Jean Torres | Artista visual
SÃO PAULO – É muito popular a ideia de que a arte e os produtos artísticos são elementos elitizados, acessíveis somente para os grupos mais abastados da sociedade e que não podem, por sua essência, estar ao alcance de todo o povo. No entanto a falta de acesso à cultura e à arte não é natural, na verdade se deve ao fato de o sistema capitalista privar a classe trabalhadora do acesso à essas importantes manifestações da humanidade, incentivando o distanciamento entre a realidade do povo e a arte e promovendo a cultura ligada ao giro do capital e não às manifestações das necessidades, desejos e valores humanos; exemplo disso são as vertentes e grupos artísticos que, amarrados pelo pós-modernismo capitalista, insistem em produzir uma arte elitizada, inacessível e que fortalece o sistema, refletindo diretamente em espaços artísticos pouco acessíveis à massa trabalhadora brasileira: milhões de brasileiros nunca pisaram num museu, muito menos visitaram qualquer exposição de arte.
Como demonstrado no livro “Mundo da Paz”, escrito de Jorge Amado que narra a vida na União Soviética e demais países socialistas da Europa no século passado, é possível um mundo onde a classe trabalhadora possa usufruir de todas as riquezas e prazeres existentes. No entanto, para construir esse novo mundo, cabe aos artistas populares produzirem de maneira direcionada aos trabalhadores; diferente de alguns artistas brasileiros que produzem para financiar um governo de fascistas, os artistas populares têm o papel fundamental de propagandear o socialismo através da arte revolucionária, uma vez que esta é uma das formas de acessar e educar todo o povo, inclusive a juventude e as crianças; é preciso desenvolver obras com sentido, quem tratem da realidade da classe trabalhadora e que, principalmente, denunciem o sistema capitalista e seus crimes.
É possível propagandear a luta pelo socialismo através de pinturas, colagens, cartazes entre outras linguagens da arte, garantindo a referência aos heróis e lideres da classe trabalhadora e dos povos no mundo, a reprodução de frases revolucionários, presentes em textos, poemas ou músicas, e relembrando sempre a defesa do poder popular. O contato com a arte possibilita interpretações profundas da realidade, o recurso visual é uma ferramenta preciosa para a propaganda socialista; considerando que a classe trabalhadora sempre foi privada de estudar e ter acesso a informação, as pessoas que não são alfabetizadas podem compreender a mensagem pelo olhar, analisar as imagens, reconhecer ali sua realidade, e, principalmente, reconhecer nas obras o que pode ser feito para a transformação da sociedade.
Desse modo, é importante intensificar as produções artísticas revolucionárias, apoiar e divulgar os militantes que produzem arte, usar tais produções como ferramentas de agitação e propaganda e também de construção material da luta pelo socialismo. Nas palavras do camarada Vladimir Maiakóvski: “Sem forma revolucionária não há arte revolucionária”.
Maiakovski foi um poeta e artista russo, um dos principais divulgadores do socialismo no campo da arte, produzia cartazes e poemas que levavam a mensagem para a classe trabalhadora, num trabalho conjunto com os operários. Parafraseando esse importante expoente da arte revolucionária: que possamos propor a aurora dos novos dias em nossa arte, refletir o mundo não basta, é preciso transformá-lo! Viva o socialismo e a arte popular!