Movimento Luta de Classes – SP
SÃO PAULO – Os ferroviários da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) realizaram um grande dia de lutas na última quinta-feira (15). Cansados da falta de respeito e da intransigência da CPTM durante a negociação do Acordo Coletivo de Trabalho, a categoria cruzou os braços e paralisou as atividades nas linhas 7 – Rubi, 8 – Diamante, 9 – Esmeralda e 10 – Turquesa.
A deflagração da greve foi decidida no dia 06 e ratificada dia 14. A categoria paralisou suas atividades para exigir da CPTM a assinatura do ACT completo, com as cláusulas econômicas que a empresa vinha se negando a negociar.
Os trabalhadores ferroviários estavam sem reajuste nos salários há dois anos. A administração da empresa não realizou sequer a reposição da inflação, que tem comprometido tanto a renda da maioria das famílias brasileiras no período. Além disso, a CPTM não pagou o previsto no programa de participação nos resultados de 2020, aplicando um calote nos ferroviários.
GREVE demonstra poder da categoria em luta
A vida dos ferroviários da CPTM não está fácil. Na gestão de Pedro Moro, atual presidente da companhia, indicado pelo governo de João Dória (PSDB), a empresa tem desvalorizado ainda mais seus dedicados trabalhadores. Em geral, a precarização das condições de trabalho é flagrante na CPTM. O contingente efetivo não é suficiente para servir adequadamente à população, a terceirização de funções aumenta e o investimento em equipamentos e maquinário não é priorizado, dando preferência ao trabalho manual, que exige muito esforço físico e compromete a saúde do ferroviário.
Desde o início da pandemia os ferroviários têm atendido a população da melhor maneira possível. Não foram poucos os que adoeceram e faleceram devido à Covid-19.
Enquanto os trabalhadores se dedicam e colocam sua saúde em risco para atender a população, no mesmo período o governo Dória providenciou a concessão das linhas 8 e 9, abocanhada pela CCR. A presença da concessionária já é uma realidade da CPTM e os funcionários da empresa não sabem ao certo o que irá acontecer, onde serão alocados e nem mesmo se seus empregos serão mantidos.
Condições piores de trabalho aumentam a revolta da categoria
Tanta indignação não passou despercebida nos últimos meses. Enquanto os sindicatos da categoria insistiam em ofícios e rodadas de negociação improdutivas com a CPTM, os trabalhadores já indicavam sua disposição para a luta. O que mais se ouvia durante a greve realizada pelos metroviários de São Paulo em abril deste ano era a urgência da categoria ferroviária fazer o mesmo.
Na greve desta quinta-feira a categoria realizou piquetes de convencimento, construindo ativamente toda a mobilização. A adesão foi ampla e bastante organizada. Nas redes sociais, a mobilização contou com bastante apoio.
Ao final do dia de paralisação as assembleias receberam da Secretaria de Transportes Metropolitanos a seguinte proposta:
- 50% do PPR pago no dia 10/08/2021;
- Pagamento dos 50% restantes em 10/01/2022, com acréscimo da multa contratual;
- Compromisso da CPTM não recorrer ao TST quanto às decisões dos dissídios econômicos de 2020 e de 2021.
Aceitando o acordo, a categoria aprovou a suspensão da greve, comemorando o recuo da CPTM e do governo estadual e a proposta arrancada depois de meses de intransigência e desrespeito da empresa.
Os ferroviários terminaram assembleia conscientes de que precisam permanecer atentos aos prazos do acordo e certos de que o caminho das lutas é o único que leva à vitória.