Em Belo Horizonte, famílias da região da Izidora ocupam Companhia Urbanizadora e de Habitação de Belo Horizonte – URBEL, para inclusão da Ocupação Esperança e Vitória no plano de urbanização.
Redação MG
LUTA POPULAR – Nesta quarta-feira (19), as famílias da Ocupação Esperança e Vitória, junto com o MLB, ocuparam a Companhia Urbanizadora e de Habitação de Belo Horizonte, a Urbel, para reivindicar a inclusão das ocupações no plano de urbanização, mantendo o diálogo e o respeito com os moradores.
A luta das famílias da Região da Izidora não é de hoje. Em 2021, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) iniciou um processo de urbanização das 4 ocupações da Região da Izidora, na região Norte de BH, que somam cerca de 8 mil familias. Uma das exigências da PBH para a realização do processo foi a derrubada de mais de mil casas das ocupações.
Apesar das imposições da Prefeitura, as duas maiores ocupações, Esperança e Vitória, que somam mais de 6 mil famílias, não cederam ao processo de despejo, e, como uma forma de punição, a prefeitura da cidade as retirou do plano de urbanização.
“Nós não concordamos com o método de urbanização que a prefeitura vem usando nos últimos anos, baseado nas desastrosas experiências do Aglomerado da Serra, Morro do Papagaio (região centro sul), da Vila São José e Pedreira Padre Lopes (regional Noroeste). Em todas essas houve expulsão e despejo de alguns milhares de famílias, e muitas dessas estão lutando até hoje para serem reassentadas”, disse Edinho, coordenador Nacional do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB).
“A reivindicação das famílias da Izidora hoje na ocupação da URBEL é para a gente entrar no plano de urbanização da Prefeitura. Falaram que iam usar a verba para urbanizar toda a Izidora, mas essa história não é verídica. A Ocupação Esperança e Vitória são grandes, e ficaram de fora do plano. Se nós temos melhoras hoje dentro da nossa comunidade, foi pela construção popular. A gente fez uma horta comunitária, um calçamento, uma concretagem na avenida principal, as áreas verdes no centro da nossa ocupação, somos nós que fizemos e cuidamos. A gente quer que eles façam o básico, porque a gente cuida do resto. O nosso lixo é a gente que trata. A Prefeitura e a URBEL não fazem nada por nós. Nós queremos urbanização sim, mas queremos uma urbanização justa, ética e popular, do jeito que nós sabemos fazer. Que a URBEL nos respeite! Só isso que pedimos pra eles”, declarou Edna, liderança da região e do MLB.
Desde então, a Prefeitura reforçou que só oferece violência para quem luta por moradia digna. À mando de Fuad Noman, prefeito da cidade, a Guarda Municipal de Belo Horizonte (GMBH) se estabeleceu na porta da URBEL sem abrir nenhuma negociação. Uma ação de reintegração de posse, ainda sem julgamento até o fechamento desta matéria, foi aberta para expulsar as famílias que reivindicavam seus direitos.
Até mesmo a entrega de alimentos para quem estava construindo a ocupação foi impedida pela GMBH. Esta é mais uma demonstração da política higienista aplicada pela atual Prefeitura de Belo Horizonte. É corriqueiro o método de perseguição e despejo das ocupações urbanas, como aconteceu neste ano com a Ocupação Edneia Ribeiro, sem nenhum diálogo com o Movimento de Mulheres Olga Benario, que construiu a ocupação na luta pela vida das mulheres.
Esta quinta-feira (20) amanheceu com as famílias resistindo e permanecendo com o acampamento dentro da URBEL, exigindo seu direito à moradia digna e devido respeito e diálogo da prefeitura com as famílias. O Jornal A Verdade continuará acompanhando esta luta.