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segunda-feira, 17 de junho de 2024

Estudantes da UFRJ entram em greve contra cortes na educação

Na última quinta-feira (23), mais de 500 estudantes participaram da assembleia geral do DCE da UFRJ. A assembleia pautou a necessidade da luta pela recomposição orçamentária e decidiu pela deflagração de greve geral na UFRJ a partir do próximo dia 11.

Igor Marques* | Redação RJ


EDUCAÇÃO – Este ano já está marcado por uma das maiores greves na educação pública em todos os tempos. Em um contexto de constante desmonte da educação superior no país, diferentes categorias da educação entraram em greve por melhores condições de trabalho e estudo, por recomposição salarial e por mais orçamento para as universidades.

Desde março, os trabalhadores técnico-administrativos em educação (TAEs) estão em greve nacionalmente pela reestruturação da carreira e pela recomposição do orçamento das universidades. Além da UFRJ, TAEs de outras instituições de ensino superior do estado do Rio de Janeiro, como a UFF e a UNIRIO, também estão em greve. Nessas universidades, o movimento grevista conta também com apoio dos docentes das universidades.

No momento, já são mais de 60 universidades e 500 campi de institutos federais em greve por todo o país. As greves surgem em resposta a uma política de anos de falta de investimentos na educação pública, com um sucessivo sucateamento da estrutura física da universidade e falta de políticas de permanência estudantil. 

Neste ano, foram cortados mais de 300 milhões de reais das universidades pelo Ministério da Educação. A UFRJ, historicamente, é uma das universidades mais afetadas por essa realidade. Isso porque a universidade, além de todo o seu funcionamento básico, ainda possui diversos campus localizados em prédios históricos – como o IFCS e o Museu Nacional – e diversas obrigações orçamentárias específicas. 

Frente a toda essa conjuntura, os estudantes também se mobilizam por seus direitos. A greve na UFRJ se tornou cada dia mais inevitável. Durante semanas, diversos cursos mobilizaram os estudantes em assembleias e mobilizações locais até que, na última quinta-feira (23) ocorreu a Assembleia Geral do DCE Mário Prata da UFRJ para a deflagração da greve geral na universidade.

UFRJ sofre com a falta de estrutura

Durante os últimos dez anos, em especial nos governos de Temer e Bolsonaro, a política de desmonte da educação foi intensificada. Essa realidade, fruto de um projeto neoliberal de educação que não prioriza as universidades públicas do país e que impõe um teto de gastos para a educação impactou profundamente na UFRJ e em sua situação orçamentária

O orçamento da universidade para o ano de 2024, sem considerar a inflação, é inferior em cerca de 400 milhões em comparação com o ano de 2012. Além disso, a universidade sequer possui orçamento para cumprir com todas as suas despesas para o ano, sendo necessário um suplemento de, ao menos, 176 milhões de reais.

Considerando a estrutura física da universidade após tantos anos de descaso, seriam necessários quase 800 milhões de reais para todas as reformas urgentes na universidade. Essa falta de estrutura traz riscos diretos aos estudantes e trabalhadores da universidade, com prédios com risco de desabamento e com fiação elétrica completamente comprometida. O trágico caso do incêndio do Museu Nacional é um dos claros exemplos do que a falta de investimentos na estrutura da universidade pode causar.

Recentemente, já em meio ao período letivo, parte do prédio da Escola de Educação Física e Dança (EEFD) desabou durante uma madrugada, meses após evento semelhante já ter ocorrido. O prédio do IFCS-IH, que conta com os cursos de História, Ciências Sociais e Filosofia, está há cerca de duas semanas sem aulas por conta de uma contaminação da água do campus, que tornou a água potável imprópria para consumo; e, recentemente, passou por um princípio de incêndio fruto da falta de manutenção de equipamentos.

Essa realidade é comum em diversos locais da universidade. Diversos Centros Acadêmicos em toda a UFRJ, com apoio do DCE, organizaram assembleias para tratar da luta em defesa da educação e da greve. Estudantes de cursos como História, Ciências Sociais, Filosofia, Serviço Social, Educação Física e Dança já decretaram greve antes mesmo da assembleia geral do DCE.

Assembleia geral une estudantes em defesa da educação

Mais de 500 estudantes participaram da assembleia realizada na última quinta-feira (23), no prédio da EBA-FAU. A assembleia foi marcada pela necessidade de uma luta unificada em defesa da educação por todos os segmentos da universidade e a importância de construir mobilizações cada vez maiores dentro e fora da universidade.

Assembleia do DCE lota o auditório da EBA/FAU. Foto: Daniel Paiva (JAV/RJ).

Durante a assembleia, os estudantes decidiram pela deflagração da greve no dia 11 de junho, onde será realizada uma nova assembleia geral. Até lá, será realizado um grande calendário de lutas para mobilizar estudantes de todos os cursos e campi e garantir as demandas fundamentais para a universidade e para os estudantes, como o reajuste salarial dos trabalhadores da universidade, o PNAES como lei, o reajuste das bolsas pautado pelo salário mínimo, recomposição orçamentária e o fim da política de austeridade fiscal.

Alexandre Borges, coordenador-geral do DCE da UFRJ, declarou que “Nesse momento precisamos juntar os estudantes, professores, técnicos e terceirizados na educação para lutar pelo que é nosso: orçamento para universidade pública e dignidade para estudar”.

*Estudante de História na UFRJ

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