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quinta-feira, 21 de novembro de 2024

Governos cortaram verbas da saúde para financiar bancos e monopólios capitalistas

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ALIADOS – Mandetta foi o principal aliado de Bolsonaro para sucatear a rede pública de saúde. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapres)
Luiz Falcão
Editor-Chefe do Jornal A Verdade

BRASIL – A covid-19 já chegou a 205 países e colocou em confinamento mais de 3 bilhões de pessoas. Pesquisadores da Organização Mundial da Saúde (OMS) calculam que entre 12 e 42 milhões de pessoas possam morrer no planeta devido ao novo coronavírus.

Não se trata de coisa do capeta,  mas de um novo vírus que tem grande velocidade de transmissão e ataca de forma intensa as vias respiratórias e o coração. Todos os cientistas reconhecem que enquanto a humanidade não desenvolver imunidade ao vírus ou se criar uma vacina, mortes continuarão a ocorrer. 

Não por acaso a Covid-19 surgiu na China, na cidade de Wuhan, que tem uma população de 11 milhões de habitantes e registrou o 1º caso em dezembro do ano passado. Por que não por acaso?  Há mais de cinco décadas os governantes da China decidiram abandonar a construção de uma sociedade socialista e optaram por um acelerado processo de implantação do capitalismo. Em decorrência, os salários dos trabalhadores foram fixados muito abaixo da média mundial e o país abriu as portas para centenas de monopólios capitalistas se instalarem interessados em obter uma maior-valia com a superexploração do trabalhador chinês. Para facilitar uma grande oferta de mão de obra barata, o Governo da China destruiu pequenas propriedades camponesas e estabeleceu a compra e venda da terra. Além disso, privatizou empresas estatais e permitiu a atuação do capital financeiro internacional e de grandes bancos. Desse modo, a China tornou-se o maior emissor de CO2 do mundo com 80% das cidades tendo níveis de partículas 20 ou 30 vezes maiores que os admitidos pela OMS.  Como se sabe, a poluição torna o ar mais difícil de respirar devido ao excesso de poluentes que penetram profundamente nos pulmões, além de causar doenças como a pneumonia. Assim, antes mesmo da Covi-19, eram comuns imagens da população chinesa andando de máscaras nas ruas ou de nuvens escuras em pleno dia. A poluição também afeta o desenvolvimento pulmonar das crianças e agrava as doenças respiratórias na população idosa, tornando-a mais vulnerável ao vírus. 

A implantação do capitalismo na China levou os trabalhadores chineses a viverem em péssimas condições de vida, dormindo em depósitos com baixos salários e uma exaustiva jornada de trabalho. Há muito que quem estuda o comportamento humano sabe que o excesso de horas de trabalho é um dos principais fatores da fragilidade do sistema imunológico. 

Foi neste ambiente de uma população com muitas doenças respiratórias que surgiu e prosperou a Covid-19. Além disso, sem dinheiro para ter uma alimentação saudável, a população de Wuhan era praticamente obrigada a comprar no mercado da cidade carne de animais silvestres sem a devida higienização.  A pressa em voltar a explorar na China é tão grande que, mesmo com vários cientistas afirmando que uma segunda onda de contaminação pode ocorrer, o Governo decidiu suspender a quarentena em várias regiões do país. 

Salvaram os Bancos e Destruíram a Saúde 

Também não é à toa que morrem mais de 700 pessoas por dia na Itália, a 13ª economia do mundo, e na Espanha, 8ª economia, ou que o Reino Unido, França, Alemanha e demais países da União Europeia estão colocando a população em confinamento.  

Desde a crise mundial do capitalismo em 2008, a União Europeia, o Banco Central Europeu e os governos desses países vem adotando os chamados “planos de austeridade” que cortam investimentos sociais com o objetivo  de pagar as dívidas públicas e garantir rios de dinheiro para subsidiar bancos e monopólios privados, jogando, assim, a crise nas costas dos trabalhadores. Resultado: os governos estabeleceram reformas econômicas que privatizaram vários serviços essenciais, eliminaram direitos dos trabalhadores, achataram os salários, reduziram o valor da aposentadoria e cortaram verbas da educação e saúde.

A Itália, por exemplo, em 2012, anunciou um corte por três anos no valor de 26 bilhões de euros (R$ 21 bilhões) da saúde e da administração pública.  A Espanha, em 2010, deu um duro golpe na saúde cortando 2,8 bilhões de euros dos gastos públicos e por esse crime foi aplaudida pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). Ambos os países também demitiram médicos e profissionais de saúde. Assim, fica mais fácil entender por que Itália e Espanha estão com hospitais superlotados, não têm respiradores, equipamentos de proteção, faltam profissionais de saúde e um vírus mata milhares de cidadãos. 

Tampouco é um absurdo que os EUA sejam o novo epicentro da pandemia no mundo. Com efeito, de acordo com a OMS, a situação americana está se deteriorando rapidamente:  40% de todos os novos casos do mundo são de norte-americanos. A previsão do Centro de Controle e Proteção de Doenças (CDC) dos EUA é de que 160 a 210 milhões de pessoas serão infectadas no país e que o mais de 200 mil pessoas morrerão devido à Covid-19 no país mais capitalista do mundo. 

