Depois de muitos anos sem sua maior representação estudantil, os estudantes da UFP conseguiram recuperar seu DCE.
Victor Hugo
Foto: Jornal A Verdade
PERNAMBUCO – Nos dias 23 e 24 de outubro, ocorreu a eleição de reabertura do Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal de Pernambuco (DCE-UFPE). Um marco importante e histórico para o movimento estudantil nacional, já que fazia 8 anos que os estudantes estavam sem representação, na principal universidade do Nordeste.
Um processo longo, e que foi possível, graças a participação ativa do Movimento Correnteza que junto com vários outros movimentos puderam se articular com os Diretórios Acadêmicos (DA) da Universidade e convocar o pleito, no Conselho de Entidades de Base (CEB). Além de importantes movimentações como a votação em assembleia estudantil de mudanças no Estatuto da entidade: a redução do quórum da eleição para 10% (antes 30%) e o modelo de gestão de proporcional para majoritário.
Diante disso, para a disputa eleitoral foram inscritas duas chapas: “Todas as Vozes” (UJS, Levante Popular da Juventude, PSB, Coletivo Luta e PDT) que obteve 3694 votos e “Eu defendo a UFPE” (Correnteza, UJC, RUA, Afronte, Articulação de Esquerda, Quilombo, Enfrente e ParaTodos) com 3976 votos, que saiu vencedora na eleição. A chapa vitoriosa coloca como principal bandeira: “reafirmar o compromisso em defesa da universidade pública, gratuita e de qualidade”, além da importante pauta do Restaurante Universitário (RU) para todos os estudantes.
Foto: Jornal A Verdade
Iany Morais, do curso de Comunicação Social de Caruaru afirma: “Nosso DCE chega pra fortalecer os grupos de oposição dentro da União Nacional dos Estudantes e a base da gloriosa União dos Estudantes de Pernambuco (UEP). Além de estar à disposição dos/das estudantes pernambucanos e brasileiros, somando força para resistir aos ataques do governo, garantir nossos direitos e seguir lutando em defesa da universidade. Será sem sombra de dúvidas uma gestão combativa, popular e sem medo.” Também Maria Elaine, presidente do DA de Geografia – campus Recife, coloca: “Essa vitória do DCE UFPE, é a prova que os estudantes estão ligados politicamente. Foi um mês conversando com estudantes de todos os centros, passando em sala todo dia, fazendo agitação e copinho (ajuda financeira dos Estudantes), além de ter formado a chapa passando em sala. A outra chapa tinha bem mais estrutura, material bonito, gente de todos os cantos do país, mesmo assim a coerência política venceu. Pois estudantes pobres, negros, pais, mães, LGBT ocupam cada vez mais a nossa universidade e sentem a necessidade da não banalização de nenhuma dessas pautas”.
O fato da UFPE estar durante anos sem DCE mostrava a dificuldade de organização e coesão entre os estudantes para lutar em defesa de seus direitos. Agora, os estudantes da UFPE optaram por eleger a chapa que tem energia e disposição para criar a unidade e a resistência necessárias para derrotar o governo Bolsonaro e seu projeto de privatização das Universidades Públicas, “Future-se” (leia-se “Fatura-se”) e avançar na luta por uma educação pública, gratuita e de qualidade e por um país verdadeiramente justo e democrático.