Mesmo sendo o terceiro maior produtor de comida do mundo, o Brasil teve grande inflação de alimentos em 2024. Ganância do agronegócio exportador e ataque especulativo são principais fatores por trás dos aumentos de preços que pressionam as famílias trabalhadoras
Felipe Annunziata | Redação
Leite longa vida subiu 18,83%, carnes subiram 20,21%, óleo de soja subiu 29,21%, café moído subiu 39,6% e laranja subiu 48,33% em 2025. Esses foram alguns dos aumentos absurdos de preço dos alimentos em 2024. Na grande mídia, as manchetes dizem que este cenário é culpa do clima, do dólar ou dos gastos do governo. Mas a realidade é outra.
De fato, 2024 foi um ano muito afetado pela crise climática capitalista. As inundações no RS, a seca em várias partes do Brasil e o excesso de chuva em outras prejudicaram a colheita de vários produtos. Mas esse não é o motivo principal pelo aumento dos preços, já que mesmo com esses problemas nosso país se manteve nas mesmas posições mundiais no ranking de produção de alimentos.
Outra justificativa da mídia burguesa é a suposta crise fiscal que nosso país estaria passando. Segundo eles, os gastos do governo pressionariam os preços da economia, incluindo os alimentos. Esse discurso está alinhado com os interesses do mercado financeiro que usa isso como argumento para defender o aumento dos juros extorsivos cobrados no país.
Essa questão tem menos a ver ainda com a inflação de alimentos. Já que o gasto do governo não interfere em nada na decisão dos donos das terras, fábricas e supermercados de exportar ou vender internamente os produtos alimentícios.
Os dados de inflação de 2024, divulgados nesta sexta (10) pelo IBGE, trazem consigo uma grande contradição: os maiores aumentos são justamente de mercadorias das quais o Brasil é um dos maiores produtores mundiais.
Nosso país é o quarto maior produtor mundial de leite, o maior produtor de óleo de soja, laranja e o segundo maior de café e carne bovina. O que explica, então, pagarmos tão caro por comida no supermercado?
Os culpados são os de sempre: os monopólios capitalistas bilionários. São os donos do agronegócio, das fábricas de alimentos e dos supermercados que definem quanto que a gente paga para comer no Brasil. Esse dado a imprensa esconde ou apresenta como se fosse algo inevitável.
Em nome do lucro, essas empresas preferem colocar esses produtos no mercado internacional do que colocar à disposição da população brasileira. Isto porque nosso país é vítima de um ataque dos banqueiros e fundos de investimentos que está fazendo o dólar chegar a mais de 6 reais. Nessas condições, para os capitalistas, dá mais lucro vender a comida produzida aqui no exterior do que no Brasil. Ou seja, estamos pagando mais caro na comida porque os bilionários decidiram vender a produção nacional fora do Brasil em vez de alimentar o nosso povo.
A dependência da economia brasileira ao capital financeiro internacional também cumpre um importante papel nessa crise, já que as mercadorias produzidas e consumidas no Brasil têm seus preços atrelados internacionalmente ao dólar, ficando-se assim sujeitas a suas variações.
Qual é a solução para o aumento dos preços dos alimentos?
Com esse cenário, se torna cada vez mais urgente o debate sobre o controle de preços no Brasil. Não é possível deixarmos a economia do nosso país nas mão de bilionários que só pensam no lucro.
É preciso uma rigorosa regulação do mercado de alimentos básicos no Brasil, com uma ação firme do Estado para impedir que a exportação de alimentos provoque uma diminuição da oferta no Brasil. Ao mesmo tempo, é necessário um forte controle sobre os supermercados e fábricas de alimentos para controlar os preços das mercadorias.
Intervir diretamente na produção e distribuição desses produtos é fundamental num país em mais de 25 milhões de pessoas passam fome aguda ou severa. Para garantir que nossas famílias tenham o que comer todos os dias é preciso atacar a ganância capitalista e garantir acesso do povo à comida boa, barata e saudável.