Localizada no Campus Butantã, a Ocupação “Sala Lilás Janaína Bezerra Vive” denuncia a falta de políticas efetivas da reitoria para enfrentar o crescente problema da violência de gênero na USP
Redação SP
Nesta segunda (25/11), nasceu na Universidade de São Paulo (USP) a Ocupação Sala Lilás Janaína Bezerra Vive. O novo espaço se estabelece como como um centro de referência para mulheres, que denuncia a necessidade de acolhimento e atendimento de vítimas de violência de gênero na universidade e as organiza para lutar por seus direitos.
Localizado na Travessa do Labirinto, nº 396, no campus Butantã da USP, a ocupação foi promovida em um local abandonado pela reitoria e que se encontra sem finalidade há anos na universidade.
“A Sala é um espaço para organizar mulheres em nossa universidade, buscando escancarar a falta de medidas efetivas para as vítimas de violência no campus por parte da instituição. Realizaremos atividades de formação, como reuniões, oficinas, e saraus para fortalecer estudantes, mães e trabalhadoras na luta por justiça e também pelo poder popular e o socialismo no Brasil”, explica Naomi, militante do Movimento de Mulheres Olga Benario.
Além de organizar a ocupação da Sala, o movimento já dirige dezenas de casas de mulheres por todo o país. Outras duas ocupações foram promovidas neste mesmo fim de semana que se conclui com o Dia Internacional Pela Eliminação da Violência, em São Caetano do Sul e Suzano.
Como denunciam os núcleos do movimento Olga Benario, o ambiente universitário ainda carece de medidas efetivas para a prevenção e o combate à violência de gênero e contra as mulheres nos campi da USP. Casos recentes na moradia universitária e na Praça do Relógio, que chegaram à mídia, levaram a uma onda de insatisfação de estudantes e trabalhadoras com a reitoria, já que os órgãos responsáveis não acolheram as vítimas e não as ajudaram a encaminhar sua denúncia.
Além de se somar aos questionamentos, o Movimento de Mulheres Olga Benario apresentou um projeto de espaço para enfrentar o problema: a Sala Lilás Janaína Bezerra Vive, que teria o objetivo oferecer orientação e acolhimento às vítimas de violência na universidade. Apesar disso, como já noticiou o jornal A Verdade, a reitoria da USP não aprovou a proposta, e a universidade seguiu sem uma ferramenta efetiva para enfrentar a violência de gênero.
Homenageada com o nome da ocupação da Sala Lilás, Janaína Bezerra foi uma estudante de Jornalismo da Universidade Federal do Piauí (UFPI) que foi vítima de feminicídio aos 22 anos no campus da faculdade onde estudava. A mobilização por justiça para Janaína, que resultou na condenação do assassino, se tornou um símbolo da luta em defesa da vida das mulheres na universidade. A nova Ocupação pretende levar adiante sua memória garantindo que estudantes, trabalhadoras e todas que fazem parte da comunidade uspiana sejam acolhidas quando mais precisam.
As organizadoras da ocupação reivindicam que a Universidade de São Paulo aceite a vigência de medidas protetivas, estabeleça o protocolo de acolhimento e encaminhamento de vítimas construído pelos movimentos feministas da universidade e que tenha um Centro de Referência capaz de dar seguimento às inúmeras denúncias recebidas diariamente.