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terça-feira, 16 de julho de 2024

A privatização da CEB

Militância da UP-DF no ato em defesa da CEB pública, em 04/12/2020.

 

Brasilia(DF) – A Companhia Energética de Brasília (CEB) é uma empresa pública de sociedade anônima que detém outras: A CEB Distribuição; a CEB Geração; a CEB Participações e mais quatro. A CEB Distribuição representa sozinha, 96% de todo o valor referente à prestação do serviço de energia (receita operacional bruta), segundo o Relatório Anual Integrado da CEB de 2020. Mesmo com a autorização judicial para vender as outras partes da empresa, o governador Ibaneis Rocha entrou em uma disputa judicial para ganhar autorização para fazer a privatização da CEB.

Não faltam exemplos do quão ruim é a privatização de companhias de energia elétrica para a população. Mesmo assim, o governador Ibaneis (MDB-DF), com o apoio da grande mídia e com todo o aparato financeiro, jurídico e político, insistiu em mentir para o povo: dizendo que a privatização da CEB Distribuição era “mais que necessária”.

Os acionistas da CEB deliberaram, em assembleia, pelo leilão da empresa alegando que ela está dando prejuízo. O BNDES foi contratado para fazer uma avaliação e a conclusão foi a de que: ela vale R$ 2,5 bilhões, mas tem R$ 900 milhões em dívidas.

Assim, o valor mínimo para compra-la seria de aproximadamente R$ 1,6 bilhão. Porém, o próprio presidente da CEB, Edison Garcia, alegou que o lucro em 2019 foi de R$40 milhões, mas que, por conta da pandemia, esse lucro teria “evaporado”. Em conluio com Ibaneis, Garcia teve coragem de dizer que R$40 milhões evaporaram, entre outros fatores, devido à suspensão no corte de energia elétrica de milhares de famílias que perderam empregos e renda devido à pandemia. Além disso, alega que a companhia gera muitas dívidas devido à inadimplência e à sobrecarga do sistema, a exemplo da favela Sol Nascente. A solução seria então, vender essa empresa que tanto gera dor de cabeça.

Mas, se dá prejuízo, por que empresas privadas gostariam de comprar?

Em geral, o governo vende nossas riquezas alegando que privatizar vai tornar melhor a gestão e aumentar o lucro. Só que, para obter lucros cada vez maiores, as empresas passam a cobrar mais caro nas contas de energia. Então, quem paga pela privatização é a gente, e quem ganha é o já rico empresário! Ibaneis Rocha é um representante desses ricos empresários. Além de ter financiado sua campanha política do “próprio” bolso, é conhecido por ter comprado a casa mais cara já vendida no DF, por R$ 23 milhões. Para se eleger, disse que não iria “radicalizar nas privatizações”. Hoje, fala sem vergonha alguma que 2021 “será o ano das privatizações”.

Está em seus planos vender para seus colegas, além da CEB, o Metrô DF (cuja passagem já custa R$ 5,50, um roubo), o Parque Nacional Água Mineral, a CAESB (companhia de água e saneamento), a Rodoviária do Plano Piloto (expulsando violentamente os ambulantes e encarecendo o aluguel para permissionários), o estacionamento do Detran e sabe-se lá mais o que, pois a lista é enorme.

A venda da CEB e de outros setores estratégicos

Mesmo após a justiça local conceder liminar para interromper o leilão da CEB, entendendo que a decisão deveria passar primeiro pela Câmara Legislativa do DF, Ibaneis seguiu com o show de traição ao povo e prosseguiu com a venda. Arrebatada por R$ 2,5 milhões, na Bolsa de Valores em São Paulo, uma das melhores empresas energéticas do país passaria a ser da empresa Bahia Geração de Energia, do Grupo Neonergia, que se autointitula “maior grupo privado do setor elétrico brasileiro em número de clientes”.

A entrega de concessionárias estratégicas, como uma empresa de energia elétrica, é uma traição ao povo brasileiro e à soberania nacional. Deixar nas mãos do setor privado – que visa essencialmente o lucro – a energia no Distrito Federal, sede da capital da República, é entregar a vida dos seus quase 3 milhões de habitantes ao bel-prazer dos super-ricos em troca de R$ 2,5 milhões, o equivalente a 10% da mansão do governador no Lago Sul. Ibaneis Rocha, seguindo o projeto neoliberal de Bolsonaro, brinca com a vida da população em troca de enriquecer seus amigos empresários.

Não apenas no DF, mas também no Amapá, em Goiás, Pernambuco, Piauí e em todos os Estados a energia elétrica tem de ser do povo brasileiro. Não apenas a energia elétrica; a água, o saneamento básico, o transporte público, o sistema de saúde etc. são bens públicos da maior importância e empresa privada alguma colocará seus interesses abaixo das necessidades da população. Vejamos alguns casos no setor elétrico:

Em Goiás, a empresa italiana ENEL é responsável por apagões de longa duração e ineficiência em chegar em diversos locais. Hoje, é a pior companhia elétrica do país e aumentou em 30% a tarifa nos últimos anos. (Fonte: https://www.jornalopcao.com.br/ultimas-noticias/a-enel-e-a-pior-distribuidora-de-energia-do-pais-diz-ronaldo-caiado-164633/)

No Amapá, a empresa privada Isolux foi responsável por deixar 90% do estado sem energia, sem água, sem dignidade, por diversos dias e em meio a uma pandemia. A Eletronorte, que é estatal (ou seja, não é privada) ficou com a responsabilidade de resolver o problema, visto que a Isolux é espanhola e não teve qualquer responsabilidade com o povo brasileiro. (Fonte:https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2020/11/11/apagao-amapa-isolux-gemini.htm)

A companhia de energia de Pernambuco (CELPE), entre o ano de sua privatização (2000) e 2017, a tarifa teve um reajuste de 195,46%, para uma inflação correspondente neste período de 115,21%. Ou seja, as tarifas aumentaram 80,25% acima da inflação. (Fonte: https://averdade.org.br/2018/05/privatizacao-do-setor-eletrico-aumento-das-tarifas-e-das-demissoes/)

No Piauí, a privatização da Eletrobras gerou aumento da conta em 12,64%. A empresa Equatorial, no período do leilão, prometeu que reduziria as contas de energia em 8,5%. (Fonte: https://averdade.org.br/2018/12/privatizacao-da-eletrobras-no-piaui-gera-aumento-da-conta-de-1264/)

O que faremos?

Continuaremos resistindo, em todas as frentes possíveis, à venda do nosso país, da nossa soberania. Para isso, contamos com a organização e participação dos trabalhadores, jovens e demais indignados com a situação atual, na construção da Unidade Popular ( UP ), o partido que defende o povo pobre, periférico e preto, que é o mais atingido com o descaso dos governos fascistas de Ibaneis e Bolsonaro. Precisamos agir em torno de uma unidade com outras forças políticas e movimentos sociais que de fato defendam os interesses da população brasileira, que queiram construir a sociedade socialista, comandada pelo povo, não pela minoria rica, pois a vida estar acima do lucro.

Por  Thaís Oliveira:  UP-DF

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