Em todo o país, prefeituras são controladas por grupos burgueses que entregam todos os recursos para os empresários ricos, deixando o povo trabalhador à míngua. Votar nas candidaturas da UP é desmascarar essa farsa e dar fortalecer a luta contra a exploração e pelo socialismo
Luiz Falcão | Comitê Central do Partido Comunista Revolucionário (PCR)
No próximo dia 6 de outubro, vão acontecer eleições para as prefeituras e câmaras municipais de 5.569 cidades brasileiras. Embora a Constituição determine igualdade de disputa entre todos os partidos políticos, o Congresso Nacional aprovou várias leis, as chamadas cláusulas de barreira, para impedir que os partidos revolucionários tenham tempo na TV, no rádio e na internet. Por isso, os eleitores e eleitoras não verão os candidatos da Unidade Popular (UP) nas propagandas eleitorais que inundarão nossas casas nos próximos 30 dias. Assistirão, entretanto, hipócritas, corruptos e impostores tentando enganar o povo. Além disso, sem nenhuma consulta popular, os partidos burgueses e pequeno burgueses decidiram utilizar 100% do Fundo Partidário e 99% do Fundo Eleitoral para financiar os partidos que defendem o sistema capitalista e detêm o controle das prefeituras, dos governos e do Congresso Nacional.
Mas, por que a classe dominante teme o Partido da Unidade Popular? Porque a UP defende o fim da exploração dos trabalhadores pela burguesia e não tem medo de denunciar as verdadeiras causas da pobreza, dos aumentos dos preços dos alimentos, da violência contra a mulher e da falta de moradia popular. Em resumo, a classe dominante não quer que o povo saiba que apenas acabando com o sistema capitalista, um sistema que beneficia uma minoria de ricos patrões e banqueiros, é possível solucionar os problemas sociais e construir uma sociedade justa e democrática.
No entanto, não há um só prefeito que não diga que fez muito e se reeleito fará muito mais. Porém, quando observamos com atenção os últimos quatro anos vemos que é uma mentira deslavada. Já os candidatos que se declaram oposição propagam que vão realizar grandes mudanças. Não dizem, porém, que defenderam cancelar as eleições em 2022, que apoiaram um ladrão de joias e responsável direto pela morte de mais 300 mil pessoas de Covid 19 e que promoveram o fracassado golpe fascista de 8 de janeiro.
Para evitar o debate sobre os problemas do país, os candidatos dos partidos ricos e seus meios de comunicação afirmam que as eleições são municipais e se deve discutir apenas as questões da cidade. Mas, o que são as cidades sem as pessoas? É possível, por acaso, debater algum problema de um município sem levar em consideração os problemas das pessoas que vivem nessas cidades? Claro que não! Então, porque esconder a realidade em que vive a imensa maioria da população? Por que deixar de lado o drama do desemprego, da violência policial contra os pobres, o racismo, o descaso com a saúde pública, a privatização do transporte público e a injustiça social?
Prefeituras são contra os pobres e a favor da classe rica
Mas qual é a realidade em nossas cidades?
De acordo com o Observatório de Políticas Públicas da UFMG, 300.868 pessoas vivem em situação de rua nas cidades brasileiras. Somente na cidade de São Paulo, são mais de 80 mil pessoas. Em Belo Horizonte, 5,3 mil pessoas, conforme o 4º Censo da População Adulta em Situação de Rua. (O TEMPO, 21/06/2024).
Na capital da Bahia, Salvador, levantamento da Secretaria de Promoção Social concluiu que mais de cinco mil pessoas estão em situação de rua e dados do Cadastro Único do Governo Federal de julho de 2023, apontou que 14.004 mil pessoas vivem em situação de rua no Rio de Janeiro.
Ora, se os atuais governantes trambalharam tanto e fizeram tantas coisas boas porque há tanta gente em situação de rua? A verdade: os prefeitos são marionetes das grandes empresas e governam para atender seus interesses.
