Felipe Vieira de Galisteo
MAUÁ – Nesta terça à noite (09/11), através de entrevista ao Repórter Diário, o presidente do SINDSERV Mauá anunciou o resultado de – segundo ele – meses de negociação do sindicato com a prefeitura referente ao reajuste salarial para os servidores do município para 2022. Resultado: serão R$300,00 de abono salarial nos meses de janeiro e fevereiro, ajuste de R$50,00 no auxílio-alimentação, uma incorporação deR$200,00 no salário a partir de setembro e um reajuste de 3% dividido em duas vezes, sendo 1,5% em agosto e 1,5% em dezembro. Detalhe: na entrevista, o presidente do sindicato informou que o valor referente ao auxílio-alimentação não se estende aos servidores que ganham mais de R$ 2.500,00. Segundo o DIEESE, para garantir condições básicas, uma família de dois adultos e duas crianças deveria ter um salário equivalente a mais de R$ 5.657,66.
Sem desvalorizar a questão do abono, que certamente será importante nos meses de janeiro e fevereiro para aqueles que receberão o benefício, esses valores estão muito abaixo do necessário. Em primeiro lugar, abono salarial não vai contar na hora da aposentadoria, e sim o salário real, aquele tomado por base pelo INSS. Em segundo lugar, o IPCA, que visa medir a variação de preços de uma cesta de produtos e serviços consumida pela população, só nos últimos 12 meses em nosso país chegou a 10,25% em setembro segundo o IBGE, com a Cesta Básica em SP chegando ao valor de R$ 693,79 enquanto os servidores públicos não tiveram direito a reajuste durante todo o período da pandemia, em virtude da Lei Municipal 173. Além disso, essa mesma lei congelou a contagem de tempo de serviço para aquisição de licença prêmio e quinquênio, direitos esses que até o presente momento o SINDSERV Mauá se mostrou disposto a lutar para reavermos.
Na prática, esses dados representam que o poder de compra do servidor mauaense caiu drasticamente nos últimos anos. Estamos mais pobres hoje do que em 2018. É só olhar os preços na estante do supermercado, os 7 reais de gasolina nos postos de combustíveis, os 125 reais do botijão de gás, o valor do aluguel e as contas de água e luz e veremos que o nosso empobrecimento é real. Portanto, o anúncio de 3% de reajuste salarial, dividido e que começa a ser contado somente em agosto do próximo ano soa como uma afronta: até lá terão se passado mais 8 meses e se calcularmos a inflação desse período, somado a todo o tempo sem reajuste em função da Lei 173, veremos uma redução concreta de poder de compra de mais de 20% em nossos salários em menos de 3 anos. Um absurdo!
Isso é resultado de uma política econômica neoliberal que castiga em todos os níveis (Federal, Estadual e Municipal), massacrando os servidores em meio ao processo de desmonte, terceirização e privatização dos serviços públicos e da ameaça da PEC 32 (Reforma Administrativa). Mas é resultado também da inércia de nossos dirigentes sindicais, que optam por negociações obscuras em gabinetes fechados com os “patrões” em vez de debater com a categoria, em vez de fazer trabalho de base, em vez de convocar assembleias e organizar trabalhadores e trabalhadoras para mobilização em defesa de nossos direitos, inclusive o de fazer greve.
Se ficarmos na espera, dependendo apenas de eleições e dessas direções em nossos sindicatos, esperaremos à míngua. O Sindicato é uma ferramenta essencial da classe trabalhadora e necessita de dirigentes comprometidos em fazer uso efetivo desta ferramenta. Mais do que nunca é hora de organização e luta dos servidores públicos de Mauá! Nosso trabalho é essencial: somos nós que garantimos a existência de serviços vitais para toda a população, como saúde, educação e assistência social. Somos nós que garantimos o funcionamento administrativo e operacional da prefeitura. Sem nosso trabalho a cidade para! Merecemos um reajuste salarial de verdade!