Há três décadas a população norte-americana sofre assiste um verdadeiro desastre social: um em cada oito pessoas está abaixo da linha da pobreza e ¾ da população vivem precariamente. Além disso, embora o Governo dos EUA gaste bilhões para manter Wall Street funcionando, até hoje não implantou um sistema público de saúde. 

Guerras Devastaram Países  

A Covid-19 se propagou rapidamente pelo mundo porque nas duas últimas décadas aumentou enormemente o número de guerras no mundo, desencadeadas principalmente pelos EUA. De fato, desde, 2001, os Estados Unidos da América (EUA) gastaram US$ 6,4 trilhões (R$ 30 trilhões) para jogar toneladas de bombas e enviar suas tropas para invadir países.  

Vale lembrar que um estudo da FAO, órgão das Nações Unidas para a alimentação mundial, estima que para eliminar a fome no mundo até 2030, os governos precisariam investir 265 bilhões de dólares por ano em medidas como transferência de renda e investimento público a favor dos pobres. Ou seja, menos de 5% do que os EUA gastaram para invadir países, bombardear hospitais, escolas e matar seus povos. Pois bem, nem acabaram essas guerras e o governo dos EUA planeja a invasão da Venezuela e o bombardeio do Irã.

Portanto, a deterioração das condições de vida de dezenas de povos, a exploração desenfreada dos recursos naturais e as guerras promovidas pelo imperialismo norte-americano são outras causas da rápida propagação do novo coronavírus.  Aliás, não é apenas a Covid-19; nos últimos 20 anos, diante do crescimento de surtos de epidemias como Ebola, SARS, HINI, Zika, Chikungunya, etc., vários cientistas advertiram que uma tragédia poderia ocorrer a qualquer momento. 

Não é preciso ser um comunista para admitir essa realidade. Vejamos o que declarou Adolfo García-Sastre, cientista e diretor do Instituto de Saúde Global, de Nova York, e um dos principais pesquisadores do novo vírus: “Sabia-se que essas pandemias poderiam acontecer, mas não nos prepararemos para elas. Não tem leitos suficientes, nem pessoal nem material. (…) Os governos devem investir contra pandemias, o mesmo que gastam em defesa. Para fazer guerras se gastam muito dinheiro em armamento, tanques, torpedos, mísseis.”

Quem Tem Água Para Lavar as Mãos?

Outra hipocrisia das classes dominantes é afirmar diariamente por seus meios de comunicação que é preciso lavar as mãos a cada vinte minutos com água e sabão e usar bastante álcool gel. Pois bem, há 150 anos a humanidade sabe dessa verdade graças ao médico austríaco Ignaz Semmelweis que demonstrou em 1846 que lavar as mãos é uma eficiente maneira de evitar ser contaminado.  

No entanto, segundo a Organização Nações Unidas (ONU), 2,2 bilhões de pessoas no mundo não têm serviços de água potável e 4,5 bilhões não dispõem de saneamento básico.  Esses bilhões de seres humanos, em caso de serem contaminadas pela Covid-19, morrerão, pois, vivem em países pobres do terra. Mas os governos do Reino Unido, China, França, Alemanha e Estados Unidos, China, Rússia até hoje não realizaram sequer uma reunião do G8 para ajudar esses povos a terem acesso a água, embora lavem todos os dias suas mãos sujas de sangue. 

Em nosso país, a situação não é muito diferente: cerca 35 milhões de brasileiros não têm água encanada e 74,2 milhões vivem sem coleta de esgoto.  No Estado do Pará, 54,7% da população não têm água tratada em suas casas e 92% não têm coleta de /esgoto.

Mesmo em São Paulo, maior metrópole do Brasil, falta água para a população que mora nas favelas. O presidente da União dos Moradores e do Comércio de Paraisópolis, Gilson Rodrigues, denunciou que na segunda maior favela de São Paulo com 100 mil habitantes, os moradores sofrem com falta de água em suas casas. 

Para piorar, além da falta de água, 40 milhões de trabalhadores informais (sem carteira assinada), estão sem dinheiro e alimentos, papel higiênico, fraldas, sabão e detergente em suas casas. Desesperados procuram nas ruas  ajuda de parentes ou amigos para não morrerem de fome. 

A burguesia (e seu governo) diz que é indispensável  o isolamento social para evitar o contágio, mas é ela que fomenta a especulação imobiliária e obriga o povo a viver em favelas, com 8 a 10 pessoas morando numa minúscula habitação sem água, sem esgoto e em extrema pobreza. Estes mais de 150 milhões de brasileiros, se contraírem a Covid-19, já tiveram a sentença de morte decretada pelo governo fascista.  

Por Que a Propriedade dos Meios de Produção Deve Ser Social?

