizando os verdadeiros culpados: os bilionários donos das empresas que lucram com a destruição ambiental. Chegou a hora de abandonarmos a mentira que a solução são ações individuais e exigir mudanças sistêmicas que coloquem a saúde humana e ambiental acima dos interesses corporativos. É preciso lutar pelo controle dos meios de produção pela classe trabalhadora, de lutar pelo socialismo.