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sábado, 27 de abril de 2024

Vida das mulheres piorou na pandemia, confirma relatório da CPI

Marcha Lilás no Rio Grande do Norte denuncia violência contra mulher. Foto: Kivia Moreira

Indira Xavier


O relatório final da CPI foi publicado no final de outubro e, dentre os vários aspectos que aborda, confirmando as atitudes criminosas cometidas contra o povo pelo presidente e seus ministros, mostra que a vida das mulheres piorou ainda mais durante a pandemia.

Aumento da violência de gênero, desemprego, queda no poder de compra das mulheres chefes de família, além do risco de vida para gestantes e puérperas são alguns dos itens apresentados no relatório. “É importante frisar que a Covid-19, para além das mortes que acarreta diretamente, também impactou a vida das mulheres pelo aumento da violência doméstica e familiar; pelo agravamento do sofrimento mental; pelo acúmulo de tarefas, especialmente daquelas relacionadas ao cuidado com doentes e crianças; pelo fechamento de escolas e creches; pela intermitência dos serviços públicos de atendimento a gestantes e puérperas; e, ainda, pela paralisação de serviços relacionados aos cuidados contraceptivos”, diz o relatório.

Lúcia, 39 anos, moradora de Belo Horizonte, diz: “Quando a pandemia começou, fui dispensada do hotelzinho onde fazia limpeza e das casas onde fazia faxina uma vez por semana. Como nos dois lugares eu fazia bico, não tinha carteira assinada, fiquei sem dinheiro. Eu dependia da ajuda de familiares e do pai da minha filha para comer, comprar o gás e pagar as contas. Com o passar dos meses, minha mãe não podia mais me ajudar porque também começou a passar necessidades e o pai da minha filha passou a me agredir e me expulsou da casa dele. Denunciei e fui para uma casa de acolhimento de mulheres. Lá consegui abrigo, comida e ajuda para acessar o auxílio emergencial”.

No Brasil, mais de 50% dos contaminados por Covid-19 eram mulheres. Justamente por serem a maioria dos trabalhadores nas áreas de serviços, asseio e conservação, na saúde e em todos os trabalhos vinculados aos cuidados. Mais: são a maioria entre os trabalhadores informais, não possuindo nenhuma garantia trabalhista e previdenciária. Assim, além de mais expostas à contaminação, as mulheres também sofrem com uma perda gigantesca de renda, seja pelo desemprego, seja pela redução de salários.

Além do desemprego e da falta de acesso às políticas sociais, as mulheres chefes de família (cerca de 50% de todos os lares brasileiros) também passaram a conviver com a fome e a pobreza. De fato, 46 milhões de pessoas vivem em lares sem nenhuma renda fruto do trabalho; a cesta básica consome mais de 55% do salário-mínimo; a inflação é superior a 10%; e a renda média do trabalho caiu em mais de 22%.

Outra face, que piorou na pandemia foi a violência de gênero. Mesmo com os serviços de atendimento às mulheres não sendo caracterizados como serviços essenciais por parte dos governos, o que levou ao seu fechamento no começo da pandemia e, posteriormente, à reabertura de forma remota, a violência só cresceu. Com efeito, houve um aumento de mais de 16% nas denúncias de violência só nos primeiros meses de isolamento. As medidas protetivas cresceram em mais de 4%, mas a falta de políticas de enfrentamento à violência fez com que uma mulher fosse assassinada a cada nove horas no país.

Mais expostas aos agressores, desempregadas e sem renda e, não tendo para onde ir, as mulheres viram sua condição de vida piorar durante a pandemia. Não é à toa o protagonismo das mulheres nas lutas sociais e mobilizações de rua contra a política genocida do governo, exatamente porque somos nós, mulheres, e nossas crianças, que mais temos sofrido os impactos desse desgoverno.

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