O vírus também se propaga e mata cada vez mais pessoas porque a indústria farmacêutica está sob controle de meia dúzia de grandes transnacionais (Pfizer, Novartis, Johnson, Roche, BMS, Merck) que contratam cientistas para produzirem e pesquisarem remédios que mantêm a dependência das pessoas. Na realidade, esses laboratórios preferem que milhares de doentes morram antes deles fabricarem uma vacina, pois assim vão vendê-la mais cara e lucrar mais. Caso os laboratórios privados trabalhassem de maneira comunista, em colaboração, e não capitalista, concorrendo um com outro em busca do lucro, já teríamos uma vacina contra a Aids ou descoberto a vacina contra a Covid-19.

O desprezo dos governos da burguesia com a vida é tão grande que o governo italiano orienta os hospitais a escolherem quem vai viver ou morrer: se um doente estiver com 80 anos e outro com 60, e o hospital tiver um só leito na UTI, a ordem é escolher o mais jovem.  É assim que a ditadura capitalista num dos países mais desenvolvidos do mundo trata a saúde. Nos Estados Unidos, é pior; só é atendido na maioria dos hospitais quem tem um plano de saúde particular.

Demitir na Pandemia é Crime

Mas não para por aí a ganância da classe capitalista. Adotadas as primeiras medidas de isolamento social por 15 ou 20 dias para deter o contágio do novo coronavírus, os patrões estão demitindo em massa sem pagar salários nem indenizações. Põem em prática o princípio burguês de “cada um por si”, mesmo sabendo que foi o trabalho do proletariado que permitiu que eles enriquecessem.  Agem de uma forma cruel, impiedosa e desumana.  

 A Covid 19 está matando gente e se propagando aceleradamente porque o mundo tem um regime capitalista cujo objetivo é aumentar as fortunas de uma reduzida minoria de pessoas à custa da miséria e do sofrimento da humanidade. Prova disso é a gigantesca concentração da riqueza nas mãos de uma minoria da população: o 1% mais rico tem riqueza superior a 6,9 bilhões de pessoas, ou 90% da população mundial. Enquanto isso, 630 milhões de trabalhadores ganham, no máximo 3,2 dólares por dia, e 267 milhões de jovens não têm trabalho e nem estudam. No total, 470 milhões de pessoas estão desempregadas ou desistiram de procurar emprego porque não encontram.

Para socorrer bancos e monopólios privados na crise de 2008-2009, os governos capitalistas usaram 22 trilhões de dólares de dinheiro público, e, agora, para os trabalhadores informais concedem um abono de R$ 600, muito  inferior ao salário mínimo vigente no Brasil (R$ 1.045,00,). Entretanto, este mesmo governo gasta por ano R$ 1 trilhão com especuladores e banqueiros, os verdadeiros parasitas da sociedade. Mais grave: enquanto a pandemia da Covid-19 causa dezenas e dezenas de mortes e infecta milhares de brasileiros, os trabalhadores demitidos, informais, e desempregados nem mesmo sabem, quando receberão o abono de R$ 600. 

Tivéssemos no país um governo das massas trabalhadoras, um poder popular, diante dessa tragédia essa bolsa-banqueiro seria de pronto suspensa, permitindo a construção imediata de hospitais públicos, a compra de milhões de respiradores, contratação de milhares de profissionais de saúde e um salário emergencial de R$ 5.000,00 por mês para cada trabalhador. Mas o governo não é do povo, é dos banqueiros, é dos parasitas, e só pensa em proteger a propriedade privada da classe rica, em AI-5, golpe militar, censura, repressão, milícia e corrupção.  

A felicidade da humanidade é que este sistema é passageiro, ele será varrido exatamente pelas massas trabalhadoras que são exploradas e sofrem com a tendência do capitalismo a aumentar as epidemias  em vez de eliminá-las, com a destruição da saúde pública; será destruído pelos bilhões de escravos assalariados que apesar de construírem todas as riquezas do mundo, veem seus filhos e famílias padecendo de privações e morrendo de doenças curáveis e pela juventude que quer viver em outro mundo – e não neste inferno capitalista – e sabe que só com uma revolução pode conquistar a liberdade. 

Pois bem, o capitalismo é o contrário do regime comunista.  O comunismo é o sistema econômico no qual os meios de produção da sociedade não pertencem a nenhum rico, mas a toda a sociedade. O que a sociedade produz é repartido entre todos e a prioridade é a satisfação das necessidades das pessoas e não o lucro. O planejamento econômico é feito pela própria sociedade e não por cada capitalista individualmente. No comunismo, não existirão crises econômicas nem guerras. Os trilhões que hoje são gastos com guerras serão investidos em melhorar as condições de habitação, de educação e de saúde dos povos. No comunismo, não existe a divisão da sociedade entre uma minoria de ricos e uma imensa maioria de pobres, não existe classes nem ditadura, pois numa sociedade sem classes não há necessidade de um órgão de repressão, como o Estado; consequentemente impera a fraternidade, a solidariedade e o amor ao próximo, e a fartura em vez da opressão e da miséria.

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