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quinta-feira, 21 de novembro de 2024

CARTA | Quantas vidas o projeto de privatização do Metrô DF ainda irá levar?

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O problema do Metrô não é ser um bem público, é estar com investimento insuficiente; é ter uma categoria que está há mais de 10 anos sem concursos para contratação de novos funcionários, fazendo com que os empregados estejam sobrecarregados e acumulando muitas funções.

Thiago Medeiros | Brasília


CARTA – Pelos mais de 42 quilômetros da extensão do Metrô do Distrito Federal, ouve-se o murmurinho da insatisfação: “Tá atrasado!”; tá quebrado”; “pegou fogo!” ou “tá parado!”. O povo trabalhador, usuário do transporte público, sabe que o Metrô – DF não está funcionando como deveria. A nossa indignação é verdadeira e ela tem um responsável central, Ibaneis Rocha (MDB).

O governador tem provado, através dos seus mandatos, que é compromissado somente com os ricos, pouco se importando com a vida da classe trabalhadora do quadradinho. Nada deixa isso mais claro do que o seu trato com o Metrô – DF, com a população que o usa e com os funcionários que trabalham no modal de transporte. Ibaneis quer vender este bem do povo para enriquecer ainda mais os burgueses da capital, que transformarão o meio de transporte de mais de 160 mil pessoas diárias em um meio de lucrar.

As falsas promessas da privatização

Por que o Metrô não funciona como deveria? Por que atrasa? Por que quebra? Por que pega fogo? Por que para?

A resposta para todas essas perguntas é uma, o sucateamento. Um sistema tão complexo como o do Metrô exige uma quantidade adequada de profissionais nas estações, investimento em manutenção e concursos para recomposição da equipe, tudo que não vimos do governo de Ibaneis.

A diferença de investimento da gestão emedebista para a do governo anterior é de mais de 1 bilhão de reais, sendo que as demandas continuam as mesmas, senão maiores. Com essa situação, o governador cria um problema e se lança a salvador com uma solução, a privatização.

Agora, pensemos juntos, se o Metrô, atualmente, está sendo tão severamente prejudicado pelo milionário Ibaneis, por que outros ricos saberiam solucionar seus problemas? A lógica privatista é mentirosa!

O problema do Metrô não é ser um bem público, é estar com investimento insuficiente; é ter uma categoria que está há mais de 10 anos sem concursos para contratação de novos funcionários, fazendo com que os empregados estejam sobrecarregados e acumulando muitas funções. É necessário lutarmos pelo Metrô, pois o Metrô é nosso, da classe trabalhadora do Distrito Federal. Nós, que pegamos o Metrô nos horários de pico, sabemos que não tem um rico andando no trem conosco. As pessoas com as quais estamos espremidos, são como nós, são trabalhadores. Se a burguesia não pega Metrô, também não tem que pegar lucro nele.

Quem paga pela privatização?

O empresário pode achar que é ele, com seu sujo dinheiro, mas os trabalhadores do Metrô – DF já estão pagando com seu sangue. O projeto de sucateamento do Metrô vem silenciosamente levando as vidas de trabalhadores e trabalhadoras da categoria, que se veem reféns e vítimas de sua própria profissão.

Somente no ano passado (2023), tivemos o caso do atropelamento de um vigilante terceirizado entre as estações Águas Claras e Taguatinga Sul enquanto fazia uma ronda nos trilhos dos trens a fim de evitar roubos do cabeamento. Houve, também, um acidente que levou dois funcionários do Metrô a sofrerem queimaduras após um choque elétrico em uma subestação de energia da estação Galeria, onde um dos trabalhadores sofreu queimaduras de 1º, 2° e 3° grau em 50% de seu corpo. Podemos falar também da morte do engenheiro do Metrô que sofreu uma queda na sala técnica da estação Praça do Relógio, quando parte do piso cedeu sob seus pés.

A preocupação de que novos acidentes ocorram afeta profundamente a categoria, como relata Amanda Sousa, agente de estação e uma das diretoras do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transportes Metroviários do Distrito Federal (SindMetrô/DF): “A gente tem uma insegurança muito grande no trabalho em relação a integridade física e psicológica diante das últimas ocorrências de trens pegando fogo e explosões em equipamentos. A gente teme muito pela vida de terceiros, os usuários do Metrô; a gente sabe da responsabilidade que é carregar milhares de vidas diariamente. [A gente] teme pela vida dos nossos colegas e pela nossa vida, porque sabemos que pode vir a chegar um extremo de fatalidade decorrente desse sucateamento tanto com usuários como com a gente mesmo. Então a gente fica nesse clima de tensão.”

O Metrô é nosso!

Fica claro para todas as pessoas que usam o Metrô – DF que o modal de transporte está em uma situação de precariedade. O que também precisa ficar evidente é que isso não é somente um “desinteresse” por parte do governo do DF, mas sim um projeto de entregar tudo aquilo que é dos trabalhadores nas mãos de empresários, muito similares ao próprio governador Ibaneis, para que eles possam lucrar com o bem que tem de ser do povo.

O Metrô – DF precisa, urgentemente, de maior investimento em sua estrutura e de um concurso público para recompor o quadro de funcionários, que está defasado e sobrecarregado. O Metrô é nosso e por isso temos que lutar por ele!

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