Com efeito, as prefeituras sequer tem coragem de destinar os milhares de imóveis abandonados para abrigar 6,2 milhões de brasileiros e brasileiras que moram de favor por não terem dinheiro para pagar um aluguel. Pelo contrário, quando as famílias pobres buscam se abrigar do frio, das chuvas e proteger sua família da violência e fazem uma ocupação, os prefeitos dão ordens para os guardas municipais e a Polícia Militar despejarem essas famílias. Eis o tamanho dessa injustiça: 1,5 milhão de pessoas pode a qualquer momento serem despejadas de onde moram. Que governantes são esses que abandona milhares de famílias sem uma casa para morar?
Aliás, não há um só capital que não tenha mães implorando por uma vaga em creche. De fato, mais de 630 mil crianças estão fora da escola por falta de vagas em 44% dos municípios brasileiros. Esses números são uma vergonha para um país que possui enormes riquezas e para prefeitos e vereadores que recebem por mês mais de R$ 20 mil dos cofres públicos.
Tem mais: devido ao enorme desemprego, milhões de jovens que vivem nas cidades são obrigados a trabalhar sem salário fixo e carteira assinada e fazendo entregas debaixo do sol, de chuvas ou do frio. Para piorar, um boçal que nunca bateu um prego numa barra de sabão, vai na TV e exibe uma carteira de trabalho para humilhar os que estão desempregados.
Onde está o dinheiro do ICMS e do IPTU?
A desculpa dos prefeitos para não realizarem obras em favor dos pobres é que não há recursos. Então, para onde está indo o dinheiro dos impostos que pagamos, do ICMS, do IPTU e de outras taxas? A resposta: as prefeituras usam o dinheiro do povo para pagar juros aos bancos privados e subsidiar as empresas privadas de transporte que cobram passagens caras e oferecerem um serviço de péssima qualidade.
Também a saúde pública está sendo privatizada. Os que tem dinheiro fazem cirurgias, tratam suas doenças e prolongam suas vidas. Os pobres esperam horas numa fila para marcar uma consulta e anos por uma cirurgia. Isso é cuidar da saúde do povo? Não, isso é desprezar os pobres e a prova de que os atuais prefeitos governam para as grandes empresas e defendem os que exploram o povo.
Não bastasse, até abril de 2024, mais de 21 mil mulheres foram estupradas no Brasil. Por dia, são 174 mulheres vítimas do crime de estupro, a maioria crianças de 13 e 14 anos. E a cada 46 minutos, uma mulher sofre violência sexual. (O Globo, 18/06/2024). O pior é que os partidos do Centrão (PL, Republicanos, União Brasil, PSD, MDB, PSDB, entre outros) querem colocar na cadeia as mulheres e deixar impune os estupradores. Ora, é claro que esse tipo de político burguês não merece nenhum voto do povo. Por isso, votar na UP é votar contra o estupro e contra os estupradores.
Não aos salários baixos e à exploração
Também os candidatos dos ricos nada falam da criminosa Reforma Trabalhista que retirou vários direitos dos trabalhadores nem do vergonhoso salário mínimo de R$ 1.412,00. Dizem que isso não é pauta das eleições municipais. Claro, eles estão de barriga de cheia, tem dezenas de imóveis e recebem altos salários, além das propinas dos empresários. Por isso, não se importam com o salário de fome dos trabalhadores e das trabalhadoras nem com os bairros e favelas em que que os pobres vivem. O que importa para os políticos e partidos da burguesia é defender a exploração capitalista e o lucro do patrão. Por isso, votar nos candidatos da UP para as prefeituras é votar pelos direitos dos trabalhadores, contra a exploração dos patrões e pelo socialismo.
Conclusão: as eleições são uma importante oportunidade para desmascarar os políticos e partidos da classe capitalista e realizar uma ampla campanha de denúncias políticas, desenvolver a luta e a consciência dos trabalhadores, realizar a propaganda do socialismo e crescer as fileiras do verdadeiro exército do povo.
Matéria publicada na edição nº 298 do jornal A Verdade