Diretório Central dos Estudantes do CEFET-RJ aprovou dar o nome do estudante Matheus Cardoso, de 21 anos, morto em ação da PMRJ, à entidade estudantil. Matheus foi baleado numa perseguição policial que ocorria em frente à instituição federal no final de fevereiro.
Mariana Nepomuceno | Rio de Janeiro
JUVENTUDE – No dia 22 de fevereiro, dois alunos foram baleados em uma perseguição policial próximo a estação de São Cristóvão, nas imediações do CEFET-RJ, enquanto voltavam para casa após a aula. Foram encaminhados ao hospital e um deles recebeu alta no mesmo dia, enquanto o segundo, Matheus Cardoso Martins Passos, precisou passar por uma cirurgia.
Sabendo disso, no dia 05/03, o Diretório Central dos Estudantes organizou um mutirão para doação de sangue, levando mais de 30 estudantes, a fim de prestar apoio à família do Matheus. No entanto, o esforço dos estudantes se deparou com a notícia do falecimento do estudante de apenas 21 anos.
Matheus foi um jovem estudante do curso técnico subsequente de Administração, que assim como qualquer outro estudante da instituição tinha desejo de se formar e se tornar um bom profissional e vislumbrava uma vida melhor para sua família. A diferença é que sua vida foi interrompida pela violência consolidada no estado do Rio de Janeiro, que mata jovens negros periféricos todos os dias com o pretexto de trazer mais segurança. Mais segurança para quem? Para o povo que não é.
A ação da polícia que levou a morte do estudante foi feita numa região que é repleta de escolas e universidades, como o IFRJ campus Maracanã, Colégio Pedro II, UVA e Estácio, que sofrem diariamente, com o descaso da segurança pública nos arredores. O CEFET, por exemplo, no ano de 2022, teve um dia de aula suspenso por conta do grande número de assaltos em frente a instituição.
Nossa pergunta é: quantos mais estudantes precisam morrer para que nossa voz seja ouvida? Quantos Matheus, Àgathas ou João Pedros terão que ter suas vidas interrompidas em nome da manutenção de uma política de segurança pública disfuncional e genocida fomentada pelo governador Cláudio Castro?
Portanto, para fazer uma denúncia permanente e para que o nome de Matheus Cardoso nunca seja esquecido e que sua vida seja sempre lembrada, os estudantes votaram que a entidade carregasse seu nome. Além disso, o DCE seguirá com as mobilizações por mais segurança e lutando pelo direito de estudar sem o medo de morrer na esquina da faculdade.