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quarta-feira, 6 de novembro de 2024

Um ano do genocídio em Gaza: bombas de Israel já mataram mais de 52 mil palestinos

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Mesmo debaixo de bombas e sob a constante mira das metralhadoras das tropas invasoras, o povo palestino mantém sua resistência ao genocídio e a disposição para defender sua vida e seu território.

Redação 


EDITORIAL – O dia 07 de outubro marca um ano de mais um episódio do genocídio organizado pelo Estado de Israel contra o povo palestino, com apoio do governo dos EUA e das grandes potências europeias. São oito décadas de ocupação ilegal do território da Palestina, com a criação de assentamentos de colonos israelenses e expulsão da população local e o assassinato indiscriminado de homens, mulheres, crianças e idosos.

Durante este último ano, o jornal A Verdade buscou fazer uma cobertura que trouxesse a realidade à qual o povo palestino está submetido, especialmente na Faixa de Gaza, onde o massacre se concentra atualmente.

Denunciamos as táticas usadas pelo Exército de Israel para executar o genocídio definido pela política imperialista dos governos norte-americano e israelense. Mas também falamos das grandes mobilizações mundiais em defesa da Palestina livre e da resistência inquebrantável do povo palestino. Povo que, mesmo submetido aos piores crimes contra a humanidade, não abandonou seu território e continua a se opor à invasão e ao terrorismo de Estado, ao extermínio das bombas e balas do regime sionista do sanguinário Benjamin Netanyahu.

Genocídio em Gaza

O regime sionista de Israel já matou, em números oficiais, mais de 42 mil palestinos. Ainda existem cerca de 10 mil desaparecidos, há meses soterrados sob os escombros das cidades destruídas. Portanto, podemos falar em mais de 52 mil mortos. Aproximadamente 70% dessas vítimas diretas são mulheres e crianças. Os feridos passam de 100 mil, com um número ainda desconhecido de pessoas que ficaram amputadas ou cegas.

“Este é o maior genocídio de todos os tempos, e televisionado. Estudos apontam que, para cada morte oficial, decorrente diretamente das ações bélicas, haveria mais quatro mortes. Esse total daria quase 10% da população de Gaza um ano atrás, mais de 200 mil pessoas. Este não é um genocídio promovido por tresloucados de Israel. É um genocídio promovido pelas grandes metrópoles, pelos EUA, pela Inglaterra, pela França, pela Alemanha”, afirma Ualid Rabah, presidente da Federação Árabe-Palestina do Brasil (Fepal).

Tirando as vítimas diretas dos bombardeios de soldados sionistas, mais de 2 milhões de palestinos foram expulsos de suas casas e forçados a perambular pela Faixa de Gaza (que possui apenas 365 km2) para fugir das bombas. É desconhecido ainda o número de pessoas vítimas de doenças psicológicas, fruto dos traumas gerados pela violência dos ataques.

No dia 21 de setembro, o jovem Fadi Alwhidi (que aparenta ter menos de 15 anos), deu um depoimento em vídeo, desesperado, logo após sobreviver a um bombardeio que matou toda a sua família no Norte de Gaza: “Estávamos assando pão. Quando, de repente, veio um míssil e destruiu nossa casa. Queremos comer, queremos viver. Como isso pode ser certo?! Não temos mísseis nem aviões, nem produzimos nada. Martirizaram minha avó, meu avô e meu tio. As pernas do meu pai foram amputadas [logo depois, ele também faleceu]. Oh, Deus! Oh Deus! Mataram minha família!”.

Todos os hospitais foram bombardeados, a principal universidade de Gaza foi destruída, assim como mais de 85% das escolas. O cerco militar de Israel proibiu o acesso dos palestinos às plantações que ficam próximas à fronteira. No mar, a marinha israelense atira e mata pescadores, tudo com a intenção de não deixar os palestinos comerem.

Todas as fontes de água potável estão controladas por Israel, que deixa entrar água a conta gotas. As ajudas humanitárias entram apenas com autorização dos sionistas e correm o risco de sofrerem bombardeios. Em fevereiro, Israel atirou contra um comboio humanitário e matou mais de 110 palestinos e deixou mais de 700 feridos. 

Desde o início da guerra, Israel usou essas e outras táticas para aplicar a política de genocídio contra os palestinos. Na edição nº 292 de A Verdade, denunciamos que o regime sionista criou programas de computador para orientar drones e mísseis a matar o máximo de palestinos possíveis.

A notícia foi resultado de uma apuração de dois jornais israelenses, que mostrava que o verdadeiro objetivo do fascista Netanyahu é expulsar e assassinar os palestinos para anexar a Faixa de Gaza. Esta é uma das características do imperialismo capitalista, como demonstrou o líder comunista russo V. I. Lênin.

Até agora nenhuma organização internacional, como a ONU, tomou uma medida efetiva para enfrentar Israel. Tirando notas públicas de governos e discursos bonitos de presidentes, a maioria dos países continuam fazendo comércio com Israel e “apostando no diálogo”.

