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sábado, 21 de dezembro de 2024

“Confiamos na resolução do nosso povo e do nosso comandante Fidel”

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No dia 06 de junho de 2015, durante a 22ª Convenção Nacional de Solidariedade a Cuba, em Recife, A Verdade realizou entrevista exclusiva com Gerardo Hernández Nordelo, um dos Cinco Heróis Cubanos. Após 16 anos de prisão nos EUA, ele e mais dois companheiros que ainda se encontravam presos, desembarcaram em Cuba, no dia 17 de dezembro de 2014. Desde então, tem se dedicado a relatar sua experiência de luta e a exigir o fim do bloqueio contra seu povo.

Gerardo foi enviado aos EUA, em 1995, para comandar a Rede Vespa, uma missão do Governo de Cuba para impedir ações terroristas da máfia de Miami contra seu país. Em 1998, ele e outros companheiros foram detidos, sendo acusados de conspiração por espionagem. Cinco deles permaneceram presos injustamente, tendo Gerardo recebido a pior condenação: duas prisões perpétuas e mais 15 anos.

Durante a Convenção, Gerardo recebeu em suas mãos cinco coleções do jornal A Verdade, que, durante anos, trouxe com destaque em sua capa uma campanha pela libertação dos Cinco Heróis.

 Por Ludmila Outtes e Rafael Freire

gerardo-com-fidelA Verdade – Depois de 16 anos de uma injusta prisão, como você se sentiu ao regressar a Cuba em liberdade?

Gerardo – Foi uma emoção muito grande. Havia uma mistura muito grande de sentimentos. De um lado, existia a incerteza, pois sabíamos que estávamos em uma situação muito difícil. Eu tinha duas prisões perpétuas mais 15 anos, sem a certeza de que um dia se faria justiça. Mas, por outro lado, confiamos na resolução do nosso povo e do nosso comandante Fidel e do companheiro Raúl de que não se abandonaria nenhum dos Cinco. Também confiamos no espírito de luta do povo cubano e de tantos companheiros e companheiras no mundo, que sabíamos que não deixariam de lutar até que estivéssemos livres. Portanto, quando isso finalmente se tornou realidade, foi uma mistura muito grande de emoções, mas eu diria que a principal foi uma alegria muito grande de retornar ao nosso povo.

Em sua opinião, qual foi o papel do movimento internacional de solidariedade para a libertação dos Cinco?

Foi muito importante, importantíssimo, eu diria que fundamental. Fala-se muito da importância da solidariedade em referência ao resultado, a nossa libertação, mas é preciso ver o que significou o movimento de solidariedade para nossa resistência diária. Foram 16 anos, e era preciso resistir dia a dia. Então nós tínhamos que nos segurar em algo, tínhamos que encontrar força em algo, e uma das coisas que nos serviu de inspiração para poder resistir todos os dias foi precisamente o exemplo que vocês nos davam, a inspiração que vocês nos davam, a força que vocês nos davam, ao saber que os que estavam aqui fora estavam lutando pelos Cinco.

Quais são os novos desafios do povo cubano para o fim do bloqueio, depois de retomadas as relações diplomáticas com os EUA?

O bloqueio segue intacto, apesar de que se fala em restabelecimento de relações. Digamos que é um processo que nosso povo e nossos dirigentes assumem, com a certeza que vai ser um processo longo. A história está mostrando, uma vez mais, que Cuba atuou sempre do lado da razão e que nossa revolução mantém os mesmos princípios que mantinha no primeiro dia. Estamos dispostos a conversar com nosso vizinho do norte, desde que sobre as bases do respeito mútuo, do respeito a nossa soberania, a nossa independência. Não fomos nós que mudamos nem o discurso nem muito menos nossos princípios. Foram eles que reconheceram que, por mais de 50 anos, a política de isolamento a Cuba tem sido um fracasso. Então, mesmo quando o bloqueio for suspenso – e um dia terá que se desmantelar, por ser ilegal, imoral, criminoso – ainda quando isso ocorrer, nós estaremos enfrentando novos desafios. Não perdemos de vista que há pessoas e interesses poderosos que aspiram a conseguir por outra via o que não conseguiram pela pressão e tratando de asfixiar o povo cubano. Muitos veem o fim do bloqueio e o restabelecimento de relações como uma via para socavar a Revolução Cubana. A grande maioria do povo cubano está consciente disso, e estamos decididos a lutar para que isso jamais ocorra.

Os leitores de A Verdade acompanharam todo o processo da prisão e o exemplo de resistência e fé socialista dos Cinco. Deixe-nos uma mensagem.

Primeiramente os felicito pelo trabalho que realizam. Não é segredo para ninguém que este mundo, do ponto de vista informativo, está bastante dominado pelos grandes meios corporativos. Então, onde haja um meio alternativo como o de vocês, com o trabalho que realizam, temos que elogiar e prestar atenção. Desejamos muitos êxitos e que sigam levando a verdade a nosso povo, que tanto necessita. Sigam educando as massas, rompendo este bloqueio midiático, um bloqueio de estupidez que os grandes meios submetem às massas. Existe diariamente um bombardeio de amenidades e estupidez ao qual o povo está submetido, mas nos alenta saber que existem meios como o de vocês que educam o povo, as massas, guiando pelo caminho que nosso povo deve seguir. Os felicito pelo trabalho e aproveito para agradecer, em nome dos Cinco, pela solidariedade com que vocês nos apoiaram ao longo da luta.

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