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sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Os mutirões nas periferias e a construção do poder popular

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INDEPENDÊNCIA – Povo descobre na união a solução para os seus problemas. (Foto: Jornal A Verdade)

Thales Viote e Fernando Alves

MINAS GERAIS – No último 14 de março, o Movimento de Luta nos Bairros, Vila e Favelas (MLB) e a Unidade Popular (UP) organizaram mutirões em diversas ocupações urbanas na Região Metropolitana de Belo Horizonte com a finalidade de promover a organização popular e ajudar as famílias das comunidades atingidas pelas fortes chuvas no início deste ano em Minas Gerais.

A data é muito significativa porque marcou os dois anos do brutal assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes, sem que os mandantes fossem sequer descobertos. Entre as comunidades atendidas, ocorreram várias ações de limpeza, construção de lixeiras e revitalização de espaços.

Ocupação Eliana Silva: em frente à Ocupação Eliana Silva (território onde residem mais de 300 famílias desde o ano de 2012) existe uma praça pública que historicamente estava abandonada, e foi decidido pela sua limpeza e reurbanização. Após as obras de revitalização do espaço, os moradores rebatizaram como Praça Marielle Franco, em celebração à memória dessa lutadora popular assassinada pelo fascismo.

Ocupações Paulo Freire e Horta: já nas ocupações Paulo Freire e Horta, localizadas no mesmo vale em que se encontram outras cinco ocupações, várias famílias fizeram a limpeza da entrada e de ruas adjacentes, coleta de lixos e remoção de entulhos, melhorando as condições das comunidades.

Ocupação Esperança (Santa Luzia): localizada nos municípios de BH e Santa Luzia, sendo uma das quatro ocupações do complexo de ocupações da Izidora, que totalizam mais de 30.000 pessoas. Organizada pelo MLB e a UP, a Ocupação Esperança conta com mais de 2.000 famílias que constroem sua comunidade desde o ano de 2013. Nela realizou-se o mutirão de limpeza e planejamento da área onde será construída a Creche Comunitária.

Ocupação Carolina Maria de Jesus: localizada na região central de Belo Horizonte, trata-se de um prédio onde residem cerca de 80 famílias que estão sofrendo ação judicial de despejo. As famílias ocupam esse prédio mediante um comum acordo junto ao Governo de Minas Gerais, em junho de 2018, e está no meio de um longo e desgastante processo de negociações que vem sendo descumprido pelo governador Romeu Zema. As famílias limparam o prédio, retiraram entulhos e a água de chuva que estava acumulada na cobertura.

PARTICIPAÇÃO – Presidente Nacional da Unidade Popular, Leonardo Péricles, participou dos mutirões do MLB. (Foto: Jornal A Verdade)

Por Que Fazer os Mutirões?

Um dos principais, senão o principal problema da construção política no chamado “campo da esquerda” é exatamente a falta ou pouquíssimo trabalho de base, já que o desprezo pelos problemas mais sentidos pelos mais pobres levou vários grupos à acomodação e à burocratização de suas práticas. Tudo se resolve através de acordos de gabinetes, com medidas puramente judiciais ou nos parlamentos. Isso também leva a outras práticas viciadas que deságuam no imobilismo e o pior, o abandono das lutas revolucionárias pela conciliação de classes. Enquanto aguardam as próximas eleições, a direita busca esmagar os direitos dos trabalhadores.

Hoje, as periferias estão à mercê de políticos corruptos, onde penetram de forma profunda os setores religiosos mais conservadores, a violência policial do Estado, as milícias e outros grupos violentos do lumpemproletariado que ameaçam a vida das famílias das classes trabalhadoras.

A UP, o MLB e outras organizações populares vêm trabalhando para construir as alternativas e experiências vivas do trabalho político coletivo e voluntário, como instrumento para aumentar a organização e desenvolver a consciência do proletariado. Trabalhar pela revolução socialista é um esforço que deve unir a teoria e a prática revolucionárias. Por isso, todo revolucionário não pode pensar numa revolução de verdade se despreza as massas. Arregaçar as mangas e fazer o trabalho de base, como as brigadas do jornal A Verdade, organizações de mutirões comunitários, distribuição de panfletos, cursos de formação popular nos bairros pobres, nas portas de fábricas e empresas, são sementes fundamentais dos frutos que colheremos posteriormente.

Historicamente o trabalho coletivo e voluntário é uma experiência dos comunistas. Um desses exemplos foram as ações do Partido Comunista Bolchevique antes e após a Revolução de 1917 na Rússia, quando construíram o poder dos sovietes. Os bolcheviques criaram e utilizaram esse estilo de trabalho para aumentar a produção, auxiliando os operários nas fábricas e empresas; levaram essa experiência aos camponeses para acelerar a produção de alimentos nas áreas rurais do país ou mesmo combatendo o analfabetismo com a educação popular.

Estes exemplos serviram de base para transformar a União Soviética em uma das maiores potências mundiais. Outros importantes exemplos foram realizados pelo Partido dos Panteras Negras nos trabalhos comunitários nas periferias dos Estados Unidos, com ações de combate à fome, desnutrição infantil e conscientização, o que fez avançar a luta pelos direitos civis e o combate ao racismo. Existem ainda significativos exemplos nas revoluções em Cuba, Vietnã e Coreia do Norte. E há experiências históricas no Brasil.

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