Discurso criminoso e irresponsável de Bolsonaro está adoecendo nossa população e matando principalmente os mais pobres, pois muitas pessoas não têm acesso à informação verdadeira e acabam confiando no que o presidente fala, sem perceberem que seu plano é promover um verdadeiro genocídio no país.
Por Christian Vincenzi
Rio de Janeiro
BRASIL – Desde março, vivemos a pandemia de Covid-19, epidemia cuja disseminação e risco à vida humana são comparáveis à Gripe Espanhola, ocorrida há 100 anos. No dia 6 de maio, o país contava com 126 mil casos e 8 mil mortes. Já no dia 18 de maio, chegamos à triste soma de 256.000 casos confirmados da doença e mais de 16 mil mortos.
Ainda em março, foi decretada quarentena em diversos estados do país com o objetivo de conter a proliferação da doença, seguindo recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS). Epidemias como a de Covid-19 tendem a apresentar um crescimento exponencial, ou seja, dentro de um mesmo determinado intervalo de dias (em condições normais, 4 a 5 dias) ela tende a dobrar. Portanto, se num dado dia existem 10 mil casos, cinco dias após serão 20 mil; com mais cinco dias teremos 40 mil e assim por sucessivamente. Sem medidas radicais de contenção desta tendência, o Brasil terá em pouco tempo toda sua população contaminada pelo novo coronavírus.
De fato, os números estimados para o crescimento da pandemia previam, em março, um colapso do sistema de saúde no fim de abril ou início de maio. Porém, graças às medidas de isolamento social e restrição da circulação adotadas na maioria das cidades brasileiras essa previsão não se confirmou até agora.
Um vídeo produzido pelo cientista de dados Maurício Féo mostrou de forma bastante didática quais os efeitos da quarentena para o achatamento da curva de crescimento dos casos. Não fosse a quarentena, estaríamos com milhões – e não milhares – de pessoas doantes e um sistema de saúde completamente colapsado.
Irresponsabilidade criminosa de Bolsonaro faz epidemia crescer em abril
Contudo, em várias cidades foi possível constatar que uma parte grande da população não aderiu às medidas de proteção, enfraquecendo o isolamento social durante o mês de abril. Em grande parte esse comportamento despreocupado e irresponsável foi estimulado pelo próprio Presidente da República, mais preocupado com a “saúde” do mercado do que com a vida do povo.
Bolsonaro a todo momento faz questão de reduzir a gravidade da epidemia, que para ele não passa de uma “gripezinha”, que logo vai embora. Ele também acredita que a mídia está exagerando e que a coisa não é tão séria assim. No dia 5 de maio, em coletiva à imprensa, chegou mesmo a dizer que “o pior já passou e o número de mortes já cai pelo sexto dia consecutivo”. Bolsonaro mente de forma descarada. É de se apostar que sequer sabe olhar para um gráfico. Ao contrário do que disse, todos os dados comprovam que as mortes diárias notificadas estão atingindo novos picos a cada semana, e só têm piorado.
Este discurso criminoso e irresponsável está adoecendo nossa população e matando principalmente os mais pobres, pois muitas pessoas não têm acesso à informação verdadeira e acabam confiando no que o presidente do país fala.
Resultado: segundo o biólogo e pesquisador Atila Iamarino, o número de casos e mortes notificados voltou a subir de forma acelerada na última semana de abril, após ter tido crescimento mais controlado ao longo das outras semanas. Agora, devido ao relaxamento das medidas de isolamento, temos o sistema de saúde de fato à beira de um colapso.
Subnotificações escondem verdadeira dimensão do problema
Os dados oficiais de mortos e contaminados são alarmantes, mas estão longe de corresponderem à realidade. Isso porque a quantidade de testes na população é insuficiente e várias mortes por Covid-19 são registradas como sendo em decorrência de outras doenças respiratórias.
De fato, pesquisas apontam que possam haver de 15 a 30 casos por cada notificação registrada. Ou seja, se hoje (19/05) temos 256 mil casos confirmados, possivelmente a verdade é que pelo menos 3,7 milhões de pessoas estejam infectadas pelo vírus.
O mesmo vale para as mortes. Estima-se o total de pessoas que perderam a vida em decorrência do coronavírus seja 3 ou 4 vezes maior que os dados oficiais. Logo, pelo menos 48 mil brasileiros já morreram nessa pandemia, um verdadeiro desastre.
Postura de Bolsonaro promove genocídio
Muitas dessas mortes poderiam ter sido evitadas se o Governo Federal adotasse outra postura diante da pandemia. No lugar de subestimar a gravidade da situação, devia-se ter levado a sério as recomendações da OMS e de outras autoridades da Saúde e adotado mais cedo medidas de isolamento social.
Esse descaso com a vida do povo brasileiro tem custado a vida de milhares de pessoas, e como é deliberado, constitui-se num genocídio praticado por Bolsonaro contra o povo.
Essa é mais uma expressão do fascismo em nosso país. Toda sua política é orientada para aumentar a exploração da classe trabalhadora e garantir os lucros dos grandes capitalistas. Para isso, não pensa duas vezes antes de retirar direitos, aumentar o desemprego, cortar salários e até mesmo promover a morte de milhares de trabalhadores.
Agora, Bolsonaro se aproveita da Covid-19 para implementar todas essas medidas fascistas. Se depender dele, toda a população brasileira – com exceção de seus filhos – se exporá à morte sem acesso a um leito ou respirador.
É preciso derrotar a barbárie fascista
Por tudo isso, Bolsonaro precisa ser derrotado pelo povo brasileiro. É urgente tirá-lo do governo e impedir que o fascismo imponha definitivamente sua barbárie a nosso país.
Ao mesmo tempo, também precisamos continuar lutando contra outro vírus, o Covid-19, incentivando as medidas de segurança, combatendo as notícias falsas sobre a doença, apoiando as campanhas de solidariedade do MLB, UJR e Olga, defendendo o SUS e aumentando a propaganda da UP como um partido de luta do povo pobre por um país socialista.
O momento exige de todos nós firmeza e esperança! Continuemos de cabeças erguidas, sem desanimar, pois temos um longo caminho a se seguir. O povo precisa de nós; precisa da gente entregando as cestas básicas para as famílias do MLB, fazendo o trabalho de base da UP, fortalecendo as entidades estudantis dirigidas pela UJR, os sindicatos, fazendo os panelaços, denunciando o governo, lutando por direitos… agora mais do que nunca.