Kissyla Reis – Militante do Movimento de Mulheres Olga Benario em Viçosa, MG
O dia 12 de julho, comercializado
Implica
Mesmo a contragosto
As amarguras da solidão e do ser
Que rejeitado, comido, mas às escondidas
Reflete no âmago do útero:
“ E eu não sou uma mulher?”
Eu sangro, luto mas nos becos escuros
Me faço desejada
Pois, no almoço de família do Leblon ou Gávea
Sou projeto de desejo, mas sempre descartada!
Me desdobro, movo mundos e choro
Na humilhação me encontro e me faço disfarçar.
Que por carência ou inveja,
Por uma fração de segundos,
No quarto do motel escuro eu consiga sentir…
O deleite puro…Do sentimento tão idolatrado!
… A-M-A-R!
O chocolate que nunca veio
O anel que nunca pude ter
E no anseio, compreender:
O amor tem cor e ela não é preta!
Sou rejeitada, cobiçada e explorada
A mão de obra mais barata
… Há mais do que a mente pode calcular!
Dos séculos dos navios à Sapucaí Globeleza
Sou a mulata, parteira ou empregada
Mas nunca a assumida… Para todos ver!
E eu sigo no ouro de Oxum
Que protegida pelo balanço de suas pulseiras
Sou como haste fina que qualquer brisa verga, mas nenhuma espada corta!
Eu não ando só!
“Eu sou a preta que tu come e não assume. E não é questão de ciúmes, tampouco de fé… Por
acaso, eu não sou uma mulher?!” – Luna, Luedji