Cinismo da mídia burguesa

No entanto, nenhuma dessas atrocidades seria possível se não fosse o cinismo e a cumplicidade da grande mídia burguesa. Pintando o regime do fascista Netanyahu como a liderança mundial da “luta contra o terrorismo islâmico”, os monopólios de mídia norte-americanos e europeus (seguidos fielmente pela imprensa brasileira) omitem informações sobre o genocídio e apresentam os ataques de Israel “como direito de defesa”.

Ora, que direito de defesa é esse que deixa dois milhões de vítimas?! A Palestina ainda sequer é um país independente, é, na verdade, a maior vítima da política colonial contemporânea em escala mundial. Então, como pode uma das forças militares mais poderosas do mundo ter “direito de defesa” contra um território que ela própria ocupa?

E não para por aí: a grande mídia chama de “guerra” entre Israel e Hamas. Como se os palestinos, submetidos a mais 75 anos de ocupação militar, limitação de direitos, prisões e assassinatos arbitrários, não pudessem resistir.

Na edição nº 282 de A Verdade (novembro de 2023), quando os ataques não tinham completado nem dois meses, entrevistamos a jornalista Heloísa Villela, que esteve na Cisjordânia como correspondente do ICL Notícias. Na ocasião, ela nos explicou porque é mentira a história de “direito de defesa” apresentada pela mídia burguesa.

“A gente tem que deixar muito claro que esse negócio de direito de defesa é uma aberração. É uma ocupação colonial mesmo. Não há dúvidas. Porque uma guerra supõe duas forças. Não adianta querer comparar as duas coisas [Israel e palestinos]. Você tem um país que tem bomba atômica, tem um exército armado até os dentes, com dinheiro dos Estados Unidos, com as armas mais modernas. E, do outro lado, uma população faminta, que está tentando brigar pela sua liberdade. Basta você olhar as imagens de como está Gaza”, afirmou a jornalista na ocasião.

Agora, Israel quer ampliar ainda mais sua política de expansão, aprofundando o cerco às cidades e aldeias palestinas na Cisjordânia, que é a maior região do território da Palestina, iniciando uma campanha terrorista no Norte, contra o povo do Líbano, aliado histórico da causa palestina.

No fim das contas, para a grande mídia burguesa é como se o povo palestino não pudesse resistir e precisasse aceitar de bom grado a dominação sionista. No entanto, a vida mostra exatamente o contrário: o que mais os palestinos aprenderam a fazer ao longo de sua milenar existência na região foi resistir. E hoje, contam com o apoio e a solidariedade dos povos do mundo inteiro.

Resistência palestina

O extermínio que Israel impõe aos palestinos deixou descoberta a rede de mentiras que o sionismo conta ao mundo há 80 anos. Esta realidade se impôs de uma forma que nem Israel esperava. Isso porque, desde o início dos crimes de guerra, milhões de trabalhadores em todo o mundo se levantam em defesa da Palestina. Em grandes capitais do mundo ocorreram manifestações com centenas de milhares de pessoas, como Londres, Paris, Berlim, Tóquio, Nova Yorque e Bogotá. No Oriente Médio, a classe trabalhadora questiona cada vez mais os governos pelo imobilismo diante do genocídio palestino e continua promovendo gigantescas manifestações de rua pedindo cessar-fogo imediato e a criação de um Estado Palestino.

As monarquias absolutistas reacionárias, como Arábia Saudita e Marrocos, e mesmo repúblicas autoritárias, como Egito e Turquia, sofrem forte contestação de seus povos, pois, enquanto os EUA mandam bilhões de dólares em armas para Israel, seus governos continuam a ser capachos do imperialismo.

Centenas de universidades pelo mundo foram ocupadas por estudantes, que interromperam aulas e formaturas para exigir o rompimento de todas as cooperações científicas com universidades sionistas. Em muitas instituições, principalmente nos EUA e na Europa, esse objetivo foi alcançado.

Durante as Olimpíadas e as Paralimpíadas de Paris, o público demonstrou seu rechaço à delegação israelense, enquanto que a delegação palestina foi a mais aplaudida em todas as cerimônias. Nos tribunais internacionais, a pressão dos países amigos da Palestina, como a África do Sul, Colômbia e Cuba, tem conseguido alguns poucos avanços para responsabilizar Netanyahu e seus comparsas pelos crimes contra a humanidade.

Mas o mais impressionante de tudo é a resistência e a disposição do povo palestino para defender sua vida e seu território. Mesmo debaixo de bombas, mesmo sob a constante mira das metralhadoras das tropas invasoras, mesmo com o assassinato em massa das famílias, os palestinos continuam a resistir. Preservam sua cultura, sua língua e não saem dos territórios que ocupam há muitos séculos. O povo palestino demonstra ao mundo que não há outra saída contra o imperialismo do que a luta de um povo por sua própria libertação.

Publicado na edição nº 300 do Jornal A Verdade.

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