Aumento da passagem de ônibus para R$5,00 e do Metrô e CPTM para R$5,20, determinado por Nunes e Tarcísio, foi questionado em manifestação no centro da capital paulista. UP e movimentos sociais defenderam estatização e gratuidade do transporte coletivo
Redação SP
Na quinta-feira (9/1), milhares de jovens e trabalhadores realizaram uma forte manifestação no centro de São Paulo (SP) para denunciar o aumento abusivo no preço da passagem de ônibus na cidade determinado pela gestão municipal de Ricardo Nunes. O ato se concentrou em frente à sede da Prefeitura de São Paulo, no Viaduto do Chá, e percorreu ruas e avenidas importantes da capital paulista até se concluir no Terminal Bandeira.
No final do ano passado, o prefeito da capital paulista havia anunciado que a tarifa subiria de R$4,40 para R$5,00, o que significou uma alta de mais de 13% em seu valor. Em paralelo, seu aliado que ocupa o Governo do Estado, o fascista Tarcísio de Freitas, também promoveu um aumento na passagem dos transportes que estão sob responsabilidade estadual, como o Metrô e os trens da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). A partir do último dia 6 de janeiro, o usuário passou a pagar R$5,20 para utilizar esses serviços.
Os aumentos vêm em um contexto de precarização da mobilidade urbana e privatização dos meios de transporte que atendem a população da Região Metropolitana de São Paulo, o que foi denunciado no ato. Movimentos sociais como a União da Juventude Rebelião (UJR), o Movimento Luta de Classes (MLC) e o Movimento Correnteza estiveram presentes de forma massiva na manifestação.
Presença ostensiva da PM
Ao longo do ato, puderam ser vistas muitas faixas e cartazes denunciando o aumento da passagem e pedindo a implementação do passe livre. Ainda na concentração, uma catraca com uma caricatura de Ricardo Nunes foi queimada por manifestantes. Palavras de ordem como “O passe livre não é esmola! O filho do prefeito vai de carro pra escola”, “Aê, Tarcísio, vou te falar! Abaixa o preço ou São Paulo vai parar” e “Ô, motorista! Ô, cobrador! Me diz aí se seu salário aumentou” também ecoaram pelas ruas.
Para reprimir e criminalizar a indignação popular, um grande aparato policial se fez presente desde o início do protesto. Policiais militares portando fuzis e GCMs fortemente equipados circulavam em torno da massa e um comboio de motos da PM tentava conduzir o passo da manifestação. Na Praça da República, unidades da cavalaria se somaram ao comboio.
Na chegada da passeata ao Terminal Bandeira, no Vale do Anhangabaú, a Polícia Militar promoveu um cerco na frente da estação do Metrô, ameaçando jornalistas e fotógrafos (entre eles, colaboradores do jornal A Verdade) e tentando prender três manifestantes. A ação foi frustrada graças à intervenção popular, com palavras de ordem como “Lutar não é crime” e “Eu quero o fim da Polícia Militar”.
Transporte privatizado é caro e ruim
Nos últimos anos, os governos de Nunes e Tarcísio atuaram conjuntamente para levar adiante seu programa de privatização dos transportes paulistas, vendendo a promessa de que o serviço se tornaria melhor e mais barato. Contudo, os fatos mais recentes escancaram os problemas graves do modelo privatizado, que já estava em vigor no modal rodoviário, e demonstraram ao povo que nenhum dos benefícios prometidos pelos governos fascistas deverá se concretizar.
No ano passado, uma investigação revelou que várias das concessionárias que recebem anualmente uma grande quantidade de dinheiro da Prefeitura de São Paulo para gerir o transporte coletivo são controladas pelo crime organizado. No ano de 2025, o subsídio a essas empresas de ônibus chegará a R$6,5 bilhões, mas mesmo assim os empresários não aceitam a redução do preço da passagem e nem promovem a melhora do serviço, em uma enorme transferência de recursos do povo para bolsos privados sem que haja um retorno na forma de uma mobilidade urbana de qualidade.
Por sua vez, as linhas da CPTM que foram privatizadas pelo governo Tarcísio de Freitas têm sido palco de cada vez mais falhas de serviço desde que foram vendidas para grupos empresariais. As frequentes panes elétricas já causaram diversos “acidentes” e incêndios em veículos que levavam passageiros, arriscando a vida de milhares de trabalhadores. A despeito da escalada de problemas, o governador não titubeou em cobrar ainda mais caro dos trabalhadores pela passagem do trem neste ano.
UJR ocupa Estação da Sé
A União da Juventude Rebelião (UJR) e o Movimento Correnteza, que organizam jovens e estudantes na luta pelo socialismo, marcaram presença no protesto da quinta-feira questionando a falta de uma política mais ampla de passe livre estudantil no transporte público e denunciam os males causados pelas privatizações.
“A gente está aqui contra o fascismo, pela tarifa zero e por um transporte público, gratuito, estatal e de muita qualidade”, explicou Júlio César, diretor executivo da União Estadual dos Estudantes de São Paulo (UEE-SP) e militante do Movimento Correnteza, ao jornal A Verdade.
Logo após a dispersão do ato, militantes da UJR e da Unidade Popular (UP) se concentraram no vão aberto da Estação da Sé, onde estenderam bandeiras e faixas e fizeram uma agitação em forma de jogral para denunciar o aumento da passagem e convocar os trabalhadores e trabalhadoras no Metrô para a luta. Nas redes do jornal A Verdade, você pode conferir um registro da agitação.
Uma grande brigada do jornal A Verdade e a agitação dos militantes fizeram com que inúmeros trabalhadores parassem oferecendo palavras de apoio e buscando se somar à próxima manifestação. O ato seguinte já foi marcado para o dia 14/1, às 17h, em frente ao Theatro Municipal.
Gratuidade e estatização são alternativa
Desde 2023, a luta contra a privatização e a precarização dos transportes, em especial o Metrô e a CPTM, tem sido uma das prioridades da mobilização da Unidade Popular (UP) e do Movimento Luta de Classes (MLC) no estado de São Paulo. Além disso, na campanha eleitoral do ano passado, o partido também havia buscado destacar a importância da estatização e da gratuidade do transporte coletivo nas cidades do país, pontos que também constam em seu programa.
Por isso, a UP e os movimentos sociais se somaram em peso à manifestação contra o aumento na tarifa dos transportes, apresentando aos trabalhadores a sua proposta de enfrentamento à precarização e à privatização.
O aumento nas passagens de ônibus e Metrô determinado por Tarcísio e Nunes “dificulta o acesso da classe trabalhadora ao direito ao transporte, à locomoção e ao acesso à cidade. É por isso que o MLC se soma à luta dos estudantes pelo passe livre, pelo controle popular dos transportes, pelo poder popular e pelo socialismo”, explica Gustavo Matos, trabalhador do Metrô e militante do Movimento Luta de Classes e da UP.