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domingo, 22 de dezembro de 2024

Reitoria da UFPE ameaça despejar mais de 500 famílias da Ocupação Ranúsia Alves

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A Reitoria da UFPE convoca reintegração de posse forçada contra as famílias da Ocupação Ranúsia Alves. O terreno ocupado pelas famílias estava abandonado há mais de 30 anos, localizado no bairro do Engenho do Meio, na cidade do Recife.

Jesse Lisboa | Redação PE


LUTA POPULAR – A Reitoria da UFPE, que manteve um terreno inutilizado por mais de três décadas, agora busca na justiça a reintegração de posse do local, atualmente ocupado por mais de 500 famílias. Idosos, crianças, mulheres e pais de família enfrentam a ameaça de um despejo forçado e falta de diálogo por parte da Reitoria da UFPE.

Na última quinta-feira, o MLB realizou um grande ato durante a audiência com a justiça federal sobre o processo de reintegração de posse da Ocupação Ranúsia Alves. Durante a audiência, a reitoria recusou-se a negociar com o movimento e insistiu no despejo forçado das famílias, utilizando a força policial se necessário.

A decisão da reitoria da UFPE, que não apresenta nenhum projeto para o terreno, é desumana. A universidade pretende despejar as famílias para que o terreno volte a ficar completamente abandonado.

Quem são as famílias da Ocupação Ranúsia Alves?

Maria Madalena e Manoel Rufino lutam por moradia. Na foto, um casal sentado em cadeira, na frente do seu barraco na Ocupação Ranúsia Alves.
Maria Madalena de Melo e Manoel Rufino de Melo, seu marido. Foto: JAV/PE

“Pagava 500 reais de aluguel e recebia apenas 1 salário mínimo. Esse mês nem comprei gás e nem fiz feira.”, relata Maria Anunciada.

Cada uma delas tem um nome, uma luta e uma história. Dona Madalena e Seu Manoel, por exemplo, lutam diariamente pelo direito de morar dignamente. Assim como Maria Anuciada, que, aos 84 anos, participa da ocupação para conquistar sua moradia.

“Eu vim de São Paulo porque eu estava com um problema de saúde, eu e meu esposo. Eu tô com 75 anos, ele tem 78. Antes eu pagava 400 reais de aluguel.”, relata Dona Madalena.

Esses são apenas alguns exemplos dos moradores da ocupação, que seguem em luta. São essas as pessoas que a reitoria da UFPE rotula como criminosos. São essas as pessoas que a Reitoria da UFPE quer despejar violentamente.

Como surgiu a ocupação?

Moradora da Ocupação Ranúsia Alves estendendo roupas na frente de sua casa.
Moradora da ocupação estendendo roupas. Foto: MLB/PE

Matheus Araújo, militante do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), descreve como surgiu a Ocupação Ranúsia Alves:

A Ocupação Ranúsia Alves nasceu na madrugada do dia 18 de março e é organizada por famílias sem teto ao lado do MLB. A ocupação ocupa um terreno abandonado há mais de 30 anos pela Universidade Federal de Pernambuco, terreno esse que a universidade não apresenta nenhum projeto para cumprir a sua função social. Esse terreno, para nós, está em situação ilegal, pois não segue a diretriz de cumprir a função social do terreno. Por isso que essas famílias, que estão cansadas de pagar aluguel, de viver no déficit habitacional, decidiram ocupar esse espaço, que estava completamente sujo, abandonado, e que hoje serve de moradia para mais de 500 famílias. O movimento tem enfrentado uma dificuldade em garantir o diálogo com a universidade, que pediu na justiça uma reintegração de posse forçada e sem garantia de negociação com as famílias. Mas enquanto isso, o reitor Alfredo Macedo segue sem querer o mínimo de diálogo com as famílias e solicita que a Polícia Federal faça a reintegração de posse da ocupação. Por isso que o movimento tem realizado uma série de campanhas de solidariedade para impedir que isso aconteça.”

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2 COMENTÁRIOS

  1. A Reitoria da Universidade Federal de Pernambuco está colocando um “venda nos olhos”, agindo dessa forma truculenta. Sem buscar o diálogo, apenas a força policial. E fico pensando ….Será que a paisagem anterior estava mais bonita e digna, digo….enquanto abandonada? Por que a Universidade não estabelece um diálogo, “uma rua de mão dupla….?” A insensibilidade do Magnifico Reitor não enxerga o pedido de socorro dessas familias!

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