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sábado, 21 de dezembro de 2024

Incompetência de Bolsonaro deixa os pobres mais vulneráveis ao Coronavirus

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Agora que a transmissão comunitária pelo Coronavirus já foi constatada em pelo menos 2 estados, fica evidente que os impactos da nova doença serão duramente sentidos na população mais pobre, como moradores de rua, camelôs, trabalhadores informais, entregadores de aplicativos, dentre outros. Diante disso, é preciso que o plano de contingência do  vírus tenha como prioridade essas pessoas, o que, é claro, não será feito espontaneamente pelo governo incompetente de Jair Bolsonaro. Por isso precisamos cobrar que essas medidas sejam pensadas e postas em prática pelas autoridades imediatamente.

Raphael Assis e Felipe Annunziata
Rio de Janeiro


Foto: REUTERS/Rahel Patrasso

Mãe trabalhadora protege a si e a seu filho com máscara em transporte público 

BRASIL – Enquanto o novo Coronavirus se espalha pelo mundo, aumentando exponencialmente o número de casos em diversos países, autoridades têm tomado medidas de fato drásticas na tentativa de conter a doença, agora considerada como pandemia global pela Organização Mundial da Saúde. Nesse sentido, campeonatos esportivos e grandes eventos já têm sido cancelados, bloqueios de fronteiras impostos e quarentenas coletivas decretadas.

Até o fechamento desta matéria, já se contabilizam mais de 600 casos em toda a América Latina, com duas mortes confirmadas na Argentina. No nosso país, o número de casos se aproxima dos 234 em 15 estados e o Distrito Federal, tendo o Rio de Janeiro e São Paulo como principais focos da doença. Diante disso, após a primeira confirmação divulgada e diante do aumento rápido do número de infectados, o Ministério da Saúde acionou o SUS e a comunidade científica para trabalhar pelo combate ao vírus e amenizar os impactos da doença na população brasileira.

Primeiramente, teremos que lidar com os resultados do desmonte da Saúde Pública que vem sendo implementado pelo Governo Bolsonaro, o qual vem desde o início do Governo Temer, e que já retirou centenas de milhões de reais dos cofres do SUS por conta da emenda constitucional do Teto de Gastos, que bloqueia o aumento da verba para a saúde e outras áreas por 20 anos. Isso acarretou na demissão de profissionais da Saúde e na desestruturação de unidades hospitalares por todo o país. Hoje, nenhum estado brasileiro tem leitos de UTI suficientes para lidar com uma pandemia desta proporção.

Não bastasse isso, por perseguição política, Bolsonaro dispensou mais de 5 mil médicos cubanos quando decretou, no ano passado, o fim da parceria com Cuba através do programa Mais Médicos. Isso fez com que centenas de municípios pequenos, além de favelas e bairros periféricos nas cidades, ficassem sem médicos. Em cidades como Rio de Janeiro, governada por Marcelo Crivella, ligado ao Bispo Macedo da Igreja Universal e aliado de Bolsonaro, está em curso o desmonte da rede de atenção primária via clínicas da família, que, numa pandemia como esta, são a primeira linha de combate ao vírus.

Agora o governo tenta correr contra o tempo para contratar profissionais a fim de preencher um espaço vazio nos quadros de médicos que, para começo de conversa, nem deveria existir. Pois, para este governo incompetente, a política de remediação custa menos do que a política de prevenção. Um verdadeiro ataque aos pobres e às famílias de trabalhadores que dependem da Saúde Pública.

Para piorar e mostrando sua característica reacionária, a “equipe econômica” do governo, isto é, Paulo Guedes e sua trupe de economistas, continuam com a ladainha das reformas salvadoras do país. Com a recessão econômica que se avizinha fruto da pandemia e da postura antipovo e neoliberal deste governo, a única “saída” que o Ministério da Economia apresenta são as reformas, que na prática significam a retirada dos poucos direitos que restaram dos trabalhadores para aumentar os lucros dos banqueiros e empresários.

Os pronunciamentos oficiais e as ações concretas que vêm sendo postas em prática não apresentam saídas para a população mais pobre, trabalhadores informais que dependem das vendas nas ruas, das entregas por aplicativo, os quais certamente sofrerão os impactos de um possível plano de contingenciamento e quarentena coletiva, como já tem sido aplicado na Itália. Veremos, do jeito que a questão se desenvolve, milhares de pequenos comerciantes, micro-empresas fechando suas portas. Além disso, milhões podem perder seus empregos por conta da recessão.

Além disso, o que já tem sido proposto para atender a população de rua, a qual, somente em São Paulo, totaliza 50 mil pessoas, as quais estão certamente mais vulneráveis à exposição ao vírus? O que o governo tem a propor como medida para evitar que os sem-teto sejam massivamente infectados simplesmente pela sua injusta condição social?

O caso do Coronavírus deixa, portanto, evidente que o governo Bolsonaro não é qualificado para lidar com situações emergenciais de saúde pública, sobretudo porque não prioriza população pobre na hora de adotar medidas práticas. Deixa evidente, ainda, que a comunidade científica e o Sistema Único de Saúde são fundamentais para solucionar problemas graves como esse, e é por isso que devemos, sempre, lutar para defender a pesquisa, as universidades públicas, os cientistas e o SUS das garras de políticos, como Bolsonaro e Paulo Guedes, que tentam desmontá-los para beneficiar a iniciativa privada.

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