Após conquistas de parte da pauta de reivindicações, professores e técnicos administrativos debatem a saída unificada da greve da educação federal.
Redação
TRABALHADORES – Após cerca de 70 dias de greve, professores e técnicos administrativos das universidades e institutos federais de educação debatem a fim do movimento grevista. Até agora, a força do movimento grevista já conquistou a recomposição parcial do orçamento da educação, mudanças nos planos de carreira dos servidores e reajustes salariais em 2025 e 2026.
O movimento paredista ocorreu em mais de 60 universidades e 500 campi dos institutos federais e foi a maior greve unificada do setor nos últimos anos. A motivação para a paralisação foi o fato do atual governo federal ter demorado em atender a reivindicação dos servidores e ainda ter anunciado um corte de mais de 300 milhões de reais no orçamento da educação para 2024.
Mesmo sem atingir a proposta máxima de recomposição das perdas salariais e do orçamento necessário nas instituições de ensino, a greve obteve significativos ganhos. Nos próximos dois anos Técnicos Administrativos e Docentes obterão ganhos salariais entre 14,5% e 60% a depender do cargo, tempo de trabalho e formação acadêmica. Sobre o orçamento de universidades e Institutos a recomposição do custeio foi de 30% da demanda.
No entanto, mesmo com as vitórias do movimento, o governo federal e o presidente Lula continuaram irredutíveis em aceitar um reajuste salarial já no ano de 2024. O motivo é o plano do governo em garantir o pagamento dos juros da dívida pública com o chamado “déficit zero”. Ou seja, os servidores ficaram sem reajuste neste ano para que o Estado usasse o dinheiro para dar para bancos e fundos financeiros detentores da dívida pública.
Com o novo cenário, a maioria das bases do Sinasefe (representante dos servidores dos institutos federais) e do ANDES-SN (representante dos professores das universidades) aprovaram o aceite do acordo com o governo. No entanto, a rodada de assembleias destas entidades ocorreu após a rodada de assembleias de base da Fasubra (representante dos Técnicos Administrativos), que havia aprovado a manutenção do processo de negociação com o governo.
“Nós do MLC acreditamos que é necessária a garantia da assinatura do acordo e a saída unificada das entidades nacionais da educação [ANDES, FASUBRA e SINASEFE] da greve, pois tudo que construímos em conjunto garantiu avanços para os orçamentos das instituições de ensino e para as categorias. A força da nossa unidade é a garantia das lutas que virão.”, afirmou Helena Nera, coordenadora da Fasubra e militante do Movimento Luta de Classes.
Os sindicatos da educação federal se preparam agora para organizar um desfecho unificado para a greve que garantiu importantes vitórias para a educação pública federal, que vive sob ataque por mais de 10 anos. Nesse período, servidores viram seus salários serem arrochados, verbas para a manutenção das instituições foram cortadas e a pesquisa e o ensino superior foram fortemente atacados pelos governos do golpista Michel Temer e do fascista Bolsonaro.
“Temos que garantir o fortalecimento das nossas entidades e da militância que se constituiu nessa greve nacional da educação. Defendemos a garantia de um texto que consolide as vitórias da greve no acordo a ser assinado e precisamos construir uma campanha unificada pela recomposição total do orçamento da educação, da [instituição] da data base no serviço público federal e a auditoria cidadã da dívida pública.”, afirmou Helena Nera na página do MLC no Instagram.