Proposta do Governo Federal é punir servidores públicos pela crise econômica provocada pela especulação dos bancos e pela incompetência do próprio governo.
Por Felipe Annunziata
Rio de Janeiro
Depois dos trabalhadores formais ficarem sem salário e milhões de informais sem o auxílio emergencial, a bola da vez do governo fascista são os servidores públicos. Em reunião realizada hoje (21) entre Jair Bolsonaro e os 27 governadores, o Governo Federal pediu apoio para aprovar o congelamento por 18 meses dos salários dos servidores públicos de todas as esferas. Em troca haverá o envio de ajuda financeira aos estados.
Não bastasse milhares de servidores públicos da saúde, da educação e de outros setores essenciais se arriscarem diariamente no combate ao coronavírus, o governo agora quer congelar o salário de todos. O argumento é o de sempre: “todos têm que dar sua contribuição para que o Estado possa combater a pandemia”.
O curioso é que só o povo é que deve “contribuir” nessa crise. De fato, o governo Bolsonaro não adotou nenhuma medida em quase 3 meses de pandemia para cobrar dos banqueiros e dos ricos sua contribuição para a crise. Ao contrário disso, a primeira medida de Bolsonaro no começo da quarentena foi dar de bandeja 1,2 trilhão de reais aos bancos.
A lei de Bolsonaro é muito simples: aos bancos tudo, ao povo nada. A mídia burguesa, por sua vez, faz seu papel tradicional de porta-voz das elites. Todos os editoriais dos principais jornais pedem não só o congelamento, mas até mesmo o corte dos salários. Mas como podem pensar em corte e congelamento de salário de quem está na linha de frente da pandemia?
Os mais afetados serão trabalhadores na linha de frente da pandemia
A ampla maioria dos servidores públicos são trabalhadores simples, que ganham muito mal e trabalham em péssimas condições. São profissionais da saúde, que hoje estão trabalhando para diminuir o máximo que podem o colapso do SUS; são professores, cientistas e pesquisadores, que estão nas universidades públicas virando noites para encontrar soluções para a pandemia; são assistentes sociais, que estão nas favelas e bairros pobres tentando dar o mínimo de assistência ao povo; são trabalhadores da limpeza urbana, que têm sido fundamentais para que a pandemia não se espalhe e também não ocorram surtos de outras doenças ao mesmo tempo.
Essas são as pessoas que o governo acha que não “contribuíram” o suficientemente com a luta contra a crise. Agora, terão seus salários congelados. A revista Piauí apontou que em 2018 metade dos servidores públicos ganhava menos de 3 mil reais.
A casta que nunca é atingida por essas medidas é aquela que Bolsonaro e governadores não ousam tocar: juízes, procuradores, altos funcionários públicos e o oficialato militar. Esses nunca fizeram nada para resolver crise alguma em nosso país.
Mais uma vez os governos burgueses mostram a quem eles servem. Para eles o importante é que os ricos não paguem pela crise, mesmo que para isso milhares de pessoas que estão na linha de frente da luta contra o coronavírus sejam sacrificados.