Por Ezequias Willian
RIO DE JANEIRO – É sabido que há muito tempo que grupos paramilitares conhecidos por “milicianos” dominam certos territórios das periferias do Rio de Janeiro. Também é sabido que esses grupos matam e torturam pessoas que se negam a pagar os valores cobrados por seus serviços e também aqueles que lutam contra esses grupos.
Os milicianos cobram taxas abusivas, extorquem e assassinam a população, tendo forte apoio político dos partidos dos capitalistas e cada vez se encontram mais indícios do envolvimento da família do atual presidente, Jair Bolsonaro, com grupos milicianos.
O nascimento desses grupos foi possibilitado pelas falhas do sistema público brasileiro, que, como sabemos, governa para a minoria, para os ricos, empresários e banqueiros, deixando a população pobre, a classe trabalhadora, a mercê desses grupos que dizem oferecer serviços essenciais. Serviços esses que deveria ser oferecido pelo Estado. Esse grave problema vem afetando o Brasil há muito tempo, porém a cidade e a região metropolitana do Rio de Janeiro têm sido profundamente afetadas pela atuação destas milícias.
Com o aumento das contaminações pelo Covid-19 no estado, o governador Wilson Witzel (PSC), decretou estado de calamidade pública e ordenou o fechamento dos estabelecimentos. Porém os grupos milicianos que dominam territórios na Zona Oeste da cidade, especificamente dos bairros Gardênia Azul, Rio das Pedras e Muzema, estão obrigando os comerciantes locais a reabrirem seus estabelecimentos para manter a cobrança de suas taxas. Moradores estão sendo ameaçados e recebem boletos para realizar o pagamento dessas taxas aos grupos.
As autoridades, como a polícia civil, polícia militar e as prefeituras, informam que investigações estão em andamento, porém em sigilo, e que aqueles comerciantes que descumprirem as regras impostas pelo governo estarão sujeitos a multas. É um absurdo que, mesmo diante desse cenário, as autoridades sigam ameaçando pequenos comerciantes com multas, enquanto os milicianos seguem atuando.
Em relatos aos jornalistas Anita Prado e Guilherme Peixoto (RJ1), moradores falaram, sem se identificar por medo de represálias, sobre a extorsão dos milicianos:
“Eles vão sempre à noite, um deles encapuzado, um assim mais gordo, outro mais moreno e outro mais forte, entendeu? São três que foram lá em casa, para pegar R$ 30.”
“Os milicianos daqui cara, ficam oprimindo a gente, entendeu? Mandando ficar com o bar aberto, que nós ‘tem’ que ficar pra fazer dinheiro pra pagar eles, pra eles ‘poder’ pagar os caras da cobertura da PM”
“Por causa do vírus, a gente não pode pagar nem as contas, quanto mais eles. Outro dia, faltou até o do pão, para tomar café de manhã, aí vão lá em casa para pegar dinheiro? Não tem como”
Como vemos, a classe trabalhadora sofre todos os dias por culpa dos governos da burguesia, que não só não se preocupam em acabar com as milícias, mas apoiam e têm envolvimento direto com essas facções criminosas. É preciso denunciar esse grave problema.
Somente a luta popular e a mobilização da classe trabalhadora são capazes de conter o avanço do domínio desses grupos. Não será possível derrotar as milícias no Rio de Janeiro enquanto seus principais aliados seguirem governando o país. Daí se reafirma a necessidade da luta pelo Fora Bolsonaro e pela construção de um Governo Popular no Brasil.