Entre os dias 26 e 28 de março de 2024, o presidente Lula recebeu o atual presidente Francês, Emmanuel Macron, sob o pretexto de “estreitar relações entre a França e o Brasil”. O que resultou da visita foi, no entanto, uma reafirmação do interesse imperialista francês na exploração do patrimônio e dos recursos ambientais brasileiros.
Thaís Steinmuller Farias | Paris, França
INTERNACIONAL – No total, 21 acordos foram assinados, dentre estes, um número significativo trata-se de cartas declarações burocráticas de intenções. Contudo, um deles merece atenção: o acordo de interesse francês para a exploração de reservas brasileiras de urânio. Hoje, a França tem o seu domínio sobre o Urânio do Níger ameaçado pelas rebeliões populares anticoloniais e antifrancesas.
A dinâmica predatória de exploração francesa gera contradições no território nigeriano: 15% do urânio “francês” vem do Níger enquanto cerca de 85% dos nigerianos não possuem acesso à eletricidade. Os lucros bilionários vão parar nos bolsos dos patrões da empresa criminosa “Orano“, ex-“Areva“.
O Brasil detém a oitava maior reserva de urânio do mundo e a exploração massiva de jazidas na floresta amazônica teve início nas décadas de 1970 e 1980, durante a Ditadura Militar Fascista. Essa exploração nasceu de forma truculenta por meio de invasão e assassinato que culminaram no genocídio do povo indígena Waimiri-Atroari. Os trabalhadores sobreviventes denunciam diversos crimes como espancamentos, prisões ilegais e tortura.
A ideia de permitir a exploração de empresas estrangeiras em reservas brasileiras de urânio foi interesse central dos governos de Jair Bolsonaro e de Michel Temer. Em 2022, Bolsonaro sancionou uma lei que autoriza o setor privado a explorar minérios nucleares nacionais.
A energia nuclear e sua exploração sustenta o neo-colonialismo e a ideia de que a “transição ecológica” e de independência energética, perpetuada pela França e por outros países da Europa Ocidental, é uma farsa que se sustenta na exploração ferrenha dos países dependentes pelos países imperialistas.
Assim como os povos da região do Sahel, na África Ocidental, o povo brasileiro não tem nada a ganhar com a abertura para a exploração imperialista dos nossos recursos naturais. Enquanto não tivermos soberania de decisão sobre nossos próprios recursos naturais, eles continuarão a ser utilizados para enriquecer uma minoria parasitária e não para atender às necessidades ardentes das populações locais e de preservação e autonomia dos povos indígenas e ribeirinhos.
Para isso, somente a mobilização popular pode construir as bases de uma economia emancipada e independente do parasitismo imperialista, rumo ao socialismo.