Mobilização busca diminuir jornada de trabalho para menos de 6 dias na semana (conhecida como escala 6×1), sem diminuição do salário. Classe trabalhadora está a 44 anos sem diminuição jornada de trabalho.
Redação
TRABALHADORES – Nos últimos tem se ampliado a agitação na sociedade em defesa de uma emenda na Constituição para diminuir a jornada de trabalho. Hoje, a classe trabalhadora é submetida a uma jornada de 44 horas semanais, ou 6 dias de trabalho para um de folga.
Essa jornada foi conquistada 44 anos atrás, durante a redemocratização, quando foi consagrado essa jornada na Constituição Federal, após mais de 40 anos de greves, revoltas e mobilizações da classe trabalhadora brasileira. Desde então, a classe dos milionários e bilionários, donos das empresas que exploram os trabalhadores, se recusam a reduzir a jornada.
O fato é que quase um século depois, essa jornada não dá conta mais das necessidades da classe trabalhadora. Hoje, milhões de pessoas perdem de 3 a 4 horas do seu dia em transporte público da casa para o trabalho, ficam 8 horas dentro de seus empregos e tem menos de 8 horas para ter qualquer tipo descanso. No caso das mulheres é ainda pior, pois estão submetidas à jornada dupla ou tripla imposta pelos cuidados de casa e da família.
Esse cenário ampliou uma piora drástica na saúde mental dos trabalhadores. Hoje, o nosso país ocupa o 2º lugar mundial em casos de Síndrome de Burnout, segundo a Associação Nacional de Medicina do Trabalho. Essa síndrome é causada pelo extremo estresse no ambiente de trabalho e leva a cansaço, insônia, falta de concentração e outros problemas.
Luta contra a escravidão assalariada
Essa situação tem gerado revolta em setores cada vez mais amplos da classe trabalhadora.
Diante dos lucros bilionários das redes de farmácia, supermercados e outros setores da economia, os trabalhadores se veem num cenário de cada vez mais adoecimento e um salário de fome. Essa contradição ganhou força nos últimos dias com a ampliação da agitação do Movimento Vida Além do Trabalho (VAT) nas redes digitais e ruas das grandes cidades.
O movimento conseguiu garantir a eleição do vereador Rick Azevedo no Rio de Janeiro e desde então vem tentando fazer tramitar no Congresso Nacional uma Proposta de Emenda à Constituição para diminuir a jornada de trabalho e acabar com a escala 6×1. A PEC foi encampada pela deputada federal Erica Hilton (PSOL-SP) e ainda se encontra na fase de coletas de assinatura para tramitar.
A mobilização tem encontrado forte reação dos deputados fascistas que, como sempre fazem, defendem os interesses dos empresários ricos e milionários e são contra qualquer direito para o povo. O que os fascistas querem e manter a escravidão assalariada em nosso país.
Segundo Felipe Silva, militante do Movimento Luta de Classes e diretor do Sindicato dos Vigilantes do RJ, “desde o início da campanha pelo fim da escala 6×1, houve o apoio de alguns sindicatos, principalmente o Sindicato dos Comerciários do Rio de Janeiro, um dos principais a combater historicamente a jornada de trabalho excessiva, e dezenas de sindicalistas envolvidos, como eu, que fiz parte da coordenação nacional do VAT e atuo no Sindicato dos Vigilantes do Município do Rio de janeiro. Mas é preciso mais. É necessário um envolvimento em massa das centrais sindicais.”
Luta histórica dos trabalhadores contra a jornada exploratória
A luta desencadeada pelo Movimento VAT recupera a luta iniciada por centrais sindicais e movimentos de trabalhadores ainda em 2003. No entanto, a luta por uma jornada de trabalho menor com o mesmo salário está posta em nosso país desde o fim da escravidão.
Já em 1890, as lideranças operárias que lutaram contra a escravidão se colocavam na luta pela redução da jornada de trabalho (confira a história da luta dos trabalhadores pela jornada de 8 horas no documentário do jornal A Verdade sobre o Primeiro de Maio no Brasil, disponível neste link). Antes da jornada de 8 horas diárias de trabalho virar lei, em 1932, muitas categorias já haviam conquistado esse direito com greves e revoltas.
A luta dos trabalhadores contra a exploração e por salários dignos marcou todas as paginas da história do capitalismo em nosso país. Agora, a revolta da classe trabalhadora se apresenta novamente na conjuntura nacional.
Manifestações estão sendo convocadas em todo país para o próximo dia 15 de novembro. A ideia é pressionar os deputados federais a votarem e aprovarem a PEC. Só com a pressão dos trabalhadores nas redes e na rua será possível garantir a vitória dos trabalhadores, já que a maioria dos parlamentares só pensam nos interesses dos ricos e poderosos.
Confira a agenda de manifestações também pelas páginas do Movimento Luta de Classes neste link.