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domingo, 16 de novembro de 2025

Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres escancara organização transfóbica

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Vivemos em uma sociedade que prega a transfobia e que relega as mulheres trans e travestis a negação de sua existência e a violências diárias. Por isso, é preciso combater e denunciar todos os falsos movimentos feministas que dizem defender a causa das mulheres. Na 5º Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres, em Brasília, mais um episódio de transfobia foi registrado. Elas respondem: “Transfobia não!”.

 Evelyn Dionízio- PE


 

MULHERES- A 5º Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres, promovida em Brasília entre os dias 29 de setembro e 1 de outubro, reuniu cerca de 4 mil mulheres de todas as regiões do país para ampliar as políticas públicas para as mulheres, conforme o Ministério das Mulheres. A ANTRA (Associação Nacional de Travestis e Transexuais) e a Fonatrans (Fórum Nacional de Travestis e Transexuais Negras e Negros), integrantes do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher participaram da Conferência para debater a assistência para as mulheres trans e travestis.

No entanto, no encontro estava presente a Matria (Mulheres Associadas, Mães e Trabalhadoras do Brasil), composta por mulheres transfóbicas – também chamadas de “radfem” ou feministas radicais. A associação repudiou a participação das organizações trans, alegando que o espaço deveria ser “exclusivo para mulheres”, em uma clara demonstração de violência. Essas mulheres se dizem feministas e pregam que “a verdadeira mulher é a biológica” e não é a única organização de extrema-direita que prega o ódio à comunidade LGBT+. O grupo faz parte da Aliança LGB (Lésbicas, Gays e Bissexuais) que, como a sigla indica, nega a existência de pessoas trans, travestis e outras expressões de gênero.

A Matria também se diz suprapartidária (acima de qualquer partido) quando na verdade defende a ideologia fascista e reacionária da extrema-direita. Afirma repudiar a “ideologia de gênero” nas escolas e prega pelo controle dos pais sobre os filhos quanto ao que é ensinado. Na realidade, o que se faz é proibir a educação sexual no ambiente escolar, tão importante para denúncias de abusos e assédios da juventude, grande parte meninas. Ou seja, a organização não defende os direitos das crianças.

Ainda sobre a negação à existência de pessoas trans, o Trans Murder Monitoring (Monitoramento de Assassinatos Trans) de 2024 revelou que 94% dos assassinatos contra pessoas trans no mundo são feminicídios, assim como observado nos anos anteriores. Vítima desse descaso, a modelo Miss Trans Paraíba Maria Clara Azevedo, tinha apenas 32 anos quando foi encontrada sem vida depois de 7 facadas em João Pessoa, Paraíba. Maria Clara só foi achada 3 dias depois da morte, no dia 29 de setembro, já em estado de decomposição, vítima da violência e da falta de segurança enfrentada pela população trans, principalmente pelas mulheres.

A Miss e Mister Trans Paraíba, nas redes sociais, denunciou: “perdemos mais uma vida preta e trans. Não é só luto, é revolta. Seguimos em uma sociedade que insiste em apagar corpos que lutam por existir”.

Também em protesto, as presentes no ato da Conferência Nacional entoaram “Maria Clara, Presente!” e “Transfobia não!” reafirmando seu direito à sociedade. Com isso, a Unidade Popular, através do seu 1º Encontro LGBTI+ no Rio de Janeiro concluiu que a transfobia contra mulheres advém da crescente misoginia e da exploração que elas encaram na sociedade capitalista. Por isso,

 

As mulheres trans e travestis, que têm a menor expectativa de vida dentro da comunidade LGBTI+ no Brasil (cerca de 35 anos) são tratadas no capitalismo como objetos sexuais e descartáveis. Isso ocorre porque, em uma sociedade patriarcal, a noção de mulher ainda está limitada à função reprodutiva, à subordinação ao homem, ao papel de esposa e mãe.

É por isso que setores reacionários e machistas negam às mulheres trans e travestis o reconhecimento como “mulheres de verdade”. Essa visão, além de desumanizar e excluir as mulheres trans e travestis, também aprisiona as mulheres cis nesse papel submisso, negando-lhes autonomia sobre seus corpos e seus direitos reprodutivos.

 

Transfobia não se cria em uma sociedade socialista livre de opressões e da exploração. Urge um movimento revolucionário da comunidade LGBT+ que lute por uma nova forma de viver. O Movimento de Mulheres Olga Benario esteve presente no primeiro dia de evento e reafirmou a importância do espaço para reivindicar uma sociedade mais justa e igualitária. Mais do que solidariedade dos Ministérios e da mídia burguesa, é preciso ações concretas que mudem a realidade a que as mulheres trans e travestis estão submetidas.

 

Marcela Almerindo, Presente!

Maria Clara, presente!

Agora e sempre!

 

 

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