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quinta-feira, 19 de dezembro de 2024

Planejamento econômico contra a estagnação e inflação

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Famílias ocupam supermercados em várias capitais do país contra a fome e o custo de vida. Foto Jorge Ferreira / Jornal A Verdade

William Poiato


SÃO PAULO – Iniciamos o mês de dezembro com informações desalentadoras sobre a economia nacional, a primeira é a confirmação da diminuição da economia nacional neste trimestre em 0,1%, ou seja, estamos em recessão, aliás no pior dos mundos, recessão com inflação! A famosa estagflação! A estagflação é a junção de estagnação econômica, ou seja o país parou de crescer e é incapaz de gerar empregos e renda para as pessoas, associado à inflação onde os preços disparam para o consumidor, ou seja, não há emprego, nem renda e os preços estão subindo e os produtos se amontoando nas prateleiras. A fórmula da fome e desespero para os trabalhadores!

Além disso, em um país com alta capacidade industrial em todos os setores chave da economia como energia, construção civil e indústria de bens duráveis (carros, televisores, geladeiras, montagem de eletrônicos, etc) já possui por puro projeto de desmonte diante dos países poderosos, mais da metade de suas exportações de produtos básicos, segundo a Funcex (Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior) 51% das exportações brasileiras já são de itens com baixa ou nenhuma industrialização, ou seja, com baixo valor e tecnologia agregadas.

Não passaremos este período sem outros escândalos, ao mesmo tempo que estes números assustam, o número de bilionários saltaram 44% este ano, totalizando 65 pessoas, e juntos possuem cinco vezes o PIB de um país como o Uruguai. Junte-se a este escárnio o desemprego que hoje afeta 13,5 milhões de trabalhadores e a fome que já atinge 55% das pessoas do país, segundo a Rede Pensam (Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar), vale lembrar ainda também dos 5,1 milhões de desalentados.

Não sairemos desta situação facilmente, nem em um passe de mágica voltaremos à um passado, que convenhamos não era tão bom, quanto a propaganda diz. Para superar esta situação precisaremos de brio, vontade política e um projeto para transformar a nação e claro, de muita ação do povo para tirar o poder das mãos dos atuais parasitas. É isso que pretende Leonardo Péricles e a Unidade Popular pelo Socialismo (UP) que apresenta uma nova perspectiva para o país. 

Quando olha esta situação a UP afirma que somente a Planificação Econômica será capaz de botar ordem no caos criado por Bolsonaro, Mourão e os ricos que realmente dão as cartas. Muita besteira é dita sobre a Planificação Econômica, que seria ineficiente, teria causado fome e coisa tal, mas contra fatos não há argumentos, as verdades  não podem ser negadas: o desemprego para de existir na URSS poucos anos depois do início da planificação, a situação de emprego pleno seguiu até os anos 1980, são mais de 45 anos sem desempregados, uma geração inteira que não conheceu o desespero de não possuir fonte de renda. Como mostra o professor da Unicamp, João Quartim de Moraes, em estudo “O mito do fracasso econômico da URSS”, por exemplo, durante os 11 planos quinquenais, de 1928 a 1985 o volume de produção cresceu 2,5 vezes!

Mas o que é a Planificação econômica? 

A Economia planificada nada mais é que o Estado passa a planejar o uso da riqueza nacional, a projetar as atividades, metas e crescimento anuais em planos que duram em média 5 anos e são sempre revistos. ou seja, distorções como por exemplo, possuir o maior rebanho bovino do planeta e ter o quilo de carne batendo os $35, ou ter uma capacidade industrial ociosa de 15% enquanto temos milhões de desempregados, ou seja, fábrica fechada e gente desempregada ao mesmo tempo. Tudo isso  deixará de existir!

Dando então racionalidade à produção econômica se pode atacar os demais problemas, como a desigualdade de renda e entre as regiões do país, diminuir problemas urbanos, acabar com o conflito agrário no campo e até outros índices tendem a cair como o de criminalidade, uso de drogas, mortes violentas, etc. que estão muitas vezes associados a extrema pobreza, vejamos Cuba que  é considerado o segundo país mais seguro na América Latina e é sem dúvida uma referência mundial em Saúde e Educação!

Vale lembrar algumas coisas, quando a URSS conquistou este crescimento esplêndido e manteve o pleno emprego,. as informações eram conquistadas em relatórios feitos à mão  em máquinas de escrever, os cálculos e índices eram feitos por verdadeiros exércitos de especialistas, técnicos, etc. o maquinário também era escasso e precário em boa parte do país.Os planos contavam portanto com muita vontade política e popular e muita energia de todos que ali trabalhavam. No Brasil de hoje, temos uma economia industrializada, com um campo mecanizado e a planificação pode contar com as maravilhas da Tecnologia da Informação, do qual o Brasil possui muita gente bem formada, vejamos por exemplo que o Brasil cria cerca de 2,5% dos aplicativos de celular do mundo e o número de start ups aumentou 3 vezes nos últimos 5 anos! A planificação contaria com um forte aporte tecnológico capaz de ampliar e acelerar suas capacidades!

Como fazer isso acontecer no Brasil?

Os capitalistas não planejam a economia porque não se importam com a vida do povo, estão interessados somente em acumular riqueza. Considerando a realidade brasileira, cuja burguesia é associada aos países imperialistas, é preciso mais que vontade política de um iluminado para que a Planificação Econômica aconteça no país, é preciso que os trabalhadores tomem o poder dos ricos para  tomar o controle destes meios de produção, é necessário que os trabalhadores se organizam de diversas formas, em sindicatos, movimentos e no seu Partido revolucionário. 

Neste processo precisamos convencer a maioria do povo trabalhador, acumular forças experiência e lutar para melhorar a vida de todos. A produção do nosso país deve servir para resolver os problemas do conjunto da sociedade e não para dar lucro para meia dúzia de bilionários. 

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