Uma pesquisa realizada no mês de Junho e divulgada em setembro pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP) intitulada ‘Conservadorismo e progressismo na cidade de São Paulo’ analisou – através de várias perguntas em que os entrevistados eram convidados a opinar se concordavam ou discordavam – as opiniões dos moradores da cidade de São Paulo sobre política, religião, democracia e sexualidade. Foram entrevistados 1.287 moradores das diferentes regiões da cidade, classes sociais e faixas etárias.
Os resultados da pesquisa desmentem o mito muitas vezes divulgado de que a população paulistana é constituída por pessoas com opiniões reacionárias e preconceituosas, muitas vezes influenciadas por personagens tenebrosos da política nacional como Maluf e Datena.
Os dados completos podem ser encontrados aqui.
A análise de algumas perguntas específicas demonstra um amplo campo de disputa para as ideias progressistas e revolucionárias entre o povo da cidade, ao mesmo tempo em que revela que a mídia dos ricos não é capaz de impôr suas mentiras para a maioria da população, apesar de deter o monopólio de praticamente todos os meios de comunicação.
A maioria dos entrevistados que declararam ter um posição política, se disseram de esquerda ou extrema-esquerda (22%), enquanto os de direita e extrema-direita foram 14% dos entrevistados. 20% dos entrevistados se declararam de centro no que diz respeito a posição política, enquanto 37% não souberam responder ou não responderam.
Mesmo com toda a propaganda midiática contrária às lutas dos trabalhadores, mais de 80% dos entrevistados declaram apoiar as passeatas, manifestações e protestos. As greves e paralisações foram apoiadas por 60% das pessoas. Mais de 70% foram contra o uso de força policial contra passeatas e mais de 80% são contra leis que proíbem manifestações ou protestos.
Preocupa, no entanto, o êxito da propaganda da direita em outros campos da disputa de ideias. Para 61% das pessoas entrevistadas, por exemplo, o programa Bolsa Família estimula a preguiça entre as pessoas mais pobres. A política do medo e a propaganda de que a ação policial é o único remédio eficaz contra a criminalidade parece ter surtido efeito, já que 62% defendem a redução da maioridade penal, 61% é a favor que o exército combata a criminalidade e 59% defendem a aprovação da prisão perpétua.
No que diz respeito a defesa dos direitos civis da população LGBT, as ideias progressistas têm amplo apoio. 72% das pessoas defendem o casamento entre pessoas do mesmo sexo e 77% discordam da ideia de que casais gays não possam criar filhos.
Um campo aberto para disputa de ideias e a certeza de que a mídia não é dona da opinião de ninguém nem é capaz de manipular a verdade de qualquer forma, é isso que mostra a pesquisa da FESPSP.
Sandino Patriota, São Paulo